segunda-feira, 2 de maio de 2011

AVULSO- JOSÉ ANDRADE MOURA JÚNIOR

 
HOSPITAL D. PEDRO DE ALCÂNTARA
FEIRA DE SANTANA

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Nasceu em Jequé, Bahia, em 31 de janeiro de 1958, sendo seus pais José Andrade Moura e Waldeth Garcez Moura.
Realizou os primeiros estudos em Jequié e residiu naquela cidade até os 14 anos de idade, quando sua família fixou residência em Salvador.
Em 1976, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, onde foi diplomado em 1981.
Fez residência médica no Hospital Ana Neri, em Salvador, especializando-se em Medicina Interna, com ênfase em Nefrologia.
Em 1984 mudou-se para Feira de Santana, tornando-se o primeiro nefrologista daquela cidade.
Em seguida atualizou seus conhecimentos no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, onde adquiriu experiência em transplante renal.
Tendo conquistado o título de especialista em Nefrologia, conferido pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (1988).
A partir de 1985, iniciou a prática de transplantes renais em Feira de Santana, onde acumulou relevante  casuística.
Assumiu a Vice-Presidência da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Regional da Bahia e coordenou a Comissão Estadual de Nefrologia.
Realizou os cursos de Mestrado e Doutorado na Fundação Baiana Para o Desenvolvimento das Ciências.
É autor de vários trabalhos científicos, publicados em periódicos do Brasil e do exterior e pertence a diversas instituições científicas e culturais.


FONTE BIBLIOGRÁFICA:
Memória da Academia de Medicina de Feira de Santana. Editora da AMeFS. Feira de Santana, 2007.


HOSPITAL D. PEDRO DE ALCÂNTARA


A Santa Casa de Misericórdia da Bahia não é a única do Estado. Várias outras foram criadas, com a mesma finalidade. João Batista de Cerqueira, em seu  estudo sobre o assunto, relata que existiam, nos meados do século  XIX, as seguintes:
·        A de Cachoeira, mantenedora do Hospital Nossa Senhora da Natividade, criada em 1734.
·        A de Santo Amaro, mantenedora do Hospital de São João de Deus, criada em 1778.
·        A da Cidade de Nazaré,  mantenedora do Hospital Gonçalves Martins, criada em 1831.
·        A de Maragogipe, criada em 1850, hoje extinta.
Relata a mesma fonte: “Vivia-se a infância da nação brasileira. O país estava se definindo acerca dos rumos que tomaria. A independência não estava consolidada. Ainda se comemorava a vitória dos caboclos brasileiros sobre as forças portuguesas. No povoado de São José das Itapororocas, área territorial da Villa de Feira de Sant’Ana, ainda ecoavam os feitos de Maria Quitéria de Jesus (3).
Mais adiante acrescenta: “A Villa já transpirava progresso quando, oriundo da Cidade da Bahia, aqui chegou, em 1855, aos 29 anos, nomeado Juiz de Direito da Comarca, o Dr.Luiz Antônio Pereira Franco” ( Ibidem).
O jovem, diplomado pela Faculdade de Direito de Olinda, era muito religioso e por demais sensível aos padecimentos humanos, pelo que ficou profundamente impressionado com os enfermos que, sem recursos financeiros, perambulavam pela Vila da Feira de Santana. Como um apóstolo da caridade, congregou os cidadãos mais sensíveis, os mais abastados, as autoridades e os moradores mais idealistas e, a exemplo do que aconteceu em outras cidades do Brasil, fundaram uma irmandade “com fins caritativos e assistenciais”.
Assim surgiu a Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana, criada em 25 de março de 1859. Diz ainda João Batista de Cerqueira: “O Compromisso da Santa Casa da Misericórdia de Feira de Santana, então elaborado, refletia muito bem o ambiente político, religioso e cultural em que vivia a sociedade feirense. O documento da primeira organização comunitária e caritativa do município tomou por base os ensinamentos cristães e ,igual a seus congêneres, defende a caridade como a maior missão a ser cumprida”.
A irmandade curaria em seu hospital os enfermos pobres e desvalidos dando, aos que morressem, sepultura condigna em Cemitério próprio.
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O primeiro passo para a criação do hospital foi surgiu no mesmo ano de 1859, quando o Imperador D. Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina visitaram a Vila de Feira de Santana, nos dias  6 e 7 de novembro. Naquela ocasião o Imperador, atendendo ao pedido formulado por uma comissão encabeçada pelo Dr. Luiz Antônio Pereira Franco, “visitou um terreno e recomendou ao dr. Bonifácio de Abreu, médico da Corte, que o vistoriasse”.
 Em seguida fez uma doação de dois contos de reis para a criação do Imperial Asilo de Enfermos, posteriormente denominado Hospital D. Pedro II.
O óbulo, apesar de significativo, não era o suficiente para a construção de um hospital, orçado, na época, em quase vinte e sete contos de reis.
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Quanto ao cemitério, a Lei Provincial n. 844, de 3 de agosto do ano seguinte, fez com que o cemitério já existente, até então administrado pela Câmara Municipal, fosse doado à Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana.  O terreno, pertencente a antiga Fazenda “Cerca de Pedras”, continha além do cemitério, uma casa “de adobes e coberta de telhas, com quatro jenelas e uma porta na frente, duas salas e cinco quartos, em mau estado de conservação” (Ibidem) . Esta casa, depois de reconstruída ao custo de quase um conto de reis, serviu de sede para o Hospital provisório.
O intento da construção de um edifício destinado ao Hospital definitivo permaneceu vivo, sendo para tanto constituída uma comissão. As obras tiveram início e correram normalmente nos anos de 1877 e 1878. Em seguida o projeto foi paralisado e em 1881 a parte construída foi coberta e transformada em depósito o qual, cinco anos mais tarde, foi dividido em pequenas casas para serem alugadas.
Finalmente, em 1884, graças ao auxílio do Governo Provincial, a Santa Casa adquiriu um dos melhores imóveis de Feira de Santana, de propriedade do Coronel João Pedreira de Cerqueira. No ano seguinte, deu-se
A mudança do Hospital provisório para o definitivo, sendo a inauguração do novo nosocômio realizada no dia 28 de fevereiro de 1886.
“O novo Hospital -- diz João Batista de Cerqueira – tornou-se uma atração turística da cidade, uma passagem obrigatória para os visitantes ilustres. Pelas suas dependências,passaram, além dos pacientes de Feira e de toda a região, políticos de projeção nacional, juristas, religiosos e autoridades militares”(3).
Muitos visitantes deixaram elogios, tais como Ruy Barbosa, Madureira de Pinho, Fernando São Paulo, Bráulio Xavier, Aurélio Rodrigues Viana, Nelson de Souza Oliveira, Benjamin Salles, Anísio Teixeira, Alfredo Brito, Honorato Bonfim, Jayme Junqueira Ayres,  príncipe Pedro de Orleans Bragança, Inácio Menezes, Benjamim Salles, Amado Bahia, Armando Sampaio Tavares, Tertuliano Carneiro e muitos outros.
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O tempo, na sua inexorável trajetória, foi passando. Feira de Santana foi crescendo, a carência de leitos foi aumentando e a necessidade de um novo hospital se tornou gritante.
O movimento neste sentido começou em 1939 mas foi somente em 1943 que ele se tornou viável, quando foi constituída uma comissão para  perseguir o intento.
  O Governo do Município destinou, em 1946, trinta mil cruzeiros para desapropriação de uma área de terra a ser designada pela Santa Casa e em 21 de setembro do mesmo ano o prefeito, dr. Carlos Valadares, concedeu o auxílio de trinta e cinco mil cruzeiros para a construção de um novo hospital.
O terreno foi adquirido no ano seguinte e as obras, sob o influxo de todas as camadas da sociedade, tiveram início, sendo o atual Hospital D. Pedro de Alcântara inaugurado no dia 4 de janeiro de 1957, com a presença do Prefeito João Marinho Falcão, do Ministro da Saúde, Dr. Maurício de Medeiros, e várias  autoridades.
Graças ao empenho de Wilson da Costa Falcão, Augusto Matias  e outros idealistas, tem a Feira de Santana, nos dias atuais,  o Hospital D. Pedro de Alcântara.
Dotado de todas as condições necessárias, inclusive de um novo e operante Centro de Estudos, este hospital está destinado a se tornar um grande hospital- escola, aos moldes do que, no passado, foram o Hospital Santa Izabel, o Hospital da Santa Casa do Rio de Janeiro, o da Santa Casa de Santos e muitos outros pelo Brasil afora.
Desde os primeiros anos de sua implantação a Universidade Estadual de Freira de Santana  encontrou nesta casa abrigo para os estudantes de enfermagem que aqui  realizaram estágios curriculares.
Em 18 de setembro de 2006, com a presença de autoridades, professores e dirigentes universitários, foi assinado convênio objetivando dar a este hospital o status de hospital-universitário.
Todos os caminhos estão abertos. Feira de Santana, graças ao empenho dos Reitores Anacy Paim e José Onofre, bem como do dr. João Batista de Cerqueira e seus companheiros de Colegiado, dispõe de um curso de Medicina, planejado e estruturado sob os moldes mais modernos da pedagogia universitária.

BIBLIOGRAFIA


01 - Azevedo, S. Olimpio de - Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia. Bahia, 1883.

02 - Carvalho Filho, José Eduardo Freire de - Notícia Histórica sobre a Faculdade de Medicina da Bahia. Typ. Bahiana. Bahia, 1909.

03-  Cerqueira, João Batista de  - Assistência e Caridade. A história da Santa Casa de Misericórida de Feira de Santana – 1859 a 2006 . UEFS, 2007.

04 - Falcão, Edgard Cerqueira - Pirajá da Silva, o inesquecível descobridor do Schis­tosoma Mansoni. Oficinas Gráficas da "Revista dos Tribunais". S. Paulo, 1959.

05 - Fonseca, Luiz Anselmo da - Memória Histórica da Faculdade de Medicina. Typ. Bahiana, 1891.

06- Segundo da Costa, Paulo – Hospital de Caridade da Santa Casa de Misericórdia da Bahia – 450 anos de Funcionamento (1549-1999) . Contexto & Arte Editorial – 1ª. Edição. Salvador, 2000.



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