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By Ferramentas Blog

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

229- JOAQUIM MARTAGÃO GESTEIRA

229- JOAQUIM MARTAGÃO GESTEIRA
JOAQUIM MARTAGÃO GESTEIRA

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Nasceu na Fazenda Bonsucesso, município de Conceição do Almeida, a 17 de maio de 1884, sendo seus pais o Coronel José Leandro Gesteira e Maria Amélia de Martagão Gesteira.
Fez estudos primários na Escola Pública de sua terra natal, e o curso secundário no Ginásio São Salvador, em  Salvador.
Em 1902, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual recebeu o título de doutor em Medicina em 1908, após defender tese, subordinada ao título  “Etiologia e diagnóstico da septicemia de Bruce”.
 Relata Eliezer Audíface que Martagão Gesteira, “clínico jovem, ainda desconhecido, quando a sociedade baiana só chamava os abalizados médicos da família para cuidarem de sua saúde, certa vez, tendo adoecido uma criança, de doença que lhe edemaciava os joelhos e fazia sangrar as gengivas, a despeito de todo o tratamento com salicilatos e outras drogas, já desesperado o genitor da criança escutou o conselho de um amigo.
“--Há, aqui na cidade, um médico jovem que outro dia me falou muito nesse tipo de doença que lera em uma revista francesa”, disse o amigo.
O Dr. Gesteira foi chamado. Suspendeu  a medicação, aconselhando que fosse ministrado  à paciente suco de laranja e de limão, em quantidades generosas.
Foi surpresa geral a recuperação da criança. Tratava-se da doença de Moller Barlow, o escorbuto, a Avitaminose C, que se curava naquela época com o suco dos frutos cítricos, pois só muito depois foi sintetizado o ácido ascórbico.” (2).
E acrescenta: “Mais decepcionado e enciumado ficou um dos médicos assistentes, o Prof. Anísio Circundes de Carvalho, que falou a Gesteira com ponta de ironia: -- “Meu caro colega, eu não me admirarei se dentro de pouco tempo vocês, jovens, irão fazer injeções venosas de caldo de cana !” (Ibidem).
A clínica do Dr. Gesteira  prosperou de modo extraordinário.
Ao lado de tão raro sucesso, Martagão Gesteira deu início a  carreira docente.
Em 1911, foi assistente da Pediátrica Cirúrgica e Ortopédica, substituindo o  catedrático  na regência da cadeira, em 1912 e 1913.
Em março de 1912, foi nomeado, por concurso,  docente livre da Clínica Pediátrica. Em 1914, Professor extraordinário da mesma cadeira. Em novembro de 1915, Professor catedrático.
Em 1935, dirigiu o Departamento Estadual da Criança, instalando consultórios de higiene pré-natal e de higiene infantil, em todos os distritos de Salvador. Instalou e fez funcionar a Escola de Puericultura Raymundo Magalhães, localizada no Campo Grande.
Em 1937, já conceituado em todo o país, foi convidado para Professor Catedrático da 1ª Cadeira de Puericultura e Clínica da Primeira Infância na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, organizar e dirigir o “Instituto de Puericultura”, na mesma cidade.
Foi Diretor do Departamento Nacional da Criança e fundou, na Bahia, a Liga Baiana Contra a Mortalidade Infantil (hoje  Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil).
Permaneceu como Professor Catedrático da Universidade Federal do Rio de Janeiro, até 1954, quando faleceu.
Foi membro titular da Academia Nacional de Medicina e publicou inúmeros trabalhos sobre Puericultura e Pediatria, no Brasil e em  outros países.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.  Andrade, Sonia Gumes – Discurso de Posse na Academia de Medicina da Bahia. Anais da Academia de Medicina da Bahia, Volume 11, dezembro de 1998. Salvador, 1998.
2.  Audíface, Eliezer – Martagão Gesteira. Anais da Academia de Medicina da Bahia, Volume 6, julho de 1985. Salvador, 1985.
3.  Lacaz, Carlos da Silva- Médicos Baianos. S. Paulo, 1957,
4.  Loureiro de Souza, Antônio- Baianos Ilustres (1564-1925). Salvador, 1973.

APÊNDICE I
DEPOIMENTO DE ELIEZER AUDÍFACE

(Extraído de Audíface, Eliezer. Martagão Gesteira. Sinopse Informativa. Universidade Federal da Bahia. Vol. II, No II.  Outubro. Salvador, 1978)

MARTAGÃO GESTEIRA E JULIANO MOREIRA
FOTOGRAFIA DA ÉPOCA

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“A trajetória do grande mestre no Magistério teve duas fases distintas: uma baiana e a outra no Rio de Janeiro, então Capital da República, para onde foi transferido pelo eminente Presidente Getúlio Vargas,  impressionado com a obra realizada em Salvador, em prol da assistência à criança, em dezembro de 1937,  para reger a recém-criada Cadeira de Puericultura e Clínica da Primeira Infância.
A transferência do professor Gesteira, motivo importante a ser assinalado em seu estudo biográfico, não foi bem aceita pelos Docentes de Pediatria do Rio de Janeiro, pois, pouco conhecido nos meios médicos de lá, julgavam ser de influência política, na ditadura que se instalara, e tal fato prejudicava-lhes as aspirações à Cátedra.
Todavia, no concurso do Professor Martinho da Rocha e mais cinco concorrentes à Cadeira de Pediatria foi verdadeira revelação a argüição das teses dos candidatos. O Professor Martagão Gesteira mostrou aos que lhes desconheciam o valor e a competência, a imensa profundidade de conhecimentos de Clínica Infantil, tornando-se então um dos mais acatados e respeitáveis mestres da Universidade Federal.
Mas Gesteira não foi só o Professor admirável, a sua atuação como clínico, até hoje, tantos anos após a morte, ainda é evocada e recordada pela admiração dos assistentes e ex-alunos.
Várias vezes, mesmo transferido para o Rio, era chamado em conferência a fim de elucidar os mais difíceis casos atendidos pelos colegas.
Era impressionante o exame clínico da criança durante as aulas práticas. Se as aulas teóricas entusiasmavam, o conhecimento da propedêutica infantil estarrecia. Tinha o costume de só conhecer o doente na ocasião da aula: as fichas vinham acompanhando a criança, feitas pelos assistentes e internos, com a maior riqueza de detalhes, não só na anamnese, como na descrição dos sinais objetivos e subjetivos registrados, com mais uma exigência do mestre, é que fossem acrescidos, sinais e reflexos inexistentes, os mais complicados, a fim de que lhe dificultassem o raciocínio clínico.
Certa vez, um ano após a transferência, em 1938, na inauguração da Escola de Puericultura “Raymundo P. Magalhães”, situada no Campo Grande, obra exclusivamente sua, pronunciou uma das mais notáveis conferências: “O erro na Clínica Pediátrica”, aula antológica, tendo recebido os mais fervorosos aplausos.
Grande médico, com enorme prestígio social, não esqueceu o problema sério e grave da situação da maternidade e infância de Salvador e, em companhia de cinco amigos, entre eles Álvaro Bahia, Álvaro da Franca Rocha e Hélio Ribeiro,  único sobrevivente, fundou em 1923, a “Liga Baiana Contra a Maternidade Infantil”.
Esta instituição de fins filantrópicos, atualmente “Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil”, é, até hoje, uma das mais prestigiosas organizações de assistência médico-social à infância e imortalizou-lhe o nome, dando ao nosocômio construído por seu continuador, Álvaro Bahia, a denominação de “Hospital Martagão Gesteira”.

APÊNDICE II
HOMENAGEM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA

(Disponível em http://www.sbp.com.br/show_item.cfm?id_categoria=74&id_detalhe=1278&tipo=D)                                                           
                                                                         

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Joaquim Martagão Gesteira nasceu no dia 17 de maio de 1884, na cidade de Conceição de Almeida, no interior do Estado da Bahia. Em 1908, graduou-se em Medicina, pela Faculdade de Medicina da Bahia, especializando-se em bacteriologia com a tese “Etiologia e diagnóstico da septicemia de Bruce – Febre de Malta”.

Martagão Gesteira destacou-se, desde que se formou, pela intensa atividade no campo da gestão e o magistério em saúde infantil. Assim, em 1935, criou a Pupileira Juracy Magalhães, o Abrigo Maternal e o Lactário Júlia Carvalho, todos em Salvador. Contando com a colaboração de outros médicos, fundou, em 6 de junho de 1923, a “Liga Bahiana contra a Mortalidade Infantil”. Em 1935 chegou a ser nomeado Diretor do Departamento da Criança do Estado da Bahia.

Professor, com sólida carreira no magistério universitário, conquistou, em 1912, a livre-docência na Faculdade de Medicina da Bahia com a defesa da tese “Reação de Schmidt Triboulet – valor diagnóstico nas afecções do lactente”. A partir de 1913, passou a reger a Cátedra de Clínica Pediátrica Médica na mesma faculdade. Sua trajetória no campo associativo nesta época também é digna de nota. Em 1919 foi eleito Membro Honorário da Academia Nacional de Medicina e no início dos anos 1930 fundou e presidiu a Sociedade Baiana de Pediatria. Até então, Martagão Gesteira havia inscrito seu nome na história da pediatria baiana. Em 1937 seu nome começou a obter uma projeção nacional.

Naquela oportunidade, foi transferido para o Rio de Janeiro, então capital da República, a convite do então Presidente Getúlio Vargas, encantado com o trabalho desenvolvido em Salvador em favor da assistência à criança. Ao chegar, Martagão Gesteira assumiu a Cadeira de Puericultura e Clínica da Primeira Infância e a Direção do Instituto de Puericultura da Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro. Aos poucos, mostrou, aos que não o conheciam, a profundidade de seus conhecimentos de clínica infantil, tornando-se logo um dos mais acatados e respeitáveis mestres da Universidade do Brasil. Em 1938, foi eleito presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria. Na oportunidade, criou a primeira Jornada Brasileira de Pediatria e Puericultura, depois conhecida como Congresso Brasileiro de Pediatria.

A criança na Era Vargas assumira um papel de extrema relevância, pois representava, para a elite política da época, a esperança de futuro. Martagão Gesteira esteve à frente deste processo de valorização e proteção da infância pobre e desvalida.

O fim do Estado Novo não retirou Martagão Gesteira do poder. Em 1946 foi nomeado Diretor do “Departamento Nacional da Criança” No início dos anos 1950 passou a ser o Diretor do “Instituto Internacional Americano de Proteção à Infância”. No final de sua vida, a reputação de Martagão Gesteira transcendia as fronteiras nacionais.

Esta visibilidade pública internacional foi, em grande parte, fruto de sua ampla produção científica em diversas revistas brasileiras e estrangeiras especializadas e de sua participação em diferentes eventos científicos nacionais e internacionais. Entre outros consta sua participação em eventos científicos realizados em Montevidéu, Paris, Washington, México, Zurich e Nova York. Martagão Gesteira tem mais de 150 conferências e trabalhos publicados. Diga-se de passagem que, além da vasta produção como conferencista e ensaísta no campo da pediatria, foi também o idealizador e criador da primeira revista de pediatria do Brasil, O Boletim da Sociedade de Pediatria, mais tarde denominada Pediatria e Puericultura, órgão oficial da Sociedade Baiana de Pediatria, por ele fundada na década de 1930.

Sua ampla produção bibliográfica abrange desde artigos em que apresenta suas descobertas clínicas e terapêuticas até outros frutos de pesquisas em laboratório. No primeiro caso cabe menção ao livro “Pediatria lições e conferências”. A paralisia cerebral e as distrofias ósseas congênitas foram alguns dos temas abordados no segundo caso. Além disso, cabe destaque sua preocupação com a influência dos fatores sociais na mortalidade infantil e com a divulgação científica para leigos e médicos. “Como criar o meu filhinho” e “Manual de Puericultura” são exemplos desta outra face de sua extensa produção bibliográfica.

Joaquim Martagão Gesteira faleceu na Cidade do Rio de Janeiro, em 30 de abril de 1954, aos 70 anos de idade, acometido por um infarto, quando escrevia mais um trabalho a ser apresentado num congresso de pediatria em Montevidéu. Hoje em dia, Martagão Gesteira é nome de diversos hospitais, praças e ruas em todo o país. No Rio de Janeiro, o Instituto de Puericultura e Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro leva seu nome.

Martagão Gesteira foi Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria em 1938 e foi homenageado por ela, ao ser indicado Patrono da Cadeira 6 da Academia Brasileira de Pediatria.
 

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