quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

235 (II)- JOSÉ AVELINO BARBOSA (CONTINUAÇÃO)

235 (II)- JOSÉ AVELINO BARBOSA

(CONTINUAÇÃO)

APÊNDICE I
UM DOCUMENTO HISTÓRICO
(ExtraÍdo de Nogueira Britto, Antonio Carlos – A Medicina Baiana nas Brunas do Passado. Salvador, 2002).
CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA AO REI DE PORTUGAL
(PRIMEIRO DOCUMENTO HISTÓRICO DO BRASIL)
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Por Ato Imperial de 1832, a Academia Médico-Cirúrgica que funcionava no prédio da Santa Casa de Misericórdia, na atual rua da Misericórdia, foi transferida para o Terreiro de Jesus, com o nome de Faculdade de Medicina da Bahia. O velho hospital, então denominado Hospital São Cristóvão teve o mesmo destino.
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“Naquela manhã de 6 de março de 1833, saiam de suas casas de residência os lentes José Avelino Barbosa, Antônio Ferreira França, Jonathas Abbott, Francisco de Paula de Araújo e Almeida, João Baptista dos Anjos, Fortunato Cândido da Costa Dormund, João Antunes d´Azevedo Chaves e Francisco Marcelino Gesteira. Todos tinham um destino comum: o hospital da Santa Misericórdia, conhecido como Hospital São Cristóvão, onde funcionou, desde 17 de março de 1816, o Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia, criado por carta régia de 29 de dezembro de 1815, tendo o dito Colégio exercido as suas funções até 3 de outubro de 1832, quando a Regência Trina o elevou à posição de Faculdade de Medicina da Bahia.
O supracitado hospital estava situado em terreno estreito, entre a rua Direita e a margem da “encosta”. De forma retangular, as medidas de suas dimensões internas eram de “92 palmos de comprimento e 46 de espessura”. Ao norte limitavam-se as paredes mais compridas com a igreja da pia irmandade e ao sul com a ruela que conduzia à cidade baixa. A parede oeste sustentava-se ao longo da borda da encosta, enquanto a parede leste, de frente, olhava para a rua principal,  ficando os cômodos do hospital contíguo à administração da piedosa casa.
Os padecentes ficavam comumente vexados pelo bulício e eram também molestados pelo pestilento odor da ruela que levava à cidade baixa.
A situação topográfica do hospital, exposto e desfavorecido à beira da encosta, o colocava perante a ação deletéria dos fortes pirajás e ventos violentos e do calor escaldante do sol tórrido.
O seu interior tinha pouco mobiliário e as suas cinco enfermarias (a das chagas; dos convalescentes; das mulheres; do “azougue” e dos incuráveis, com modestos catres guarnecidos de colchões velhos e tendo, ao chão, coçadas esteiras) possuíam seu próprio altar, para celebração de missas aos domingos e nos dias santificados.
Os supracitados lentes reuniram-se em uma sala da Casa da Santa Misericórdia, sob a presidência do lente Dr. José Avelino Barbosa,, que até então exercia oficiosamente as funções de diretor da recém-criada Escola, cargo que também desempenhava no Colégio Médico-Cirúrgico desde 1829, eleito que fora pelos seus pares, porquanto o Governo Imperial não havia ainda nomeado o diretor da Faculdade de Medicina da Bahia.
As neves das suíças , as melenas argentinas e calvície, conferiam austera aparência ao Dr. José Avelino Barbosa, o qual, com seus colegas, iniciava a histórica tarefa e gerir a novel Faculdade.
Aconchegou-se em uma cadeira de braços, com espaldar de palhinha, e de vinhático, e depois de cavaquear com seus pares,ditou para o amanuense ofício datado de 6 de março de 1833, ao presidente da província da Bahia, Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos.
O funcionário escrevente, de rosto cenhoso e descarnado, onde o coronal estava constelado por pequenas cicatrizes, cavalgou as lunetas de ouro sobre o nariz aquilino, umedeceu o polex na saliva, ao manusear as folhas de papel, molhou o bico da pena de pato e começou a escrevinhar com letra cursiva e assaz burocrática, passando a caligrafia com gosto: “Os Lentes de Medicina desta cidade tem a honra de participar a Vossa Excelência, que em execução da Lei de 3 de Outubro do ano passado fiserão publico por Editaes, e pela imprensa, que as pessoas que quizerem frequentar os Cursos da mesma Escola se apresentassem desde o primeiro até dez do corrente para se matricularem: que nomearão três Professores publicos para exame dos preparatórios, e que pretendem nomear os Substitutos extraordinários que forem necessários para o ensino das matérias dos Cursos”. O ofício foi assinado pelos sobreditos lentes.”

APÊNDICE II
O PRIMEIRO DIRETOR DA ESCOLA MÉDICA PRIMAZ DO BRASIL
Extraído de Tourinho Dantas, Renato – José Avelino Barbossa, O primeiro Diretor da Escola Médica Primaz do Brasil – Sinópse Informativa. Universidade Federal da Bahia. Ano II, no II . Salvaddor, outubro, 1978.

                        
                      ESTÁTUA DE GALENO, NA FACULDADE DE
                    MEDICINA DA BAHIA
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“Ao ser criada a Escola de Cirurgia da Bahia, em 18 de fevereiro de 1808, não havia, no seu corpo administrativo, o cargo de Diretor.
O mesmo ocorreu , pouco depois, quando a Escola de Cirurgia foi transformada em Colégio Médico Cirúrgico.
O Governo ou se dirigia individualmente a cada lente  ou aos Senhores Lentes do Colégio Médico Cirúrgico.
Na\ vigência dessa situação, durante mais de vinte anos a pedender da urgência dos problemas administrativos os assuntos eram discutidos em reuniões do Corpo Docente, a quem cumpria deliberar sobre os mesmos. Idêntico procedimento também se observava na apreciação de magnos problemas como igualmente era solucionado o mais simples requerimento de um estudante.
O progresso da Instituição, todavia, gerando maior número de problemas de solução imediata, aliado ao grande incidente ocorrido em 1829 entre o corpo docente da Escola e o Visconde de Camamu, então Presidente da Província,- quando do preenchimento da vaga de Lente Proprietário da Cadeira de Matéria Médica e Farmácia – levou a Congregação, em sessão realizada em 16 de dezembro de 1829, a sanar esta lacuna, elegendo um Diretor “para melhor ordem dos trabalhos, visto não haver algum nomeado pelo Governo”.
A escolha unânime recaiu na pessoa do Dr. José Avelino Barbosa, cuja preferência foi, consoante declaração de Pires de Albuquerque, a melhor. Na realidade, era aquele Professor uma personalidade sensata. Tinha todos os requisitos necessários ao desempenho do cargo para o qual seus ilustres colegas o investiram. A confiança nele depositada jamais foi desmentida, pois era um homem probo e muito correto em seus deveres.
A 21 de maio de 1833 o então Presidente da Província, Dr. Joaquim Pinheiro de Vasconcelos, cumprindo diretivas da 2ª. Regência do Império, o nomeia Diretor interino da então Faculdade de Medicina da Bahia, confirmando assim a escolha anteriormente feita por seus dignos pares em 1929.
Perduraria o seu mandato até quando fosse provido o cargo, de acordo com a Lei de O3 de outubro de 1832. Esta não apenas criou a Faculdade de Medicina da Bahia, como também regulamentou, no seu artigo 8º , a necessidade de organização de uma lista tríplice para escolha do Diretor.
Assim é que na sessão da Congregação de 03 de junho de 1822 foram indicados os nomes dos Professores José Lino Coutinho, José Avelino Barbosa e Antônio Ferreira França. Através do Decreto de 27 do mesmo mês e ano o Governo nomeou o Dr. José Lino Coutinho o primeiro da lista tríplice, que se investiu da função a 20 de julho de 1833. Na qualidade de imediatamente mais votado, coube a José Avelino Barbosa, substituir o Diretor , nos seus impedimentos legais, circunstância que ocorreu em diversas ocasiões, inclusive no ato de transmissão do cargo ao Dr. Francisco de Paula Araújo e Almeida, em 29 de outubro de 1836.”



















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