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By Ferramentas Blog

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

148- GASTÃO CLOVES SOUZA GUIMARÃES (GASTÃO GUIMARÃES)

148- GASTÃO CLOVES SOUZA GUIMARÃES
(GASTÃO GUIMARÃES)
GASTÃO GUIMARÃES

*

Nasceu em 11 de abril de 1891, em Belmonte, sendo seus pais o farmacêutico Bernardo Caleoni de Oliveira Guimarães e Arminda Cândida de Souza Guimarães.
Aos dois anos de idade, mudou-se com a família para Salvador, onde realizou os primeiros estudos no Colégio São José, sob a direção do Professor Tertuliano Carneiro. Ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual foi diplomado em 1912.
Após a formatura, fixou-se em Feira de Santana, onde exerceu a medicina durante mais de quarenta anos. Poeta, jornalista e professor, amava os livros, lendo-os todos os dias,  das 21 ás 2 da manhã.
Como jornalista, escrevia diariamente em vários periódicos da região.
Admirava e gostava de recitar as poesias de Castro Alves, Olavo Bilac e enviava, para sua esposa e filhas, versos de amor, através de pombos correios que ele próprio criava.
Sempre compreensivo e carinhoso com seus alunos, ensinou no Colégio Santanópolis e em outros estabelecimentos de ensino. Em 1932, foi nomeado professor de Língua Portuguesa e Literatura da Escola Normal, da qual seria mais tarde Diretor (1938-1943). Após sua morte, a Escola Normal passou a chamar-se Instituto Gastão Guimarães.
Como médico, tratava seus doentes como se fossem membros de sua própria família, nunca distinguindo ricos e pobres. Extremamente caridoso, muitas vezes remediou as dificuldades dos mais necessitados, doando recursos do seu próprio bolso.
Sabia Latim, Francês, Português, Espanhol  e rudimentos de Grego.
Exerceu vários cargos, tais como médico da Prefeitura e da Santa Casa de Misericórdia. Foi Delegado Escolar. Foi Vice-Presidente da Associação Bahiana de Medicina e Presidente da Regional de Feira de Santana.
Por ocasião do seu falecimento, ocorrido em 24 de agosto de 1954, a imprensa local assim se manifestou: “ Médico, praticou a medicina como sacerdócio. Veio, moço ainda, para Feira de Santana e aqui, já encanecido, atingiu o fim da sua existência tal como aqui chegara: desprendido e amigo, idealista e pobre, de si dando a todos tudo quanto podia, para si nada pedindo, requerendo ou solicitando  a quem quer que fosse. Professor, exerceu o magistério como apostolado. Beletrista e intelectual, foi brilhante nas múltiplas atividades do seu espírito de eleição. E, entretanto, o que nesse espírito adamantino mais refugiu e cintilou foi a retidão das atitudes, a reserva  de forças morais, a imponência de um caráter sem jaça, o senso de justiça, o amor á verdade. Um grande, preclaro e nobre cidadão”.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
1.      Almeida, Oscar Damião de – Dicionário de Feira de Santana (2ª. Edição). Feira, 2006
2.      Bahia Coelho, Thereza Chistina – Dr. Gastão Guimarães. Memória da Academia de Medicina de Feira de Santana. Feira de Santana, 2007.
3.      Folha do Norte. Edição de 28 de agosto de 1954. Feira, 1954.
4.      Leite, Geraldo – Reminiscências. Feira, 2007
5.      Memória da Academia de Medicina de Feira de Santana. Feira, 2007.



APÊNDICE I
DISCURSO FÚNEBRE DO PROFESSORANDO  JOSÉ NAVARRO SILVA
(Jornal “Folha do Norte- Feira de Santana, 28 de agosto de 1954)


 CEMITÉRIO DA PIEDADE, FEIRA DE SANTANA, Ba

*

“Mestre querido, caro mestre, ainda ressoam em meus ouvidos as vossas palavras, os vossos ensinamentos. Porque, ó mestre ! nos abandonastes, porque nos deixastes?
Sofrendo esta dor imensa e atravessando um momento dos mais angustiantes da nossa vida, quem, ó mestre, nos vai acalmar, aconselhar, ensinar e nos mostrar o caminho mais curto, mais suave para afastarmos de nós esta tremenda dor que nos estrangula e aniquila?
Vós, que fostes sempre o nosso manancial, no qual matávamos imensa e torturante sede de conhecimentos, ficai certo, caro mestre, de que aquelas palmas que batemos timidamente, ao terminardes uma de vossas últimas aulas, eram a consagração  da vossa vitória como mestre.
Não esquecemos, Dr. Gastão, não esquecemos os vossos ensinamentos, e sei que nada mais sublime, mais agradável pra um mestre do que saber que foi compreendido.
Ao serdes escolhido como nosso paraninfo, vós, mestre, embuçado em vossa natural modéstia, vos dissestes um esquecido, vos dissestes um humilde.
E, agora, mestre, faço-vos uma última pergunta:
Em que mundo, em que terra, em que época, um homem que trouxe consigo sempre acesa a chama da sabedoria, do dever, da bondade, da fé e do amor ficou esquecido, morreu?
Caríssimo mestre, bom amigo, vossos discípulos choram. Quanto a mim, neste momento, se as lagrimas não me correm, é num esforço super-humano que exerço a fim de pronunciar estas palavras desajustadas; e se o faço, neste instante é procurando exprimir não só o meu sentimento, mas os dos demais afilhados vossos. Bem sei que o nosso sentimento é profundo e é justamente neste momento que venho pedir a vós outros, colegas, que sigais os ensinamentos santos e sábios deste mestre que ora tomba, porque, cada um de nós representa uma semente adubada e regada por ele, que se disseminará e há de frutificar. Isto já previra ele quando, em uma de suas aulas nos disse que por certo daqui sairiam alguns escritores e, referindo-se à santa obra jesuítica no Brasil, pediu-nos que nas páginas que porventura escrevêssemos sobre a pátria não nos esquecêssemos dos sinos brasileiros, os sinos que foram o símbolo da civilização da nossa gente.
Dobrem os sinos agora...
Ficai certo, mestre, que os professorandos de 1954, por quem vos falo nesta hora, continuarão a vossa obra, o vosso magnífico exemplo profissional, de educador e de cidadão.”


APÊNDICE II
DEPOIMENTO DE MARGARIDA SUZART COSTA
(Jornal  “Diário de Notícias, in “Folha do Norte- Feira de Santana, 28 de agosto de 1954)


CEMITÉRIO DA PIEDADE, FEIRA DE SANTANA

*
“Quantos e quantos, conheceram Gastão Guimarães, puderam e podem ainda avaliar os méritos tão característicos .
Não vai muito longe, quando pelas ruas espaçosas e arejadas, daquela cidade admirável- Feira de Santana, um homem robusto e de passo  firme, se movimentava dias após dias, calmo e cônscio, jamais  insatisfeito, na intenção dos seus afazeres.
Em noites ermas e frias e à luz dos dias serenos e ensolarados ou tempestuosos e molhados, com aquela simplíssima bondade, levava mais das vezes, aos enfermos, a sedação das dores e a esperança da vida.
Jamais em sua vida, tão simples, transformou a medicina em comércio.
Viveu pobre, porém, honesto e respeitado, conhecendo com a largueza da sua imaginação, o tudo que a natureza criou.
Foi cercado de afetos, em  todos os domínios; gozou da felicidade entre os seus e conheceu todas as satisfações do coração.
A vida sorriu-lhe tantas e tantas vezes mas, o destino altivo e cruel, passou por ela, extinguindo-a.
Gastão Guimarães, o médico por demais humanitário; o poeta das valorosas, brilhantes e saudosas páginas; o escritor das expressões corretas e compreensíveis; o político admirável, incansável e silencioso; devoto de Deus; pai amigo e extremoso.
Alma nobre, que jamais conheceu a violência e a injustiça.
Mestre e amigo, de sadio intelecto e vontade heróica, que ao povo legou mil benefícios.
Suas aspirações, energia e trabalho, traduziram expressões e feitos poderosos em toda uma época, imortalizando-o.
Coube a ele, privilégios que muitos e muitos dificilmente conseguirão alcançar.
Tornou-se eterno pelos tempos em fora, consagrando-se com todas as virtudes existentes no mundo.
A sua voz segura e máscula ressoará sempre e sempre, pelos velhos e cansados salões da Escola Normal da Feira de Santana, e a lembrança far-se-á contagiante.
Viveu os alunos e muitos outros, em todos os momentos, e, com seu apoio de mestre, minorou as dificuldades dos discípulos e amigos, e, em toda sua vida, se manteve-se firme, probo e disciplinado.
Oh, mestre querido, que tristeza tamanha envolve minha alma.
Nada será mais difícil do que esquecê-lo, eis porque, bem poucos são aqueles que sabem cumprir num dia tumultuoso, difícil e intranqüilo, aquilo que prometeram tão confiante, num dia de sol.
O povo, a massa em seu peso real prestou-lhe as últimas homenagens, curvando-se e chorando, diante da matéria que, em vida deu à vida deste mesmo povo, a certeza da conquista.
Somente os nécios imaginam que, se acumularem riquezas, terão tudo realizado.
Enriqueceu o mestre querido, é bem verdade. Riquezas fabulosas acumularam-se em seu seio, enriquecendo o espírito e o nome, não pelo ouro mas, pela cultura, pela fé e pela inteligência.
Imenso acompanhamento popular, levando nos ombros o esquife, onde permanecia, inerte, os restos mortais de Gastão Guimarães, traduziu o geral sentimento do povo.
Morreu porque viveu em sua alma sensível, sensível muito mais do que nós outros, o sofrimento de alguém também querido, que ao sucumbir trágica e dolorosamente, consternou a nação e o mundo.(*)
Partiu Gastão Guimarães para o descanso eterno, e, se Deus assim o quis, é porque sentiu que ele já não mais cabia, nesse mundo de infâmias, injustiças e incompreensões.
Gastão Guimarães não morreu, porque a lembrança também é eterna.”

(*)= Gastão Guimarães morreu subitamente, no dia 24 de agosto de 1954, ao ter conhecimento do suicídio de Getúlio Vargas.


APÊNDICE III
DISCURSO FÚNEBRE DE JOSÉ ELMIRO DE SOUZA
(Jornal “Folha do Norte- Feira de Santana, 28 de agosto de 1954)

  JORNAL "FEIRA DO NORTE", EDITADO EM FEIRA DE SANTANA

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“Eis aqui onde todos os homens se nivelam. É com o coração oprimido pela forte emoção do momento; com o espírito perturbado e nervos trêmulos , ante a austeridade do ambiente; possuído do pesar que me invade a alma, que ouso falar ao amigo que partiu para o Céu, repouso a que fez jus, na sua trajetória pela vida terrena. Gastão, meu velho amigo. Os ouvidos atentos desta multidão tamanha, jamais vista, neste campo santo, para tributar a alguém tamanha veneração, é a prova eloqüente, irretorquível, insofismável do quanto fostes estremecido por essa boa gente. Fostes o símbolo de todos os predicados morais que se requer do homem: em exemplos, atitudes e ações.
Destes, Gastão, à essa terra de quem eras filho por adoção, tudo... tudo aquilo que pudestes para enobrecê-la: na medicina e na instrução. Destes a essa terra, que o acolheu tão jovem ainda, cheio de esperanças,ávido de sonhos em busca do futuro, tudo de si. Asas, e robustas, as possuístes, no entretanto, aqui ficastes, para prazer nosso, e felicidade de sua gente.
Gastão amigo. A  trajetória de tua vida impar, dos longos anos que aqui vivestes, anos que se nos parecem dias do convívio amigo, nos a certeza do quanto fostes superior na tolerância e no perdão. Jamais vi ou ouvi dizer: que tratastes com desigualdade a iguais ou a desiguais, sem atenções.Tua personalidade singular, desde moço ainda à essa idade veneranda, foi sempre vista, recebida, acatada, com o devido respeito e alvo de atenções em toda parte e em qualquer meio, político e social.
Quisera meu velho amigo, que esse pronunciamento, expressão viva de estima que tua gente amiga vem tributar-te à beira do túmulo não houvesse tido lugar tão cedo ainda.
Tu, que eras ainda, vida radiosa, luz radiante de inteligência; energia física e moral impressionante; tão útil e necessário aos teus, aos teus discípulos, aos teus clientes; ricos, pobres e miseráveis, não poderias morrer assim, tão cedo, e de maneira tão surpreendente.
Na tua qualidade de clínico, cedias sempre ao imperativo da profissão, que o impunhas à duras e enfadonhas caminhadas. No atendimento aos chamados da tarefa humana de salvar a vida ante à morte; quer nos recessos dos lares, quer à beira dos leitos dos enfermos dos hospitais, quer no recinto de teu gabinete ou consultório de esculápio, fostes sempre o confiante das horas amargas.
Quero acentuar que o tornaste credor da estima, da consideração, do apreço, da admiração e sobretudo da veneração deste grande povo. E, em razão disso mesmo, pelo bem que fizestes, a tantos e a todos, sem olhar a quem, ora mitigando dores e aflições, a exemplo um Dr. Jambeiro, de Castro Alves,  como tu; clínico e político altivo, sincero, desassombrado e humano, que tendes à beira do túmulo essa multidão tamanha, repito, jamais trazida pela estima, trazida pelo dever, e sobretudo pela gratidão. Gastão amigo. Até aqui, ou até agora falei em meu nome. A União Democrática Nacional, secção de Feira de Santana, por meu intermédio, representando aqui o Dr. Áureo de Oliveira Filho, vem trazer o adeus ao correligionário sincero, ao companheiro dedicado, ao amigo inesquecível. Senhores: o luto oficial que hoje se decreta em todo o território nacional com a perda do chefe da nação, pela sua extensão e profundidade, redobrou-se neste pedaço da Bahia, terá de SANTANA, com a perda de Dr. Gastão Guimarães!...”


APÊNDICE IV
DISCURSO DE HELDER ALENCAR, NA COMEMORAÇÃO DOS CINQUENTA ANOS  DA CRIAÇÃO DA ESCOLA NORMAL RURAL DE FEIRA DE SANTANA
(Jornal “Folha do Norte- Feira de Santana, 05 de maio de 1977)

ANTIGA ESCOLA NORMAL RURAL DE FEIRA DE SANTANA
HOJE CENTRO DE CULTURA E ARTE DA UNIVERSIDADE ESSTADUAL
DE  FEIRA DE SANTANA

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“Apesar de nascido em Belmonte, no sul da Bahia, Gastão Guimarães dedicou a sua vida, o seu trabalho, e a sua luta à Feira de Santana, à qual serviu em dois campos intimamente ligados ao humanismo, de quem era adepto profundo: o magistério e a medicina, que foram as razões maiores da sua vida.
Preterido muitas vezes, por questões políticas, quer para a sua nomeação como professor, quer para a sua designação como diretor da Escola Normal Rural de Feira de Santana, Gastão Guimarães chegou a esta Escola em 1931, por ato do então interventor Juracy Magalhães.
Era, porem, a sua nomeação, pretendida há algum tempo por Anísio Teixeira, o grande educador brasileiro, que não atingiu o seu  intento, dada as razões de ordem política, que ontem, como hoje, se intrometem, prejudicialmente, no sistema educacional.
Mantendo o mais elevado e perfeito relacionamento com os professores e, especialmente, com os alunos, Gastão Guimarães assumiu, em 1937, a direção da Escola Normal, onde empreendeu obra meritória, com o pensamento voltado, inclusive, para o futuro.
Foi de sua autoria a criação da Caixa Escolar Dr. Lydérico Cruz, que tanto beneficiou os estudantes pobres, obtendo suas verbas através promoções dos próprios alunos.
E com verba mensal concedida pela então Secretaria de Educação e Saúde, atendia os alunos com medicamentos e merenda escolar.
É dele também a criação do Grêmio Castro Alves, associação lítero-musical. É dele ainda, a Cooperativa Escolar e os trabalhos agrícolas desenvolvidos no antigo Horto, que era anexo à escola e vivia dos seus próprios recursos.
Suas iniciativas não pararam aí, porém, pois criou a Biblioteca de Pedagogia e Metodologia para alunos e professores. E instalou, também, a Banda Marcial Feminina.
No rol de suas realizações, não pode deixar de ser incluída a vitória inesquecível da equipe de basquetebol da Escola Normal de Feira de Santana, bi-campeã intercolegial, primeiro título, fora do futebol, conquistado por uma equipe feirense.
Apesar de suas lições e do seu relacionamento com os alunos, jamais aceitou a paraninfia durante o período em que foi diretor, num gesto não só de desprendimento,mas acima de tudo com o intuito de evitar as bajulações, tão naturais.
Deixando a diretoria, entretanto, nos nove anos restantes em que permaneceu como professor desta casa, foi escolhido paraninfo seis vezes, inclusive em 1954, ano da sua morte, prematura e inesperada.
Nesta hora em que a direção do Instituto que leva o seu nome e homenageia, a família de Gastão Guimarães traz a sua palavra da mais reconhecida gratidão, na certeza de que ele, como professor e diretor desta casa, contribuiu, decisivamente, para o seu engrandecimento e para o seu fortalecimento.”
































 
 
 

3 comentários:

  1. Pessoas como Dr. Gastão Guimarães devem ser lembradas pra sempre , devem ser eternizadas .

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  2. El mundo necesita más Drs. Hasta Guimaraes.

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