SINCERO AGRADECIMENTO AOS MÉDICOS E ESTUDANTES DE MEDICINA DE
PORTUGAL PELO INCENTIVO AO
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AVULSO- MÉDICOS E CIRURGIÕES
DO BRASIL COLÔNIA
Geraldo Leite
A medicina , ao contrário do que muitos pensam, sempre foi uma profissão desprestigiada no Brasil, pelo menos até a instalação das nossas duas escolas médico-cirúrgicas, em 1808.
Existiam no Brasil colônia dois tipos de profissionais da medicina : o médico (também chamado “físico ”) e o cirurgião .
Havia 3 tipos de médicos : o licenciado (com 4 anos de estudo ), o bacharel (com 5 anos de aprendizado )e o doutor (com 6 anos de prática ). Os cirurgiões eram também de 3 tipos : o “cirurgião barbeiro ”, o qual praticava com um mestre de cirurgia , em hospital , durante 3 anos ; o cirurgião aprovado que praticava com um preceptor , em um hospital , durante 4 anos e o “cirurgião formado” que estudava, durante 5 anos , em uma Escola de Cirurgia .
O “físicos diplomados ”, além de terem pouco prestígio , eram muito poucos . Durante os dois primeiros séculos da colonização, em nenhum momento , tivemos mais de 10 em todo o país .
Nenhuma família de prestígio ou renome possuia um médico ou um cirurgião formado entre os seus membros .
A formação do “cirurgião barbeiro ” (tipo mais comum de profissional da medicina ) era puramente informal . Consistia no aprendizado com um “professor ” durante 4 anos . Nos séculos XV e XVI o aluno prestava exame perante o juiz de ofício o qual era um cirurgião nomeado pela Câmara . Nos séculos XVII e XVIII os alunos passaram a ser examinados por um Comissário ou Delegado do Cirurgião-Mor do Reino . No final do século XVIII e no início do século XIX o estudante comparecia ao exame perante o comissário ou delegado da Real Junta do Protomedicado. Em todos os casos , o diploma de aprovação era passado pelo Cirurgião-Mor do Reino ou pelo Presidente da Junta do Protomedicado.
No final da colonização teve início o ensino formal , o qual consistia inicialmente na formação do chamado “cirurgião aprovado ”. Esse ensino oficial consistia em um aprendizado em hospital credenciado pelo governo (hospital São José e Hospital de Todos os Santos , em Lisboa; Hospitais Militares e Hospitais das Santas Casas , no Brasil). Em Vila Rica , São Paulo Rio de Janeiro e Recife , estavam localizados os hospitais mais credenciados.
Concluído o aprendizado em um desses hospitais , o candidato se submetia ao exame , na forma há pouco descrita.
Os fundadores do ensino médico no Brasil, isto é, José Correia Picanço (Barão de Goiana ), José Soares de Castro e Manoel José Estrela , não eram médicos nem cirurgiões formados. Eram, apenas , cirurgiões aprovados .
O ensino informal consistia, em resumo , no seguinte : contando 13 ou 14 anos de idade , alfabetizado ou não , o candidato ajustava-se como empregado ou ajudante de um cirurgião , passava a residir na casa do mestre e este o ensinava a ser “cirurgião barbeiro ” ou “cirurgião aprovado ”, conforme o caso . O “cirurgião barbeiro ” era um tipo de profissional menos sofisticado que sabia sangrar , sarjar (escarificar ), aplicar ventosas e sanguesugas, fazer barba e cortar cabelo . O “cirurgião aprovado ” e mais : reduzia luxações , tratava fraturas e traumatismos , pensava ferimentos e ulcerações, amputava, extraia balas , arrancava dente , tratava doenças dos olhos , aplicava clisteres , escalda-pés e sinapismos .
O ensino formal da medicina começou, no continente americano , pelo ensino da cirurgia . A primeira Escola de Cirurgia surgiu em 1551, na Universidade de São Marcos , no Peru . A Segunda foi inaugurada em 1553, na Universidade do México. A terceira , em 1636, na Universidade de Córdoba, na Argentina, e 1710.
No Brasil, o desenvolvimento foi tardio. A primeira Escola de Cirurgia surgiu em 1808, na Bahia. A Carta Regia de sua criação data de 18 de fevereiro de 1808. A Escola funcionou no edifício antigo Colégio dos Jesuítas, localizado no terreiro de Jesus, sede do Hospital Militar. Foram 2 os professores nomeados pelo Cirurgião Mor do Reino (José Correia Picanço, Barão de Goiana): Manoel José Estrela, para ensinar cirurgia (“cirurgião aprovado” pelo Hospital São José, de Lisboa) e José Soares de Castros, para ensinar anatomia (igualmente aprovado no Hospital São José de Lisboa).
A Escola de cirurgia do Rio de Janeiro foi a Segunda do Brasil. Ela foi criada em 7 de março de 1808.
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