279- PANPHILO MANOEL FREIRE DE CARVALHO
D. QUIXOTE DE LA MANCHA
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Nasceu em Salvador, no dia 15 de março de 1835, sendo seus pais Pamphilo Manuel Freire de Carvalho e Josefina Maria Freire de Carvalho.
Ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia em 1951, sendo por ela diplomado no ano de 1856.
Tomou parte da guerra do Paraguai, no posto de Primeiro-Cirurgião da Armada, chegando a Cirurgião de Divisão e Capitão-Tenente.
Portador de várias honrarias, dentre as quais destacamos: Cavaleiro das Ordens da Rosa , de Cristo e de São Bento de Aviz, além das Medalhas da Campanha Oriental e da Campanha do Paraguai.
Atendendo solicitação do Dr. Jonas Abbott, chefe do serviço médico do Exército, o Dr. Pamphilo Carvalho inaugurou uma enfermaria para o Exército, a qual, além de estreitar a colaboração com a Marinha, prestou inestimáveis serviços, sobretudo no atendimento cirírgico.
Autor de várias obras de cunho médico e militar, mereceu o respeito e a consideração de todos quantos, sob seu comando, serviram ao país.
Conta Geraldo Barroso que, sob o título “Dois baianos que quase declararam guerra à República Argentina”, Afrânio Peixoto relata, em seu “Livro de Horas”, um episódio interessante, do qual foi protagonista o Dr. Pamphilo de Carvalho: estando servindo no alto de Alvear, foi hostilizado pelos médicos argentinos. Atacado por dois italianos armados, a mando dos referidos profissionais, reagiu, contando apenas com um chicote. Saiu bastante ferido, só não morrendo por que fora socorrido em pela tropa brasileira. O Comandante, no dia imediato, comunicou o fato ao Vice-Cônsul em Alvear e pediu as providência de praxe. Como as autoridades argentinas não responderam ao agente consular, o Comandante exigiu, em um ultimato com hora marcada, a entrega dos criminosos, acrescentando que, se não fosse atendido, usaria a força de que dispunha. E de fato, expirado o prazo, abriu fogo contra a povoação, até que uma comissão local pediu a supenssão do bombardeio.
O Governo Argentino pediu satisfação ao Governo Imperial, mas os brios nacionais do Brasil ficaram preservados.
Cessado o episódio, Pamphilo de Carvalho fixou residência em Itaqui, onde faleceu em 28 de julho de 1888.
FONTE BIBLIOGRÁFICA:
Barroso, Geraldo – Vultos da Medicina Naval – Arquivos Brasileiros de Medicina Naval, Ano XVII, N. 58, Abril-Junho. Rio de Janeiro, 1956.
APÊNDICE
PROFESSORES E ALUNOS DA FACULDADE DE
MEDICINA DA BAHIA
A GUERRA DO PARAGUAI
(Extraído de Souza e Azevedo, Eliane Elisa – Memória Histórica da
Faculdade de Medicina da Bahia -1996-2007)
BATALHA DO REIACHUELO
GUERRA DO PARAGUAI
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“O Prof. Jerônimo Sodré Pereira, Memorialista do ano de 1865, relata que por volta do meio do ano em curso, alguns estudantes de Medicina haviam decidido participar da luta enfrentada por nossa pátria, prestando serviços médicos, nos campos de batalha aos combatentes no sul do Império.
No ano seguinte, 1866, o Memorialista Prof. Antônio José Osório desta como um dos fatos mais notáveis daquele ano, “a partida de alguns Lentes, Opositores e Estudantes desta Faculdade, para o sul do Império, com o nobre intuito de prestarem serviços médicos nos hospitais e no campo de batalha”. Os alunos voluntários para a heróica missão estavam matriculados no 3º , 4º ,5º e 6º anos do curso Médico, e somavam a vinte e seis em seu total. Além deles, quatro Lentes Catedráticos e quatro Opositores. Poucos meses depois, em setembro do mesmo ano, o Dr. José Antonio de Freitas decidiu seguir para o sul e juntar-se as seus colegas nos campos de batalha. Não apenas os estudantes, mas também os Professores Catedráticos e Opositores que se dispuseram a tão nobre e desprendida missão merecem nosso respeito e admiração ao registrar-lhe os nomes no presente livro de Memória escrito cento e quarenta e um anos depois.
Lentes Catedráticos:
Prof. Antonio Januário de Faria
Prof. Domingos Rodrigues Seixas
Prof. Jeronymo Sodré Pereira
Prof. Manoel Ladislau Aranha Dantas
Opositores:
Dr. Rosendo Aprígio Pereira Guimarães
Dr. Pedro Ribeiro de Araújo
Dr. Domingos Carlos da Silva
Dr. Augusto Gonçalves Martins
Estudantes:
Antonio Joaquim Silva Leão
Antonio Pedro da Silva Castro
Aprígio Martins de Menezes
Aarchimino José Correia
Aristides Felinto de Alpedriz
Arsênio de Souza Marques
Cyro da Silveira Bastos Varella
Elpídio Joaquim Baraúna
Francisco João Fernandes
Francisco Lino Soares de Andrade
Francisco dos Santos Silva
Izidoro Antonio Nery
João José de Faria
João Sérgio Celestino
Joaquim Januário dos Santos Pereira
Joaquim Manoel Rodrigues Lima
Joquim Manoel de Almeida Vieira
Raymundo Caetano da Cunha
Rozendo Adolpho Moniz Barreto
Satyro de Oliveira Dias.
Neste mesmo ano, 1866, a Gazeta Médica da Bahia, ano 01, n. 06, publicou sob a rubrica de S.M. o Imperador, com data de 25 de agosto de 1866, a Resolução da Assembléia Geral Legislativa concedendo garantias aos Professores, Opositores e Alunos das Faculdades do Império e que serviram na guerra contra o Paraguai. Não apenas cancelamento de faltas e direito à matrícula no ano seguinte, mas também o direito de pertencerem ao corpo médico do exército e da armada se assim o desejassem os estudantes do 5º e 6º anos. Os direitos eram também ampliados ao facilitar-lhes empregos em províncias onde houvesse curso médico a fim de obterem a conclusão do mesmo; preferência, em igualdade de aprovação em concursos para catedrático ou opositor; direito a jubilação com ordenado e gratificações após 20 anos de magistério, entre outras. Paralelamente, S.M. o Imperador suspendeu a realização de concursos nas Faculdades de Medicina e do Rio de Janeiro enquanto perdurasse a guerra.
Foram condecorados com a Ordem de Cristo os alunos Arthur Cesar Rios, Izidoro Antônio Nery, José de Teive Argollo, Pedro Gomes de Argollo Ferrão e Raymundo Caetano da Cunha.
Em maio de 1868, a Gazeta Médica da Bahia, ano 02, n.45, publicou a relação de alunos falecidos: Quintino Alves Marinho, Thomas Chaves de Mello Rastibona, José Tavares Campos, Manoel de Aguiar Freire, Jesuino Borges e José Candido Ferreira. Após retorno, mas em conseqüência de enfermidades adquiridas nos campos de batalha, faleceram os estudantes Estevão José Barbosa de Moura e Antonio Joaquim de Camargo e Souza.
Em 1869, o Memorialista Prof. Salustiano Ferreira Souto refere-se aos prejuízos à qualidade de ensino advindos à Faculdade de Medicina da Bahia em decorrência da ausência de Professores e Estudantes. A ausência de Professores, a morte de outros e a não substituição vinham imprimindo dificuldades ao ensino. Desde o início do conflito com o Paraguai em 1864 até o ano de 1869, a Faculdade de Medicina da Bahia perdera quatro Professores, sendo dois Catedráticos.”
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