quinta-feira, 23 de agosto de 2012

PAULO DE FIGUEIREDO PARREIRAS HORTA




PARREIRAS HORTA



 

Nasceu no Rio de Janeiro, no dia 24 de janeiro de 1884, sendo seus pais José Freire Parreiras Horta e Paula Margarida de Figueiredo Parreiras Horta.
Neto do Visconde e da Viscondessa de Ouro Preto, foi este filho do Rio de Janeiro, por gratidão, também, ilustre sergipano.

Seu avó, o Visconde de Ouro Preto, de nome Afonso Celso de Assis Figueiredo, foi importante político, jurisconsulto e estadista do Império.

Paulo de Figueiredo Parreiras Horta fez os  estudos de humanidades em sua cidade natal. O mesmo ocorreu com sua formação superior. Formou-se inicialmente em farmácia, em 1903, pela Faculdade de Farmácia do Rio de Janeiro. Depois, em 1905, concluiu o curso de medicina, na Faculdade de Medicina da mesma cidade, oportunidade em que defendeu sua tese de doutoramento, intitulada “Contribuição para o Estudo das Septicemias Hemorrágicas”, a qual foi aprovada com distinção.
Henrique Batista e Silva, em seu discurso de posse na Academia Sergipana de Medicina, relata que Parreiras Horta  “na apresentação da sua tese de formatura, declarou que a medicina experimental exerceu sempre a maior fascinação no seu espírito e sua maior aspiração nos últimos anos da sua formação acadêmica era conseguir apresentar como trabalho original, um estudo cujo desenvolvimento exigisse a aplicação dos seus métodos e suas leis” (1).

Ainda estudante, freqüentou o Instituto Manguinhos, onde foi discípulo de Oswaldo Cruz e de outros notáveis cientistas da época. Um de seus  condiscípulos foi o sábio Henrique da Rocha Lima, também formado em 1905 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.  Rocha Lima, (1879-1956) eminente sanitarista, patologista e bacteriologista brasileiro, descobriu, anos depois, o agente causador do tifo exantemático, a bactéria Rickettsia prowazekii.
A tese de Parreiras Horta  é  dividida em três partes:  a primeira, trata das  septicemias hemorrágicas em geral; a segunda, aborda a septicemia dos coelhos; a terceira,  é dedicada à  septicemia dos coelhos de Manguinhos.

É um monumento à medicina experimental.

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Concluído o curso médico, Parreiras Horta seguiu para a Europa, onde durante dois anos (1906 e 1907), estudou Microbiologia  no Instituto Pasteur de Paris.
De volta ao Brasil, foi nomeado Assistente do Instituto Manguinhos.

A convite de Oswaldo Cruz, desenvolveu estudos sobre micoses do couro cabeludo, especialmente sobre um novo tipo de “Piedra negra”, causada pelo Piedraia hortai  (hortai, em homenagem a Parreiras Horta—nome proposto por BRUMPT, grande parasitologista francês).
Além do P. hortai, Parreiras Horta  descreveu outras espécies de cogumelos, tais como  Trichosporum flavescens, Trichosporum ramose, Cladosporum wernecki e Madurella osvaldai (em homenagem a Oswaldo , Cruz).

De março a setembro de 1911, dedicou-se ao estudo de uma epidemia de raiva que acometia os gados bovino e equino de Santa Catarina e que ameaçava estender-se por outras unidades da federação. Parreiras Horta combateu  a epizootia, controlou a doença e organizou a produção e distribuição de uma vacina, tanto para a raiva humana quanto para a raiva de outros animais.
Em 1917, assumiu a cátedra de Microbiologia e Parasitologia dos Animais Domésticos, na Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária do Rio de Janeiro.

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Com a entrada do Brasil na 1ª Guerra Mundial, Parreiras Horta foi comissionado, com outros professores, no posto de Tenente Coronel, para trabalhar no laboratório do Instituto Buisson-Bertrand, da Faculdade de Medicina da Universidade de Montpellier, na França.
Foram comissionados, com o mesmo posto e a mesma missão, os professores Maurício Campos de Medeiros, Bruno Álvares da Silva Lobo, Eduardo Ribeiro Borges da Costa, Benedito Montenegro, e os Drs. Luiz Felipe Baeta Neves, Maurício Gudin, Adolfo Luna Freire, Jorge de Toledo Dodsworth e Augusto Torreão Roxo.

Todos eles trabalharam nos hospitais de Montpellier e nos de Beziers, Cette, Norbonne e Caracassone, integrando a Missão Militar Brasileira.
Parreiras Horta foi nomeado chefe do laboratório do Hospital Brasileiro em Paris, adjunto efetivo e chefe de equipe, em Montpellier.

Referindo-se aos esforços do nosso homenageado, Henrique Batista e Silva, obra citada, relata que o General Simonin, em nome da 16ª Divisão Sanitária, registrou na ordem do dia de  24 de dezembro de 1918, o seguinte: “Sinto-me feliz em prestar pública homenagem à dedicação e à ciência dos representantes da nação amiga que, sob o vosso comando, trouxeram aos hospitais e laboratórios desta região em concurso precioso, deixando aos soldados franceses saudosas recordações dos seus cuidados e esclarecimentos e da sua bondade cativante. Os militares franceses, com os quais partilhastes alegremente a tarefa imposta, reconhecem em vós os dignos representantes da grande nação que é o Brasil”.
Regressando ao Brasil, em 1919, Parreiras Horta assumiu a direção da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária e ingressou  na equipe da Policlínica Geral do Rio de Janeiro.

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No rol de suas relações contava Parreiras Horta com a amizade de Maurício Graco Cardoso, governador de Sergipe, o qual o convidou para vir a Sergipe e construir em Aracaju um Instituto de Pesquisa capaz de ampliar suas ações no campo da  Saúde Pública.
Atendendo ao convite, Parreiras Hortas chegou à capital sergipana no início de 1923, como hóspede oficial, em companhia da  esposa e filhos.

Em Aracaju dedicou-se de corpo e alma ao grande empreendimento. O objetivo era a produção de insumos básicos, o combate a raiva e a produção de vacina antivariólica. O Instituto deveria  contar com  laboratórios de patologia clínica, de bacteriologia e de química, capazes de  propiciar a  implantação da pesquisa científica no Estado.

O Instituto foi inaugurado em 5 de maio de 1924, com os laboratórios acima referidos e o setor de produtos biológicos(para a produção  das vacinas contra a varíola, a raiva e as febres tifoidoide e paratifoide).

Em dezembro de 1925, Parreiras Horta concluiu sua missão e retornou para o Rio de Janeiro, deixando em seu lugar o Dr. João Firpo Filho.

O governo de Sergipe, num ato de justa homenagem, deu ao seu Instituto de Pesquisa o nome de INSTITUTO PARREIRAS HORTA.

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Do currículo do ilustre sergipano honorário constam, dentre outros, os seguintes títulos: professor catedrático de Dermatologia e Sifilografia da Faculdade Fluminense de Medicina; professor catedrático de Microbiologia e Parasitologia dos Animais Domésticos, na Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária do Rio de Janeiro; prof. Catedrático  e honorário da Escola de Medicina e Cirurgia  do Rio de Janeiro; membro efetivo do Conselho Nacional de Educação; chefe da Secção Técnica da Diretoria Geral do Serviço de Veterinária do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio; membro efetivo da Academia Nacional de Medicina.
É portador de numerosas condecorações, dentre as quais destacamos a  famosa Cruz de Ferro, a mais alta horária da Alemanha.

Parreiras Horta faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de julho de 1961.

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