173- JOAQUIM DOS REMÉDIOS MONTEIRO
JOAQUIM DOS REMÉDIOS MONTEIRO
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Nasceu em 16 de novembro de 1827, a bordo do navio Nossa Senhora do Socorro, quando se deslocava de Goa (na Índia) para o Brasil.
Seus pais foram Joaquim Eleutério Monteiro, natural de Loutulim de Salcete, na Índia portuguesa e Maria Thereza Monteiro, nascida em Bombaim, na Índia inglesa, ambos de origem brâmane.
Formou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1851, quando defendeu tese sobre “Digitalis purpúrea: sua ação fisiológica e terapêutica”.
Depois de formado, deslocou-se para a cidade de Resende, no interior do Rio de Janeiro, onde clinicou por cerca de quatro anos.
Em 1855, seguiu para Paris, em viagem de estudos, ali permanecendo até 1853.
Regressado para Resende, casou-se com Maria Christina de La Sierra Pereira, natural de Montevidéu.
Em 1860, estando com tuberculose pulmonar, mudou-se para Desterro, capital da Província de Santa Catarina. Não conseguindo a desejada cura, retornou para Resende , onde nasceu sua única filha, Elvira Monteiro.
O Visconde de Taunay, um dos seus amigos, atesta: “O Dr. Joaquim dos Remédios Monteiro, que residiu largos anos em Santa Catarina, ali deixou reputação tão alevantada, quanto simpática pelos muitos benefícios prestados com a maior abnegação a todas as classes da sociedade”.
Em 1875, o Dr. Remédios Monteiro mudou-se para Salvador onde, apesar de sua saúde debilitada, prestou relevantes serviços à Gazeta Médica da Bahia, sendo seu redator a partir de 1876.
Depois, ainda perseguido pela tuberculose, fixou residência em Feira de Santana, onde foi vereador, presidente da Câmara Municipal e Intendente.
Muito se dedicou á Higiene, Saúde Pública e Educação. Construiu um novo Matadouro Municipal, criou a Bibloteca Pública e lutou pela abolição da escravatura.
Publicou vários artigos, alguns deles versando sobre Transfusão de Sangue, Vacinação, Ensino Médico, Pasteur e suas pesquisas, Feira de Santana como sanatório de Tuberculose Pulmonar, etc.
Foi condecorado com a comenda da Ordem de Cristo de Portugal e pertenceu a Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro.
Faleceu em Feira de Santana, no dia 4 de julho de 1901, deixando um manuscrito com 67 folhas, no qual, descrevendo suas memórias, disse: “Não conheço profissão que exija mais instrução, sacerdócio de mais grave e perigosa responsabilidade que o exercício da Medicina... Se eu não fosse médico, como seria útil aos meus semelhantes, não possuindo riqueza ?!” (2).
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1. Almeida, Oscar Damião de – Dicionário da Feira de Santana. Feira de Santana, 2006.
2. Remédios Monteiro, Joaquim dos – Disponível em http://www.infocultual.com.br/turismo/mat2.htm. Acesso em 2 de setembro de 2009.
3. Souza, Luis Eugênio Portela F. de – Dr.Joaquim dos Remédios Monteiro. Memória da Academia de Medicina de Feira de Santana. Feira de Santana, 2007.
APÊNDICE
AS MEMÓRIAS DO DR. JOAQUIM
REMÉDIOS MONTEIRO
(Adaptação do trabalho de Rita de Cássia Ribeiro de
Queiroz, intitulado “Proposta de edição de um documento
pessoal: as Memórias do Dr. Remédios Monteiro”)
MEMÓRIAS DE JOAQUIM DOS REMÉDIOS MONTEIRO
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É sabido que o Dr. Joaquim dos Remédios Monteiro nasceu em águas internacionais, quando seus pais se deslocavam da Índia para o Brasil. Sobre sua infância, suas memórias relatam o seguinte: “Deslizou-se minha infância entre os afagos e carícias de meu pai e de minha mãe sempre bons, afetuosos e inteligentes. Estudei primeiras letras, latim, francês e aritmética no colégio do padre mestre José de Santiago Mendonça, que havia sido monge beneditino. Esse colégio, um dos melhores do tempo e talvez superior a alguns da atualidade, era no bairro da Saúde, perto da minha residência, na rua do Livramento. Desse colégio passei sempre como externo para o do dr. Adolfo Maneol Victório da Costa a fim de estudar os preparativos que me faltavam para matricular-me na Escola de Medicina. Ainda alcancei o colégio Victório na rua do Conde, hoje rua do Visconde do Rio Branco, antes de mudar-se para a rua dos Latoeiros, hoje Gonçalves Dias”.
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Formado em 1851, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, seguiu para a cidade de Resende, onde iniciou sua clínica particular.
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Em 1855, partiu para Paris, a fim de aperfeiçoar seus conhecimentos. Durante dois anos residiu na capital francesa.
É desta época o seguinte trecho de suas memórias: : “O acaso fez com que eu me encontrasse um tarde em um leilão de livros com o dr. Domingos Jacy Monteiro. Tinha eu provavelmente nessa época vinte anos e ele visivelmente mais moço. Eu já cursava o 2º ano médico e ele não se havia matriculado na Escola de Medicina.Concordamos em uma permuta dos livros comprados nesse leilão. Fui para isso no dia seguinte á sua casa, na rua perto da minha. Seria muito longo narrar aqui como se evoluu o nosso primeiro conhecimento até tornar-se na amizade mais antiga, mais delicada, mais solícita, mais fiel. Basta dizer que nele encontrei um amigo sincero. Enquanto estivemos em Paris fomos inseparáveis. Ele havia ido antes de mim para Paris e já casado: voltou também antes de mim para o Rio de Janeiro. Doutorou-se em medicina . Renunciando a carreira médica desde o princípio, empregou-se na Secretaria do Ministério do Império até ver-se forçado por motivos políticos a aposentar-se quando já ocupava um alto cargo.
Este meu bom e velho amigo tem sido sempre muito estudioso e trabalhador. Coordenou e deu à luz as obras de Álvares de Azevedo por amizade a ele e ao pai, que era formado em ciências jurídicas e sociais. Jacy Monteiro conhecia muitos dos seus escritos, de lê-lo ou de recitá-los, e entendia muito bem a sua letra miúda, o que era necessário para decifrá-los, mormente por causa das entrelinhas, emendas, etc.”
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Dr. Remédios Monteiro escreveu suas Memórias com o objetivo de deixá-las para sua única filha, D. Elvira Monteiro, o que pode ser comprovado na seguinte passagem: “...É o padrinho de batismo de minha filha. Como escrevo estas recordações para minha filha, desejo que ela ame, estime e respeite o bom parente que me socorreu com a sua bolsa, me guiou com seus conselhos e completou minha educação cientifica”
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Não há indicação do período em que começaram as referidas memórias, pois ele não as datou.
Trata-se de um manuscrito autógrafo em tinta preta. Caderno pautado tipo escolar, em bom estado de conservação, medindo 220mm X 170mm, com 67 (sessenta e sete) folhas, 55 escritas só no recto; 2, só no verso e 10, reto e verso. Algumas folhas apresentam numeração. Com exceção da última folha, todas as demais, no recto, trazem a marca do carimbo de Arlindo da Silva Pitombo, que também assina-as. À folha 1, verso, a filha escreve: “Cortei estas folhas porque achei que meu pai não devia ter escrito e só serviram para perturbar e ser a causa destas infelicidades.” Folhas coladas: 129 e 130a; folhas rasgadas: 171 e 174; colado recorte de jornal sobre o sexagésimo aniversário do Dr. Remédios Monteiro: folhas 167 e 168.
O documento é composto por muitas folhas, e está sendo estudado pela Profa. Rita de Cássia Ribeiro de Queiroz, da Universidade Estadual de Feira de Santana, tendo a A. publicado a presente nota previa, em http://www.filologia.org.br/anais/anais_125.html, a título de informação.
IGREJA DOS REMÉDIOS- FEIRA DE SANTANA, Ba
FINAL DO SÉCULO XIX
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