Perde a classe médica da Bahia um médico idealista, estudioso e batalhador. Perde a Academia de Medicina da Bahia um de seus membros mais atuantes. Perde a Sociedade Brasileira de Gerontologia um de seus titulares mais representativos. Perde a Medicina Tropical um estudioso proeminente.
Deixou o nosso convívio, no dia 2 de maio deste ano de 2011, Ruy Machado da Silva, médico e filósofo gradado pela Universidade Federal da Bahia, autor de diversos trabalhos científicos na área da Medicina Tropical e Endemias Regionais.
Em 1990 Ruy Machado da Silva sucedeu Plínio Garcês de Sena na cadeira nº 30 da Academia de Medicina da Bahia. O discurso de saudação foi proferido pelo confrade Álvaro Rubim de Pinho o qual, afirmou: “menino nascido de família honesta e bem estruturada, partícipe de grande prole e morador da rua da Mangueira, dispunha de poucos recursos financeiros e, em seu convívio direto, não contava com letrados e doutores. Dentre os nove irmãos, seria o único a atender aos apelos maternos, estudando até alcançar um curso superior.”
Após ingentes esforços, ingressou na Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, vetusto berço da medicina brasileira, onde se destacou como um dos seus melhores alunos.
Uma vez diplomado em medicina, prestou novo concurso vestibular e realizou mais um curso universitário, o de Filosofia.
Iniciou a clínica nos bairros periféricos e prosseguiu seus estudos em cursos de especialização, estudo à cabeceira do doente e no campo, além atividades docentes em ensino, pesquisa e extensão.
Ruy Machado, acrescenta Álvaro Rubim de Pinho, “foi admitido no quadro docente da Universidade da Bahia quando, por dispositivo legal, as nomeações dependiam da indicação feita pelos professores”, fez questão de se submeter à defesa de tese para obtenção do Doutorado e à Docência Livre, em concurso público de títulos e provas.
Sua tese sobre leptospirose é um trabalho clássico nos anais da clínica contemporânea, o mesmo ocorrendo com outras produções por ele publicadas ao longo de sua brilhante carreira profissional, como médico e como filósofo.
Quanto à interiorização da Medicina, Ruy Machado foi um idealista posto à prova nas lides que empreendemos na Bahia. Proferiu conferências e participou de mesas redondas, painéis e simpósios em Feira de Santana, Jequié, Ilhéus, Santo Amaro da Purificação, Cachoeira, São Felix, Muritiba, Jacobina e outras cidades baianas.
Lutou ao nosso lado e ao lado de Plínio Garcês de Sena, Wilson Falcão, Fernando Pinto de Queiroz e vários representes dos diversos segmentos da sociedade feirense, em favor da criação da Universidade Estadual de Feira de Santana, hoje uma das instituições educacionais mais acreditadas do nosso estado.
Membro atuante de várias entidades científicas e culturais, autor de alentado número de publicações no campo da tropicologia médica, da filosofia, da gerontologia e das ciências sociais, Ruy Machado é um exemplo para as gerações do presente e do futuro.
Com o seu falecimento, a nossa terra perde um ilustre, humilde e estimado.
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