CONGREGAÇÃO DA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
(INÍCIO DO SÉCULO XX)
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A História da Medicina Baiana apresenta episódios inusitados, alguns ainda discutidos.
Vejamos, para início desta palestra, alguns vultos quase lendários.
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CAETANO MOURA
O primeiro deles, é o DR. CAETANO LOPES MOURA, ou, simplesmente, Dr. Caetano Moura. Há várias versões sobre esse discutido médico e escritor.
De acordo com o Professor Sérgio Cruz Lima, Caetano Moura, negro, filho de escravos, nasceu no interior da Bahia, em 1779. Com dezoito anos de idade, envolveu-se, em Salvador, com a “Conspiração dos Búzios”, assim chamada porque seus adeptos usavam um pequeno búzio amarrado no pulso, ou na corrente do relógio. O movimento era inspirado nos ideais da revolução francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. “Embora jovem – talvez por isso ! --, Caetano é um dos conspiradores mais apaixonados e carrega com orgulho um pequeno búzio preso à corrente de prata do relógio de bolso, símbolo que identifica os membros do movimento sedicioso e nomeia a conjura”(1).
A conspiração foi descoberta. O Governo da Província, pressionado pela coroa lusitana, acossou os revoltosos. Denunciado, Caetano saiu do Brasil e, não se sabe como, buscou asilo em Portugal. Ali, depois de passar por muitas agruras, matriculou-se na Universidade de Coimbra, pela qual colou o grau de doutor em Filosofia e Medicina.
Necessitando de emprego, alistou-se no Corpo de Saúde do Exército e, na qualidade de cirurgião da Legião Portuguesa, tomou parte da Guerra da Península.
Restabelecida a paz, Caetano deixou Portugal e transferiu-se para Paris, onde estabeleceu clínica particular. Durante o dia atendia numerosa clientela e, durante a noite, estudava e escrevia obras literárias e científicas. Conhecedor de várias línguas, traduziu para o português livros famosos, de autores ingleses, franceses e alemães.
Projetou-se, assim, no mundo cultural e científico da Europa, enquanto remetia para o Brasil suas traduções.
Graças a fama alcançada, Caetano foi convidado a se engajar nas forças armadas francesas, como cirurgião militar. Travou conhecimento com o General Napoleão Bonaparte, do qual era grande admirador. Napoleão simpatizou com o baiano e o convidou para ser seu médico particular.
“No trato diário com a faustosa corte napoleônica, estabeleceu um vasto círculo de relações e amizades. Relacionou-se com os marechais do Império e com a nata da sociedade parisiense” (Ibidem).
A roda do destino travou seu futuro promissor. Napoleão foi derrotado, em 1814, e obrigado a abdicar na pessoa do seu único filho, o “Rei de Roma”. Partiu para o exílio, na ilha de Elba. Fugiu de exílio, recuperou o trono, mas foi derrotado na batalha de Waterloo, em 1815.
Caetano caiu em desgraça e, em 1846, com sessenta e sete anos de idade, retornou para o Brasil. Fixou residência no Rio de Janeiro, e, em completo estado de indigência, mendigou pelas ruas, para sobreviver. A notícia chegou ao Paço Imperial e o Imperador D. Pedro II, concedeu-lhe, do próprio bolso, uma modesta pensão, graças a qual o médico e escritor sobreviveu até 1860, quando morreu, com oitenta e um anos de idade.
Para Cláudio Veiga, ex-presidente da Academia de Letras da Bahia, a história de Caetano Moura é diferente. Para ele há muitas lendas, muitas “estórias” a serem esclarecidas.
Assim, por exemplo, Caetano “desembarcou, em 1803, na França, aonde fora para estudar medicina. Estabeleceu-se, primeiramente em Ruão, depois em Paris, estendendo-se os seus estudos de 1803 a 1808” (7).
E mais: “todos os livros de Caetano Moura foram escritos e publicados na França e ele, obrigatoriamente colocava, no frontispício, o indicativo “Caetano Moura, natural da Bahia”. (Ibidem)
Era “um autor desconhecido, na Corte e nas províncias do Império, autor cuja ausência prolongada, lançava sob brumas a lembrança de um jovem negro, filho de carpinteiro, que viajara para a Europa e, nas vésperas da maioridade de D. Pedro II, “mandava para o Brasil livros e mais livros” (7).
Seja como for, diz Cláudio Veiga que o escritor exilado chamou a atenção de D. Pedro II, o qual o encarregou de publicar algumas informações sobre a sua vida e sobre o Brasil.
Segundo o ex-presidente da Academia, “era dura em Paris a existência do apreciado homem de letras”. E acrescenta: “Em trabalho publicado em 1847, referindo-se Inácio Accioli à pobreza de Caetano Moura, critica a indiferença do governo diante da situação”(Ibidem), motivo pelo qual D. Pedro II, em Decreto de 2 de maio de 1846, concedeu uma pensão ao grande baiano.
Outro ponto esclarecido é que Caetano Moura não morreu no Rio de Janeiro, e sim em Paris. A prova disso é que, ainda hoje, é possível ver sua sepultura perpétua, comprada por D. Pedro II, no mais famoso cemitério da França, o do Pére Lachaise.
Para Cláudio Veiga, “não se pode afirmar que Caetano Moura tenha sido dos adeptos da conspiração nem que tenha ouvido em convertículos o nome de Bonaparte. O que é certo – acrescenta – é que contemporâneo daquele movimento, era leitor assíduo de autores franceses e admirador da França, para onde, secretamente, ambicionava partir” (7).
Vê-se, portanto, que Caetano é uma figura cuja biografia continua envolvida em densas nuvens, se bem que impoluta e valorosa.
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Outro vulto famoso é o DR. JOÃO BAPTISTA DOS ANJOS, o qual teve dois biógrafos: o Conselheiro Domingos Rodrigues Seixas (que viveu de 1830 a 1890), e o Professor Antônio Carlos Nogueira Brito, historiador contemporâneo, cujas pesquisas têm por fundamento fontes primárias.
Há, entre ambos, pequenas divergências, hoje esclarecidas.
O Dr. João Baptista dos Anjos foi porteiro do Colégio Médico-Cirúrgico e, após inusitada trajetória, tornou-se médico conceituado, professor, diretor da Faculdade de Medicina, e Conselheiro do Imperador.
Na expressão do Conselheiro Rodrigues Seixas, “foi um dos raros cidadãos, que se pode considerar feituras de si próprio” (4).
Nasceu pobre e lutou, desde a mais tenra idade, para realizar o ideal de colar o grau de doutor em Medicina. Para consumar seu desiderato, lutou contra tudo e contra todos. Seu pai tudo fez para que o jovem João Baptista abandonasse o ideal de ser médico. Ele queria que o filho fosse comerciante e, para afastá-lo da Bahia, enviou o moço para o Continente Negro, mais precisamente, para a Costa da Mina, na África Ocidental. Ali chegando, demorou pouco tempo.
Não se sabe como, o incauto adolescente, matou um urubu, considerado ave sagrada entre os nativos da região. Foi preso, colocado a ferros, jogado em uma masmorra sombria e úmida e condenado à morte. Os negociantes da Bahia se cotizaram e, com o recurso obtido, resgataram o jovem, devolvendo-o ao lar paterno.
Aqui chegando, João Baptista enfrentou, mais uma vez, a dura resistência do pai -- o qual colocou-o, como sacristão, na Catedral de Salvador.
Com o parco salário de sacristão, o persistente moço, contrariando o pai, prestou exames e foi admitido, em 1822, no Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia.
Perdeu o apoio paterno e iniciou, a partir daquele momento, verdadeira saga, saga que o levaria ao píncaro da glória.
Concluído o primeiro ano, interrompeu os estudos, apresentou-se, como voluntário, ao Exército Libertador e lutou pela independência da Bahia e do Brasil.
Com a derrota dos portugueses, desligou-se do serviço militar, em outubro de 1823, e voltou para o Colégio Médico-Cirúrgico, a fim de continuar os estudos.
Alegando ter interrompido o curso para defender a pátria, pleiteou a vaga de porteiro do Colégio Médico-Cirúrgico, de vez que o antigo ocupante do cargo, um português de nascimento, optou por deixar o Brasil e seguir, com as tropas lusitanas, para Lisboa.
Sem contar com a ajuda paterna, e com o minguado salário de porteiro, concluiu o curso e recebeu, em 20 de dezembro de 1828, o diploma de “cirurgião formado”.
Estudioso e persistente, o talentoso porteiro iniciou, logo após a formatura, brilhante carreira docente. Em dezembro de 1929, foi designado lente substituto das Cadeiras Cirúrgicas. Em 1833, lente de Anatomia Topográfica, Medicina Operatória e Aparelhos. Em 1939, lente de Higiene . Em 1857, diretor da Faculdade de Medicina, assim permanecendo até 1871, quando faleceu.
Ao ocupar o cargo de lente substituto, viajou para a Europa, onde freqüentou diversos cursos e Serviços, estagiando com famosos professores do Velho Continente.
Voltando à terra natal, prosseguiu na carreira docente e deu continuidade à clínica privada.
Atuou, de modo brilhante, na transformação do Colégio Médico-Cirúrgico (que funcionava na Santa Casa de Misericórdia), para Faculdade de Medicina, localizada no antigo Real Hospital Militar, no Terreiro de Jesus.
Retornou à Europa, onde permaneceu durante quatro anos.
Em 1848, quando foi criada a Academia de Ciências Médicas da Bahia, foi eleito presidente.
Dirigiu o Hospital da Marinha, durante muitos anos.
Lutou denodadamente contra a epidemia de febre amarela, em 1848, e contra a epidemia de cólera, em 1855.
Foi designado para saudar D.Pedro II, e a Imperatriz Tereza Cristina, por ocasião da visita dos imperantes à Bahia. Em 6 de outubro de 1859, cumpriu a honrosa missão, proferindo o discurso de boas vindas, no banquete realizado à noite, no Palácio do Governo, na presença de duzentos convidados.
Do governo imperial recebeu a Comenda da Ordem de Cristo e o título de membro do Conselho do Imperador.
Quis o destino que o humilde porteiro, além de médico, fosse professor, diretor da faculdade e conselheiro do Imperador. Formou em medicina três dos seus quatro filhos, sendo que um deles foi professor da faculdade.
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A CÓLERA
O terceiro vulto a ser aqui retratado é um herói, um herói da medicina.
Trata-se do DR. CIPRIANO BETÂMIO.
Nasceu em Salvador, em 3 de março de 1818. Aos vinte e três anos, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual foi diplomado em 1847.
Exerceu a clínica como modesto profissional, e dirigiu um pequeno colégio, até 1855.
Em agosto daquele ano irrompeu no Brasil grave epidemia de cólera morbus, a qual alastrou-se rapidamente por quase todas as províncias.
Na Bahia, a situação mais grave era a de Santo Amaro da Purificação. “Sergpenteando a capital, zigzagueando pelo sertão, pelo Recôncavo, pelo interior, a epidemia em pouco se alastrou, de modo a tornar temerosos todos os ânimos, todas as almas aflitas” (5).
O governo tomou as providências cabíveis, mas a terrível doença, em meados de agosto, ameaçava de extinção Santo Amaro e redondezas.
O pânico dominou os habitantes. Os médicos negavam seus serviços, as autoridades desertavam de seus postos, os escravos fugiam apavorados, os engenhos de açúcar fechavam as portas, os maridos largavam as mulheres, os pais abandonavam os filhos e os cadáveres, às centenas, ficaram amontoados nas ruas.
O Dr. Cipriano Betâmio, ao saber do sofrimento daquele povo, apresentou-se ao presidente da província, para prestar seus serviços profissionais.
Ao comparecer diante do presidente, disse: “Senhor Presidente, fique certo que vou trabalhar sem descanso, vou tomar a dianteira dos trabalhos mais arriscados; não me lembrarei de minha vida, nada exijo em recompensa de meus sacrifícios, se o puder vencer, mas se sucumbir, V. Excelência e o governo olhem para meus filhos”(Ibidem)
Nomeado, seguiu Betâmio, a 29 de agosto, para Santo Amaro, acompanhado de dois colegas.
Ao despedir-se de sua esposa e filhos, exclamou emocionado: “Felismina, até a volta, se não for torta !” (5).
Jayme Junqueira Ayres, citado por Adriano Pondé, explica o porque da expressão “se não for torta”. Trata-se de uma frase muito usada na época. “A volta torta – diz ele – é a que se faz dentro de uma rede com os pés e a cabeça voltados para cima. Era assim que naquele tempo se carregavam os defuntos” (Ibidem).
No dia seguinte à chegada, Betâmio tomou a jurisdição policial da cidade e, com apenas dois escravos, iniciou a exumação de, aproximadamente, trezentos cadáveres amontoados nas ruas.
A luta contra a epidemia continuou renhida, os três homens trabalharam sem descanso, do amanhecer ao por do sol. Os recursos eram exaustos; a higiene, precária; a água, quase não existia; os mortos, incontáveis; o comércio, fechado; a cidade, despovoada.
Afinal, depois de uma semana de luta, faleceu em Santo Amaro, às quatro e meia da tarde de 5 de setembro de 1855, Cipriano Barboza Betâmio.
Cumprida a macabra tarefa, a cólera havia ceifado mais de quarenta mil baianos, dos quais cinco mil, em Santo Amaro!
O Imperador concedeu, para a viúva e filhos, uma pensão anual de um conto e seiscentos mil reis.
Quem visitar o cemitério do Campo Santo, em Salvador, encontrará, à direita de quem entra, na quadra 7, um singelo mausoléu, com a seguinte inscrição:
“Quando em 1855 foi ocasião da invasão da cólera, algumas autoridades e médicos da cidade de Santo Amaro, esquecendo seus deveres, fugiram e sob a pressão do terror deixaram a população destituída de recursos e quando muitos médicos desta capital recusavam-se a partir para ali, a despeito das ordens do governo, o DR. CIPRIANO BARBOSA BETÂMIO, médico aqui residente e que não era funcionário público, ofereceu-se para ir prestar naquela cidade os socorros de sua profissão, tendo sido igualmente nomeado delegado de polícia. Nessa dupla missão nobre e sobremodo arriscada o ilustre médico sucumbiu no dia 5 de setembro do mesmo ano. Para reconhecimento de tão heróica dedicação o Dr. Inocêncio Marques de Araújo Góes, natural e proprietário da cidade de Santo Amaro, mediante concurso de alguns amigos, depositou aqui os restos mortais de tão benemérito cidadão”(5).
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Há, na medicina baiana, exemplos notáveis de dedicação e amor ao próximo.
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A CARIDADE
O PROFESSOR FRANCISCO DOS SANTOS PEREIRA, primeiro professor de Clínica Oftalmológica da Faculdade de Medicina, recusava qualquer tipo de pagamento pelos serviços profissionais, quando desconfiava que o cliente era pobre, ou passava por eventual dificuldade financeira.
Seu espírito caritativo criou situações inusitadas.
Contam os que privaram da sua intimidade que, muitas vezes, não só recusava o pagamento como retirava de suas economias, algum dinheiro, e oferecia aos que enfrentavam dificuldade. Quando alguém condenava sua conduta, acusando-o de imprevidente, respondia: -- “Eu tenho crédito, e eles nem isso têm !” (6).
Dava seu salário aos pobres, e ia a pé para a Faculdade de Medicina, até receber o salário do mês seguinte.
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OTTO WULCHERER
O DR. OTTO WULCHERER, sábio alemão que criou a helmintologia brasileira, clinicou e viveu muitos anos na Bahia. Durante a epidemia de febre amarela, em 1848, transformou sua residência em hospital.
Lutou com tanto heroísmo que a muitos pareceu ser imune ao vírus amarílico.
Passada a refrega, disse, amargurado, ao Professor Silva Lima: “Fechei a minha casa, onde tinha enfermaria. Entraram lá vinte doentes de febre amarela e saíram vinte e um cadáveres, incluindo o da minha esposa !” (2)
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PATERSON
O DR. JOHN PATERSON, grande tropicalista que hoje dá o nome a praça do bairro da Graça, em Salvador, exerceu a clínica com tanto amor e desprendimento, fez tanta caridade e praticou tantos atos humanitários que o seu funeral foi o mais importante que a Bahia assistiu.
Relata o Professor Silva Lima que ao terminar o ofício religioso, e no momento em que saía o féretro da igreja para ser depositado no carro mortuário, a multidão precipitou-se de súbito e apoderou-se à força do ataúde para o levar, à mão, até o cemitério. Apesar da intervenção do cônsul inglês e de várias autoridades, o povo não desistiu do seu intento, alegando que aos pobres que perdiam no Dr. Paterson um amigo e um pai, ninguém teria a crueldade de impedir aquela homenagem de reconhecimento, a última e única que eles, como filhos e como pobres, lhe podiam dar (Ibidem).
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OS POETAS
ANTÔNIO JOSÉ ALVES
FRANCISCO MANGABEIRA
PETHION DE VILLAR
Há, entre a poesia e a medicina baiana, vínculos estreitos.
Climério de Oliveira, Francisco Peixoto de Magalhães Neto, Adroaldo Soares Abergaria, Egas Moniz Barreto de Aragão, Francisco Mangabeira e outros médicos notáveis, foram poetas e, como poetas, versejaram e criaram poemas e epigramas.
Dos poetas da Bahia, CASTRO ALVES, o maior deles, teve por pai Antônio José Alves, médico famoso, professor da Faculdade de Medicina e, sem dúvida, um dos maiores cirurgiões da sua época.
Diz Sá Oliveira que o Dr. Antônio José Alves “praticava intervenções da mais alta responsabilidade técnica e os resultados somente se explicavam pelo asseio rigoroso que lhe era particular” (6).
Manoel Vitorino acrescenta: “Antônio José Alves, vencendo as péssimas condições do Hospital de Caridade, em todo caso, praticou, com sucesso, a alta cirurgia ao mesmo tempo que, na primitiva instalação de que dispunha a Faculdade, fez verificações microscópicas. As lições que o grande cirurgião ensaiou dar a respeito da microscopia e sua aplicação, só muitos anos depois passaram a ser matéria obrigatória na faculdade” (Ibidem).
O segundo dos nossos poetas, foi um médico: EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO, mais conhecido como “Pethion de Villar”.
Após brilhante concurso, tornou-se professor da Faculdade de Medicna. Poliglota, jornalista, homem de letras, historiador, educador, foi “Pethion de Villar”, acima de tudo, poeta.
Loureiro de Souza comenta: “Grande poeta, sem dúvida. Os seus versos, inspirados e perfeitos, têm “a imponência das florestas brasileiras”—como disse Remy de Gourmont, ao que aduziu, com muito acerto, e com indisfarçável entusiasmo, Philéas Lebesgue: “versos de prestigiosa originalidade, têm o sabor americano, em que alguma coisa de hindu, de ramayanesco se harmoniza bizarramente à mais enérgica altivez do Ocidente” (Ibidem)
O terceiro, pela ordem de grandeza, também médico, foi FRANCISCO MANGABEIRA.
Suas obras poéticas encantam, até hoje, legiões de admiradores. Estudante de medicina, ou médico, nunca deixou de versejar. De sua autoria é o Hino do Estado do Acre. De sua autoria são, também, “Hostiário”, “Páginas Íntimas”, “Ilhalmo”, ”Cartas do Amazonas”, “Últimas Poesias” e tantas outras obras igualmente festejadas.
“Foi o último dos três maiores poetas que a morte arrebatou à Bahia”, disse Eugênio Gomes.
Pedro Calmon, traçando-lhe o perfil, assim se expressou: “Francisco Mangabeira foi poeta de uma esplêndida espontaneidade e, em algumas de suas produções, comparável aos maiores”.
São palavras do seu irmão, o ex-governador Otávio Mangabeira: “No terceiro ano de medicina, aos dezoito anos de idade, ofereceu-se ao governo para servir nos hospitais de sangue. A desgraça da luta sertaneja inspirou-lhe os poemas “Tragédia Épica”. Ao completar o curso médico, aos vinte anos, se tinha já destacado, de modo impressionante, no âmbito das Letras. No entanto, em falta de emprego, foi ser médico de navios do Maranhão. Ontem fora Canudos que o atraira. Agora, o Maranhão. Haviam de empolgá-lo os mistérios da Amazônia, o que se contava da luta pela conquista do Acre e das proezas de Plácido de Castro. “As Cartas da Amazonas”, uma série de correspondências que escreveu para o “Diário da Bahia”, são páginas que fazem honra às suas qualidades de escritor”
EPISÓDIOS DA MEDICINA BAIANA
(Palestra realizada no Hospital D. Pedro de Alcântara, da Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana, em 2009).
Geraldo Leite
Favor corrigir o nome do medico alemão que é Dr. med. Otto Edward Henry Wucherer " formado na Universitade de Tübingen/Alemanha.
ResponderExcluirFundador da helmintologia brasileira. Descubriu a filaria "Wuchereria Bancrofti" causador da Elefantiasis tropical.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_Wucherer
Recomendaçoes
Dr. med. Manfred Rummeld
Guarajuba/Düsseldorf
https://de.wikipedia.org/wiki/Otto_Wucherer
ResponderExcluirhttp://www.bahiana.edu.br/herois/heroi.aspx?id=MQ==
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