246- LUIZ DE OLIVEIRA NEVES
HOSPITAL ARISTIDES MALTEZ
SALVADOR, BAHIA
*
Lutou, em companhia de alguns companheiros, para a edificação do Hospital Aristides Maltez, referência nacional da luta contra o câncer.
Diplomado em 1951, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, passou a dirigir o referido hospital, ainda inacabado, procurando, a todo custo, dar condições para seu funcionamento.
“Para isso, ei-lo a convocar jovens para a implantação de um projeto novo, mesclando a estrutura física do que se conhecia, como opção de trabalho, com a busca de extrema funcionalidade dos serviços. Ali, naquele hospital, que foi canteiro de sua vida, brigou pelo êxito da instituição, desvelando-se no auxílio fraterno, desde as inúmeras reuniões que presidia – de senhoras da sociedade, de estudantes e de médicos, além das reuniões administrativas – na trincheira da luta pela sobrevivência do seu ideal, sempre prestando contas a todos, de tudo que foi empreendendo no curso da vida” (Castro Ribeiro, obra citada).
A esse médico, jovem e quase recém-formado, a Bahia deve admiração e respeito.
Fundou o primeiro serviço de prevenção do câncer ginecológico, de modo a servir de exemplo para a instalação de idênticos serviços na Bahia e no Brasil.
Líder inconteste, estimulou, de modo admirável, novas vocações para o ensino e aprendizagem da oncologia, recrutando estagiários em todo o país, e até no exterior.
“Desde então, atento à adução da ciência e de seu tempo, instou por desvincular a prática da mastologia do capítulo da Ginecologia, como já se dava em países da Europa e dos Estados Unidos, e instalou o primeiro serviço especializado no Hospital Aristides Maltez, em 1956, sob sua inspiração, sendo ali reconhecido como o primeiro mastologista.
Quantos serão os que a ele devem a iniciação, proveito e renome?” (Ibidem).
Foi pioneiro, na Bahia, no estudo da citologia dos fluxos papilares.
Presidiu o I Congresso Brasileiro Brasileiro de Cancerologia, realizado na Salvador, no ano de 1960.
Participou e incentivou inúmeros eventos culturais e científicos e fez parte do várias instituições, no âmbito de sua especialidade.
Publicou mais de duas dezenas de trabalhos científicos e passou à história como exemplo de um profissional estudioso e abnegado.
Depois de algum tempo na Bahia, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde continuou a luta contra o câncer.
Faleceu precocemente, deixando imenso vazio no seio da classe médica.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
Castro Ribeiro, Lair Barbosa de – Luis de Oliveira Neves. Disponível em http://www.sbcancer.org.br/final/homenagens.asp. Acesso em 13 de novembro de 2009.
APÊNDICE I
DEPOIMENTO DE LAIR BARBOSA DE CASTRO RIBEIRO
(Disponível em
VISITA AO HOSPITAL ARISTIDES MALTEZ
SALVADOR, BAHIA
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“Não sou dos que acreditam que a morte redime o homem, modificando-lhe os traços significativos de toda uma vida. Nem para um bom ou mau julgamento. Quando muito, a morte, que o tempo converte em lembrança saudosa... e cada vez menos dolorosa, resgata a memória dos homens pelo que construíram na vida, com o saldo, positivo ou negativo entre acertos e erros de suas ações. Assim relembro Luiz de Oliveira Neves, com quem convivi na fecunda labuta dos Hospitais e no plano das inúmeras outras atividades, como médico e estudioso, dedicado ao ofício de curar, num intercâmbio diário de experiências, que não deixou espaço para retratá-lo com fantasia !
Nem permite deslembrar quem lutou, ao lado de outros, incansavelmente, pela idéia de edificar o Hospital do Câncer, na Bahia. Com efeito, recentemente diplomado (formou-se médico em 1951) e já bem afeito a arte médica o víamos dirigindo o Hospital Aristides Maltez, ainda inacabado, dando à Casa condições de funcionamento, em 1952, quando mal se abriam corredores e alas, materialmente construídas, mas que careciam, no entanto, de devotamento e do calor humano que só os idealistas forcejam por empregar.
Para isso, ei-lo novamente a convocar jovens para a implantação de um projeto novo, mesclando a estrutura física do que se conhecia, como opção de trabalho, com a busca de extrema funcionalidade dos serviços. Ali, naquele Hospital, que foi canteiro de sua vida, brigou pelo êxito da instituição, desvelando-se no auxílio fraterno, desde as inúmeras reuniões que presidia - senhoras da sociedade e da caridade, de estudantes e médicos, além das administrativas - na trincheira da luta pela sobrevivência do seu ideal, sempre prestando contas, a todos, de tudo que foi empreendendo do curso da vida.
A ele se deve muito, sem dúvida, o reconhecimento e a creditação de respeito que o Hospital Aristides Maltez obteve no cenário nacional, na luta contra o câncer, sempre atento ao progresso da medicina para não sofrer o contrapasso da investigação científica. Aqui, recorde-se, fundou o 1º Serviço de Prevenção de Câncer ginecológico, em moldes tais que serviu de referência para a instalação de outros centros, na Bahia e no Brasil, como paradigma.
Também ali, no seu Hospital, abrigou, com invejável capacidade de estimular vocações, o ensino médico especializado em cancerologia, recrutando estagiários de todo Brasil e até do exterior, com treinamento reconhecido pelo nível de excelência.
Desde então, atento à adução da ciência e de seu tempo, instou por desvincular a prática da mastologia do capítulo da Ginecologia, como já se dava em países da Europa e dos EUA, e instalou o primeiro serviço especializado no Hospital Aristides Maltez, em 1956, sob a inspiração única dele, Luiz Neves, sendo ali reconhecido como o primeiro mastologista, também. Quantos serão os que lhe devemos, na Bahia, a iniciação e a especialização médica, com proveito e renome?
Depois, com a evolução dos serviços e do atendimento, foi estudioso pioneiro da citologia dos fluxos papilares. Sempre ele... com trabalho de alto nível, que entregava logo o serviço aos melhores assistentes, aos colegas do melhor aproveitamento, enquanto ele seguia... e saía por aí..., a busca de novas tarefas !
Como esquecer Luiz Neves, idealizador incansável e Presidente do I Congresso Brasileiro de Cancerologia que sucedeu na Bahia, em 1960?! E de outras inúmeras realizações culturais e científicas de que participou, através dos Ministério da Saúde e da Previdência Social, da Sociedade Brasileira de Cancerologia, ou em órgãos e entidades baianas e de outros Estados?!
Como não anotar os trabalhos científicos, vários de seu currículo de estudioso, mais de duas dezenas, todos defendidos em simpósios e congressos, além de publicados?! E daquelas centenas e centenas, de sessões ordinárias, no Hospital Aristides Maltez, onde apresentava trabalhos do Centro de Estudos !!!
Como não anotar os trabalhos científicos, vários de seu currículo de estudioso, mais de duas dezenas, todos defendidos em simpósios e congressos, além de publicados?! E daquelas centenas e centenas, de sessões ordinárias, no Hospital Aristides Maltez, onde apresentava trabalhos do Centro de Estudos !!!
Esquecer, quem há de !!
Médico e estudiosos abnegado - um lutador invejável pela conquista dos domínios de sua arte. Um servo do ofício. Um visionário... mas que não fugia, porém, da conciliação com o possível, na busca dos objetivos que exigia e ia conquistando, um a um. Aqui, entre nós, enquanto viveu na Bahia, ou mesmo mais distante, no Rio de Janeiro, onde se radicou, finalmente, com a mesma luta pertinaz.
Não obstante seus méritos, este foi um homem simples por temperamento, extremamente modesto, que não cultivava homenagens... e assim faleceu, com mansidão e quietude, sem louvores.
Esta lembrança, que não é só minha, perpetua a memória dos bons, sirva de exemplo aos mais jovens, que não o conheceram, e resgata o nome de quem, fazendo-se médico e abraçando a profissão com inteireza, foi pioneiro na luta contra o câncer quem, malgrado tudo, não terminou.
Assim foi o homem, o médico, o cientista, o pesquisador Luiz Neves.
O amigo que eu conheci.”
Assim foi o homem, o médico, o cientista, o pesquisador Luiz Neves.
O amigo que eu conheci.”
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