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By Ferramentas Blog

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

256- MANOEL JOSÉ ESTRELA

256- MANOEL JOSÉ ESTRELA
CHEGADA DE D.JOÃO VI Á SALVADOR, BAHIA
(QUADROS DE CÂNDIDO PORTINARI)
*

Nasceu em 1760, na cidade do Salvador.
Seus pais mandaram-no para Lisboa. Alí, concluídos os estudos necessários, ingressou no Colégio São José, onde conquistou o título de cirurgião formado.
Alistou-se no Exército e exerceu as funções de Cirurgião-mor no Hospital Real Militar.
Em 23 de fevereiro de 1808, foi nomeado, pelo Conselheiro José Correia Picanço, professor de Cirurgia Especulativa e Prática da recém criada Escola de Cirurgia da Bahia.
Ao Dr. Manoel José Estrela, disse o Dr. Malaquias  Alves dos Santos, “não faltava nem inteligência, nem dedicação”. E complementa: “Encontrou grandes óbices para o cabal desempenho de sua missão. A escola não possuía nem um bisturi nem uma tesoura. Só mais tarde foi que o Hospital emprestou  alguns   ferros para a dissecação de cadáveres” (Apud Sá Oliveira, obra citada ).
Escrevendo sobre esse período da ensino médico baiano, disse Freire de Carvalho Filho: “Desse grupo inicial de professores, dois eram cirurgiões aprovados pelo Colégio do Hospital de S. José, em Lisboa, Soares de Castro e Estrela; Antônio Ferreira França era baiano e bacharel pela Universidade de Coimbra; Avelino Barbosa era baiano e graduado pela Universidade de Edimburgo” ( 1 ).
Manoel Estrela tudo fez para desempenhar a contento seu importante papel. Chegou, inclusive a traduzir para o vernáculo as “Recherches physiologiques sur La vie et la mort”, célebre compêndio publicado por Bichat,  em Paris.
Em 1816, o Dr. Manoel Estrela passou a ensinar Anatomia Teórica e Prática e Fisiologia.
Aposentou-se em 3 de novembro de 1829 e morreu em 1840, com oitenta anos de idade.
Disse Anselmo Albuaquerque: “Morreu cercado dos carinhos e do respeito dos que tiveram a ventura de conhecer as suas raras qualidades de coração e de espírito” ( 2 ).

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.       Freire de Carvalho Filho, José Eduardo – Notícia Histórica sobre a Faculdade de Medicina da Bahia. Salvador, 1909.
2.       Sá Oliveira, Eduardo – Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador, 1992.


APÊNDICE I
 OS AGENTES DE CURA NO BRASIL, ANTES DA TRANSMIGRAÇÃO DA FAMÍLIA REAL
(Extraido do Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da
 Saúde no Brasil (1882-1930. Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz-
 http:/dichistoriasaude.coc.fiocrujz.br).

CIRURGIÃO BARBEIRO E APRENDIZ
DE BOTICÁRIO
*
“Entre os séculos XVI e início do século XIX, os agentres de cura no Brasil eram os físicos, cirurgiões, barbeiros e boticários. Os físicos eram formados pelas universidades ibéricas, sendo em menor número que os cirurgiões. Esses por sua vez, na metrópole ou na colônia, aprendiam seu ofício na prática, tendo como mestre um cirurgião já habilitado. Para garantirem o direito de exercer apenas a cirurgia , prestavam exames diante das autoridades sanitárias competentes, quando obtinham a “carta de examinação”. No Brasil, a autoridade sanitária era exercida pelos delegados ou comissários do físico-mor ou cirurgião-mor do Reino de Portugal. A partir de 1782, com a criação da Junta do Protomedicato pelo reinado de D. Maria I, houve uma centralização  da fiscalização do exercício da medicina na colônia pela metrópole, quando os representantes locais das autoridades  reinóis, os delegados, atuavam com base em regulamentos, avisos e alvarás expedidos pela Coroa.
Apesar de a Universidade de Coimbra ter acolhido cerca de 35 brasileiros durante o século XVII e 112 no século seguinte, a maioria dos estudantes, depois de se diplomarem físicos, geralmente preferiam se estabelecer na Europa ao invés de enfrentar a realidade colonial, no Brasil.Quando vinham para a colônia, concentravam-se nas cidades e vilas maiores, ficando o interior totalmente desprovidos desses profissionais. Isto possibilitava àqueles cirurgiões-barbeiros ou mesmo aos chamados barbeiros e curandeiros em geral, o exercício de toda a medicina. No entanto, ao cirurgião-barbeiro era permitido oficialmente a cirurgia; ao barbeiro, a aplicação de ventosas, sarjaduras e sanguessugas,corte de cabelo ou barba e extração de dentes; ao sangrador e algebrista, o tratamento de fraturas, luxações e torceduras; à parteira ou aparadeira, o atendimento aos partos normais; e aos boticários, a preparação e comércio de medicamentos. Os diplomas eram muitas vezes vendidos aos pretendentes a esses cargos citados, que não cursavam o período de estágio necessário.
A partir do século XVIII, depois de os jesuítas terem sido expulsos das colônias, o aprendizado para obter licença na colônia geralmente se dava nos hospitais da Misericórdia ou nos hospitais militares, ou ainda nas residências dos mestres das principais cidades e vilas. Na Bahia, durante o ano de 1799, o Cirurgião-mor do 4º Regimento de Milícias, José Xavier de Oliveira Dantas ministrava um curso de anatomia e cirurgia em sua própria casa, que chegou a solicitar as prerrogativas de “aula régia”, não obtendo êxito. 
Em contraste com as demais colônias espanholas e inglesas nas Américas, que possuíam universidades desde o século XVI, o Brasil somente três séculos mais tarde implantaria escolas de ensino superior. Em decorrência disso, havia uma escassez de físicos e cirurgiões no país que se tentava amenizar através da rápida instrução de profissionais. No ano de 1800,visando diminuir esta deficiência, um édito real de 1º de maio ordenava que a municipalidade do Rio de Janeiro designasse, anualmente, dois rapazes para estudarem em Portugal, um na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e o outro no Hospital Real de São José de Lisboa, sendo que o primeiro voltaria físico e o segundo cirurgião.
No início do século XIX estando a metrópole portuguesa ocupada pelas tropas napoleônicas, encontrava-se impedida de despachar os cirurgiões examinados e aprovados pela Junta do Protomedicato e os físicos diplomados em Coimbra. A solução então, foi a criação das escolas de cirurgia que formassem profissionais (cirurgiões) no Brasil. Com a vinda da corte portuguesa para o Brasil em 1808, e sendo Salvador e Rio de Janeiro as cidades brasileiras de maior expressão do país na época, ai se instalaram as primeiras escolas de cirurgia. O ensino médico brasileiro em seu início, no entanto, funcionou de forma bastante precária. Na Bahia era ainda mais precário do que no Rio de Janeiro, recebendo menos recursos. Desde 1763, quando se deu a transferência da sede da capital da colônia da cidade do Salvador para a do Rio de Janeiro, a Bahia perdera aquele prestígio.”





APÊNDICE II
 A ESCOLA DE CIRURGIA DA BAHIA (I)
(Extraido do Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da
 Saúde no Brasil (1882-1930. Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz-
http:/dichistoriasaude.coc.fiocrujz.br).
*
“ A Escola de Cirurgia da Bahia foi criada a pedido de José Correia Picanço, pernambucano, cirurgião da Real Câmara, lente jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Como membro da corte portuguesa, Picanço retornou ao Brasil em 1808. Neste mesmo ano, o Príncipe-Regente D. João, atendendo a seu pedido, fundou a Escola de Cirurgia da Bahia na cidade de Salvador pela decisão régia de 18 de fevereiro de 1808, expedida pelo Ministro do Reino D. Fernando José de Portugal, ao Capitão-general  da Bahia Conde da Ponte (João Saldanha da Gama.
Nesta época, a referida Escola ficou sediada no Hospital Real Militar da Bahia, em Salvador, localizado no antigo prédio do Colégio dos Jesuítas, no Largo do Terreiro de Jesus, depois Praça 15 de novembro. Inicialmente foram ministradas apenas duas cadeiras básicas: cirurgia especulativa e prática pelo cirurgião Manoel José Estrela e anatomia e operações cirúrgicas pelo cirurgião José Soares de Castro. Segundo instruções de autoria do Cirurgião-mor José Corrêa Picanço dirigidas e ventoorientação francesa, sendo adotado para o estudo dos princípios cirúrgicos o compêndio de Monsieur de La Fay e exigindo-se para a realização da matrícula o conhecimento da língua francesa. As lições teóricas seriam dadas numa das salas do Hospital Militar, enquanto as “práticas e demonstrações sobre cada um dos objetos cirúrgicos” em uma de suas enfermarias. Já o” curativo cirúrgico pertencia ao cirurgião-mor do Hospital”. Em 1809, a carta régia de 22 de setembro encarregou o Cirurgião-mor Joao Pereira de Miranda da “instrução facultativa teórica e prática“  dos Cirurgiões Ajudantes dos Regimentos. O curso deveria ter a duração de quatro anos, findos os quais o aluno requeria uma certidão à Escola, a qual declarava se ele estava capacitado para prestar o exame e encarregar-se da saúde pública. Sendo assim, a Escola não incluiria a cadeira de obstetríciacomo estava previsto na decisão régia mencionada acima. Durante os primeiros anos, entre 1808 e 1815, o ensino limitava-se a lições teóricas de anatomia humana e, no que se referia à cirurgia, a elementos de fisiologia, patologia e clínica.
De posse do certificado, o aluno era submetido ao exame e caso fosse aprovado, os documentos eram encaminhados a Lisboa, que expedia o diploma mediante o pagamento dos emolumentos.Tais diplomas permitiam:
 “sangrar, sarjar, aplicar bichas e ventosas, curar feridas, tratar de luxações, fraturas e contusões; era-lhes vedado administrar medicamentos e tratar das moléstias internas a não ser aonde não houvesse médicos; e como tais só eram tidos os diplomados ou licenciados pela Universidade de Coimbra”.



APÊNDICE III
A ESCOLA DE CIRURGIA DA BAHIA (II)
(Extraido do Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da
 Saúde no Brasil (1882-1930. Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz-
http:/dichistoriasaude.coc.fiocrujz.br).
JOSÉ CORREIA PICANÇO
(BARÃO DE GOIANA)
(MENTOR DA ESCOLA DE CIRURGIA DA BAHIA)
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“Até 1815 o corpo da Escola era constituído basicamente por dois professores e um porteiro, obedecendo aos estatutos da Universidade de Coimbra. Somente no ano seguinte foi instituída a primeira reforma do ensino médico baiano, baseada no plano de autoria de Manuel Luiz Álvares de Carvalho, que já havia sido adotado desde 1813 pela Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica do Rio de Janeiro. Em março de 1816, a instituição baiana teve seu corpo de professores e número de cadeiras ampliados, instalando-se na Santa Casa de Misericórdia da Bahia, cujo provedor era o Tenente coronel Antônio da Silva Paranhos.
Devido a deficiência do ensino ministrado pela instituição, muitos dos seus alunos depois de graduados, entre 1808 e 1816, iam buscar uma complementação para seus estudos em cursos na Europa. Com a independência do Brasil do Reino de Portugal, a influência francesa se acentuou: os estudantes brasileiros ao invés de irem para a Universidade de Coimbra, começaram a se deslocar cada vez mais para a França em busca de formação cultural e científica. Entre 1808 e 1832, a escola médica baiana teria conferido carta de cirurgião a 13 alunos apenas. Em setembro de 1829, de acordo com informações prestadas pela instituição ao Governo Imperial, a sua situação ainda era bastante precária. Funcionava num pequeno quarto escuro na enfermaria do hospital da Santa Casa e corredor desta, que era dividido em três salas. Quanto aos seus membros, se resumiam a sete lentes, um substituto para as cadeiras cirúrgicas, um secretário interino sem vencimentos, um porteiro e dezessete estudantes. Em relação ao ensino ministrado, para cada cadeira havia um compêndio que deveria ser aprovado pela congregação e pelo qual os professores se orientavam”.







                             APÊNDICE IV
A FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
(Extraido do Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da
 Saúde no Brasil (1882-1930. Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz-
http:/dichistoriasaude.coc.fiocrujz.br).
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“Em 1833 a Escola de Cirurgia da Bahia, com o nome de “Faculdade de Medicina da Bahia”,  foi transferida  para o antigo prédio do Colégio dos Jesuítas, ocupando também o espaço de 12 casas que formavam o lado esquerdo da Rua das Portas do Carmo, e as enfermarias da Santa Casa para as lições de clínica. Além disso, durante o ano de 1836, foram promovidas algumas melhorias como a criação da biblioteca, a montagem do laboratório de química, com material trazido da Europa pelo farmacêutico Manuel Rodrigues da Silva, e o gabinete de anatomia pelo professor dessa matéria, Jônathas Abbott.”
A partir de então, a instituição  evoluiu,  projetando-se em todo o país.

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