182- JOSÉ SANTIAGO DA MOTA
Discurso por ocasião do sepultamento do prof. José Santiago da Mota
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Honra-me e me entristece o privilégio de dirigir a você, meu saudoso confrade, as palavras de despedida que a Academia de Medicina da Bahia tem por hábito proferir a cada um de seus titulares em ocasiões como esta.
Ao ser eleito, cabe ao novo acadêmico escolher o seu recipiendário, isto é, aquele que proferirá a Oração de Boas Vindas. O vínculo da afinidade preside esta escolha. Ao deixar o sodalicio, mesmo porque nenhum de nós é imortal, cabe a Academia designar qual, dentre os mais chegados ao falecido, deve proferir a Saudação de Despedida.
Recebo, pois, a missão que me confiam, missão especialmente honrosa porque a ela se associam a Fundação Bahiana Para o Desenvolvimento da Medicina e a Escola de Medicina e Saúde Pública da Bahia, instituições que você criou, com outros colegas igualmente ilustres e que hoje tanto dignificam a Bahia.
Serei breve, muito breve. Todos conhecem a sua vida, os seus ideais e a sua obra e, além disso, é grande a emoção que me invade a alma!
Há no hagiológio cristão o registro de um santo cuja fé serviu de exemplo aos seus contemporâneos e difundiu a doutrina de Cristo entre as hostes romanas. A paz e a segurança do Império ficaram ameaçadas e o mártir foi condenado à morte. Deveria caminhar, até exalar o último suspiro, sobre pregos e espinhos! A santa criatura assim o fez, e o fez com humildade e resignação. Quanto mais palmilhou, mais seus pés permaneceram incólumes, deles não brotando, sequer, uma só gota de sangue. Mais admirável ainda: a cada passo, os cravos e pregos se transformavam em flores de inebriante perfume!
Assim foi a sua vida, meu caro Santiago da Mota. Juntos fomos e juntos voltamos da Academia, durante muitos anos. Conversando, reconstruí seus embates e suas lutas. Os obstáculos interpostos pelo Destino, pela Sorte ou pelos Homens, você os venceu sem violência e os transformou em frutos e flores que enriquecerão a sua lembrança.
A Fundação Bahiana para o Desenvolvimento da Medicina, a Escola de Medicina e Saúde Pública da Bahia, os cursos de Medicina do Trabalho e de Administração Hospitalar que você tanto dignificou, são apenas alguns dos frutos que permanecerão para sempre, ilustrando muitas gerações.
Nada mais tenho a dizer. Não tenho mais forças para vencer tanta emoção. Nenhuma frase proferirei, em meu nome e em nome da Academia, da Fundação e da Escola, senão esta que sai da alma e do coração: VÁ SANTIAGO DA MOTA, VÁ COM DEUS, NUNCA O ESQUECEREMOS!!!
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