273- ORLANDO DE CASTRO LIMA
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“Orlando de Castro Lima pode ser definido pelo mote do seu emblema: Fluctuat nec mergitur – flutua, não submerge --, aí o cerne da sua personalidade. Embora denso, não submergiu nunca.
Embora denso, não submergiu nunca. Flutuou diante dos sofrimentos, da adversidade, da hostilidade, da inveja, da intolerância, das injustiças. Flutuou também diante da vaidade, da glória e das conquistas. Sobretudo um artista, que escondeu com pudor, fez das flechas que lhe lançaram flautas, onde produziu melodias obstinadas de realizações. Destas, jamais se vangloriou ou fez instrumentos que rompessem o seu recato e a sua humildade” (Leal de Freitas, obra citada).
Em 1927, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual foi diplomado em 1932, quando defendeu tese de doutoramento, intitulada “Estados constitucionais em rinolaringologia – notas de estudo”, tese que foi considerada a mais brilhante dentre as defendidas pelos seus colegas de turma, motivo pela qual mereceu o Prêmio Alfredo Brito.
Iniciou a vida profissional, clinicando. Dentro de pouco tempo angariou vasta clientela no campo da otorrinolaringologia.
No serviço público estadual, trabalhou no 2º Centro de Saúde onde, de igual modo, foi clínico se destacou como clínico competente e brilhante.
Seus atos cirúrgicos, disse Edmundo Leal Freitas, “eram constantes e perfeitos – amidalectomias, sinusectomias, mastoidectomias – sempre indicados com segurança e adequação, em uma época anterior, inclusive, à sulfamidoterapia, introduzida em 1935 com Domagk, quando se impunham as soluções cirúrgicas” (Ibidem).
Em 1939, conquistou a livre-docência, com a tese “Em torno da patologia da córnea”.
Dotado de grande experiência profissional e de uma produção científica das mais vastas e valiosas, concorreu à cátedra de Otorrinolaringologia, em 1944, ocasião em que defendeu tese sobre “Seios paranasais e nervo óptico”.
Em 1946, foi para os Estados Unidos, onde estagiou no St. Lucas Hospita. Em 1948, regressou aos EEUU a fim de estudar na Temple University.
Voltando à Bahia, instalou o primeiro serviço de broncoesofagologia e endoscopia per-oral no Hospital Pronto do Socorro Getúlio Vargas.
Com Jorge Valente, Urcício Santiago, Antônio Simões, José Santiago da Mota e outros companheiros, fundou, em 1952, a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Publica, da qual foi diretor durante muitos anos.
Estruturou a Escola, construiu pavilhões de aulas, edifícios administrativos o ambulatório do Hospital Santa Izabel, o Instituto de Perinatologia da Bahia (IPERBA) e a Biblioteca. Adquiriu o Dispensário da antiga Fundação Anti-Tuberculose Santa Terezinha e o transformou em amplo estabelecimento de ensino, o qual presta, até hoje, relevantes serviços à mocidade estudiosa.
O Conselho Administrativo da Fundação Para o Progresso da Medicina, órgão mantenedor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, decidiu, por unanimidade, dar o seu nome ao ambulatório que ele, aproveitando as antigas instalações do Dispensário, construiu no bairro de Brotas. Orlando, fiel aos seus princípios, recusou a homenagem, alegando que não quebraria os rígidos princípios que estabeleceu para si mesmo.
Faleceu em 27 de março de 1988, aos 80 anos de idade, vítima da ruptura de aneurisma da aorta abdominal."
FONTE BIBLIOGRÁFICA:
Leal de Freitas, Edmundo – Discurso de Posse. Anais da Academia de Medicina da Bahia. Volume 8, Setembro. Salvador, 1992.
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