sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

ANITA GUIOMAR FRANCO TEIXEIRA

ANITA GUIOMAR FRANCO TEIXEIRA



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Nasceu na cidade de Laranjeiras, Sergipe, em 7 de outubro de 1925. Concluiu o curso médico em 1949, na Faculdade de Medicina da Universidade da Bahia.
Foram seus colegas de turma: Adelmo Maurício Botto de Barros, Carlos Aristides Maltez, Fernando Visco Didier, Heriberto Ferreira Bezerra, Huga da Silva Maia,  José Antônio Fernandez Cardilho,  Luiz Fernando Seixas de Macedo Costa, Maria da Piedade Pinto de Mello e Silva, Norival de Souza Sampaio, Paulo Américo Oliveira e Roberto Figueira Santos. Heriberto Ferreira Bezerra foi o primeiro professor da cadeira de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Roberto Figueira Santos, além de outros cargos de alta relevância, foi Ministro da Saúde, Governador da Bahia e Reitor da Universidade Federeal da Bahia. Os demais, foram professores da Faculdade (3).
Revela em seu Memorial que “lutou para conseguir permissão para estudar Medicina e que na sua turma as mulheres eram proibidas de ter acesso às aulas de anatomia do sexo masculino” (1).
Iniciou, no segundo ano médico, o estágio com o Prof. Adriano Ponde, catedrático de Clínica Médica. Ao atingir o quarto ano de medicina foi autorizada a orientar os estudantes. Logo depois que concluiu o curso, passou a Professor assistente.
Inicialmente, Anita Franco dedicou-se  à Cardiologia. Depois, passou para o estudo da Endocrinologia e das Doenças Metabólicas.
Estagiou no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, e em Ribeirão Preto, quando concluiu sua tese de doutoramento, intitulada “Síndrome de Sheeham: Necrose Post-parto da hipófise”.
No período de 1956-1957 especializou-se em Endocrinologia e Doenças Metabólicas no Michigan University Hospital, “sendo uma das primeiras médicas brasileiras a fazer pós-graduação no exterior” (Ibidem).
Em 1965, foi fundadora e primeira presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Regional da Bahia.
Criou o Ambulatório de Diabetes, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia, o qual, algum tempo depois, contou com uma equipe multidisciplinar composta por nutricionista, enfermeira e assistente social.
Em suas atividades profissionais sempre considerou o paciente em seu  aspecto físico, psíquico e social, acurando, o mais possível, a relação médico-paciente.
Sua convicção religiosa era sólida e inabalável. Para ela Deus existia em cada coisa e em cada indivíduo (1).
Dedicou-se também a Geriatria, tornando-se uma das maiores endocrinologistas e geriatras do Brasil.
Famosos e altamente concorridos eram os Seminários que realizava, após sua aposentadoria, na Casa de Retiro São Francisco, no bairro de Brotas, em Salvador.
 “A presença física de Anita e o seu espírito, eram sentidos onde quer que fosse. Tinha o dom da comunicação e da palavra, inteligência aguçada, sensibilidade extremada, memória prodigiosa, nunca se intimidou em confrontar conceitos estabelecidos. Dinâmica, empreendedora, inovadora, solidária, carismática, qualidades estas que sempre caracterizaram sua marcante personalidade. Encantava a todos em suas palestras pelo seu entusiasmo, firmeza, otimismo e alegria de viver”(Ibidem).
Faleceu na véspera do Natal de 2003, deixando consternados uma multidão de amigos, colegas, clientes e admiradores.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

1-        Araújo, Leila– Anita Guiomar Franco Teixeira (Necrológio). Disponível em http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=anita +guiomar + fr anco+teixeira&btnG=Pesquisa+Google&metea=lr%3Dlang_pt.  Acesso  em 07 de janeiro de 2009.
2-        Guiomar  Franco, Anita -Adriano de Azevedo Ponde, homenagem de   seus alunos no Centenário do seu nascimento. Press Color Gráficos Especializados Ltda. Salvador, 2001.
3-        Tavares-Neto, José – Formados de 1812 a 2008 da Faculdade de Medicina da Bahia. Feira de Santana, 2008.


APÊNDICE I

O PRIMEIRO CASO DE TRANSMISSÃO TRANSFUSIONAL DO DOENÇA DE CHAGAS
(Extraido  de http://sociedades.cardiol.br/ba/publicações/outras/ponde/011.asp)



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Anita Franco, assistente do Prof. Adriano de Azevedo Pondé, com ele desenvolveu , durantes muitos anos, inúmeros projetos de interesse  para a patologia tropical, incluindo entre estes, o relativo à transmissão da doença de Chagas através da transfusão de sangue.
A respeito do assunto revela Anita Franco: “O perigo do sangue contaminado ser mais uma possibilidade diagnóstica da doença de Chagas, começou a ser motivo de nossas conversas. A internação de uma paciente que veio do Pronto Socorro, onde recebera sangue de mais de 8 doadores e apresentava Insuficiência Renal Aguda, despertou nossa atenção. Após sua recuperação, surgiu-lhe febre que perdurou por mais de 42 dias, e re-internada pelo Prof. Pondé, com forte suspeita de tratar-se de um caso agudo de doença de Chagas, pós transfusional. O fato foi divulgado entre os cientistas brasileiros.
Este fato levou o colega Sílvio Monsão a pesquisar quanto tempo vivia o tripanosoma  em sangue infectado e em geladeira: mais de 21 dias.
O resultado desta pesquisa causou grande impacto no serviço de transfusão de sangue. Tornou-se, a partir de então, uma exigência pesquisar em cada doador a presença do tripanosoma e a reação de fixação de complemento. O sangue positivo estocado, era desprezado imediatamente; e o doador era convidado a comparecer ao Serviço Social onde era informado e conscientizado a submeter-se a exame clínico especializado.
Acreditamos que foi um grande passo para reduzir a transmissão sangúinea da doença de Chagas; entretanto, quantos doadores “aaparentemente saudáveis” foram examinados e diagnosticados apenas? e saíram sem receber qualquer orientação sobre a continuidade das visitas ao serviço, a fim de que qualquer novo conhecimento lhe ser oferecido. Em alguns poucos pacientes foi usada a Penicilina em alta dose e medicamentos em experiência (Roche AT-2?), cujo uso também não revelou qualquer benefício.
Outros estudos feitos em Ribeirão Preto pelo médico baiano Pedreira de Freitas verificou que a adição de solução de azul de metileno no sangue colhido, era capaz de destruir o tripanosoma. As trocas de informação era em mão dupla.
Com todos estes conhecimentos que tiveram origem da curiosidade, da tenacidade e ousadia do Prof. Adriano Pondé, tivemos nós, seus alunos e auxiliares, a oportunidade de sermos capazes de pensar alto e sonhar com a resolução de certos problemas de saúde que nos deixam ainda atados como parte do terceiro mundo.
É preciso garra e entusiasmo pela vida, afim de irmos além do que nos parece necessáario. Entusiasta pela vida, o Prof. Pondé ia além do esperado. Ensinou a nós a ordem, a organização, o sentido de equipe, a compaixão, a responsabilidade...”


        


                        
                                                                                                        

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