221- JOSÉ SIMÕES E SILVA JÚNIOR
EX-REITOR DA UNIVERSIDADE CATÓLICA
DO SALVADOR
GERALDO LEITE
(Discurso proferido na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública)
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REITORIA DA UNIVERSIDADE
CATÓLICA DO SALVADOR
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O mundo em que vivemos encerra uma infinidade de problemas. Problemas que nascem em torno de nós, perturbando a convivência social. Problemas que surgem dentro de nós, atormentando a Paz, Paz imprescindível ao crescimento do espírito e da personalidade.
Quais, Senhores, destes problemas, os mais graves e inquietantes: os do meio em que vivemos, ou os do nosso interior ?
Estes, por certo, são muito mais cruciantes do que aqueles, de vez que nos envolvem, de modo centrípeto, atingindo o nosso ser, a nossa espiritualidade.
E qual, dos problemas interiores, os quais por si só tão graves, o mais importante, o principal ?
No início deste século, disse ROLLO MAY, a gênese de todos os problemas interiores (e, portanto, os mais graves) é o que FREUD descreveu como o grande conflito entre os instintos da carne e os tabus sociais. Na década seguinte, afirmou OTTO RANK, as raízes dos problemas psicológicos eram os sentimentos de inferioridade, de incapacidade e de culpa. Nos anos trinta, pontificou HORNEY , o vórtice da inquietude interior era a hostilidade entre grupos e indivíduos, hostilidade temperada com a pimenta da disputa e o sal da desconfiança.
E hoje, perguntareis vós, qual o grande problema que perturba a nossa mente, agitando num maremoto as quietas águas do sossego e da tranqüilidade ?
É o vazio interior, diz ROLLO MAY . É a falta de motivação, é o tédio, é a ociosidade ! "Há uma ou duas décadas - diz o grande pensador- o vazio que a humanidade principiava a sentir em ampla escala podia ser considerado como uma doença social . É o homem que se levanta à mesma hora, toma o mesmo trem para trabalhar na cidade, executa as mesmas tarefas no escritório, almoça no mesmo restaurante, deixa, todos os dias, a mesma gorjeta para o garçom, volta para casa no mesmo trem, tem dois - três filhos, cuida de um pequeno jardim, passa duas semanas de férias na praia todo verão, férias que ele não aprecia, vai à Igreja no Natal e na Páscoa, levando assim uma existência rotineira, mecânica, dia após dia, mês após mês, ano após ano, até finalmente aposentar-se e morrer, pouco depois, do coração, num colapso causado pela monotonia ou pela, hostilidade recalcada". E acrescenta: "Sempre suspeitei porém, que ele morre mesmo é de tédio!"
Eis aí, Senhores, como centro de nossa atenção, como fulcro das nossas mais juntas homenagens, o Professor José Simões e Silva Júnior, um homem que não possui o vazio interior, a monotonia, a hostilidade recalcada . Um homem dinâmico e inovador. Um homem - tenho certeza - que não morrerá de tédio !
Professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Professor das Faculdades de Medicina, Odontologia, Filosofia, Ciências e Letras, da Escola de Enfermagem e do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia, Reitor da Universidade Católica do Salvador, mestre como poucos, do Instituto de Biologia e tantas outras instituições, é o Professor José Simões e Silva Júnior um representante - dos mais legítimos - da dedicação e do desprendimento, do dinamismo, da criatividade, do denodo e da perseverança em prol das boas causas e dos princípios - os mais elevados - da profissão médica e do magistério superior, atividades estas que honrou e dignificou, durante muitos e muitos anos.
A sua trajetória - sempre lépida e brilhante - foi uma mercê que favoreceu com luzes, frutos e flores , as instituições a que serviu.
Os cursos de especialização que realizou; as viagens, bolsas de estudo e estágios que conquistou; as sociedades científicas a que pertence e os congressos que participou; as conferências que proferiu e os trabalhos científicos que publicou, demonstram - de modo insofismável - o seu espírito irrequieto, construtivo e inovador, quer no campo da Medicina e da Odontologia, quer nas áreas de Enfermagem, Filosofia, Educação e Biologia.
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