138- FRANCISCO DE CASTRO
FRANCISCO DE CASTRO
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Filho de Joaquim de Castro Guimarães e Maria Eloísa de Matos, nasceu em Salvador, no dia 17 de setembro de 1857.
Em 1873, tendo concluído os estudos elementares, seu pai embarcou com ele para Paris, onde Francisco de Castro ampliou seus conhecimentos e praticou o manejo da língua gaulesa, a ponto de escrever versos em francês.
Em 1874, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia e cursou os dois primeiros anos do curso médico. Dividiu as suas atividades entre a aprendizagem das disciplinas básicas e o exercício da vocação literária.
Não obstante sua paixão pela literatura, revelou ser um aluno talentoso e muito elogiado pelos seus mestres.
Em 1875, mudou-se para o Rio de Janeiro, matriculando-se na Faculdade de Medicina da capital. Sua inteligência despertou a atenção dos professores Bonifácio de Abreu, Ramiz Galvão, Souza Lima. Sabóia e, principalmente, Torres Homem (de quem Francisco de Castro foi, durante toda a vida, grande admirador).
Deveria concluir o curso de medicina em 1879 mas, um sério desentendimento entre os doutorandos e o professor de Medicina Legal, fez com que Francisco de Castro voltasse para Salvador, matriculando-se na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual colou o grau de doutor em medicina, no dia 13 de janeiro de 1880.
Diplomado, retornou ao Rio de Janeiro, onde ingressou no Corpo Médico do Exército, nele permanecendo oito anos. Mo Exército, travou relações com Euclides da Cunha.
A partir de então, preparou-se para a vida acadêmica.
Concorreu ao lugar de Professor adjunto de Clínica Médica. “Esse trecho da sua vida, diz Sá Menezes, é dos seus mais profundos estudos, das vigílias intermináveis, da ânsia de saber, da sofreguidão de aprender para ensinar” (Obra citada).
Exercitou-se nas cadeiras de Fisiologia e Patologia Geral, merecendo de Torres Homem o seguinte comentário: “O Dr. Francisco de Castro há de chegar à culminância da Medicina Brasileira !”
Falecendo Torres Homem, em 1887, Francisco de Castro, assumiu a regência da cadeira.
Humanista invejável, freqüentava os clássicos com a maior intimidade, intercalando, em suas aulas maravilhosas, freqüentes citações de Camões, Cervantes e outros luminares do mundo das letras.
Sua fama de propedêuta, patologista e terapeuta, era por todos reconhecida e comentada. Seus alunos diziam que ele era um “divino mestre”.
Sua primeira providência foi concluir “Lições de Clínica Médica”, do Professor Torres Homem.
Em 1890, face a reforma do ensino, passou a reger a cadeira de Clínica Propedêutica.
Redobrou seus estudos, intensificou sua atividade intelectual e preparou seu famoso “Tratado de Clínica Propedêutica”, em 3 volumes. O terceiro volume, não foi possível publicá-lo: ao examinar um paciente acometido de peste pulmonar, contaminou-se e, em poucos dias, faleceu.
A morte o levou em 11 de outubro de 1901, em pleno vigor da maturidade.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1. Castro, Aloysio de – Francisco de Castro, meu pai. Disponível em http:// www,.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/iah/P/verbetes/castfran.htm. Aces so em 7 de fevereiro de 2009.
2. Francisco de Castro- Disponível em http://www.biblio.com.br/Templates
/FranciscodeCastro.htm. Acesso em 7 de fevereiro de 2009.
3. Francisco de Castro(médico, professor, orador e poeta) – Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_de_Castro. Acesso em 7 de feve
reiro de 2009.
4. Ribeiro, Nilzo A.M. – Discurso de Posse. Anais da Academia de Medici
na da Bahia, Volume X, dezembro 1994.
5. Sá Menezes, Jayme – Francisco de Castro – Luzeiro da Medicina. Anais
da Academia de Medicina da Bahia, Volume II, junho 1979.
6. Sá Menezes, Jayme – Caminhada..., Volume I . Salvador, 1993.
APÊNDICE I
FRANCISCO DE CASTRO
EXTRAÍDO DO SITE DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS ( www.academia.org.br)
INTERIOR DA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Francisco de Castro, médico, professor, orador e poeta, nasceu em Salvador, BA, em 17 de setembro de 1857, e faleceu em 11 de outubro de 1901, no Rio de Janeiro, RJ. Eleito em 10 de agosto de 1899 para a Cadeira n. 13, na sucessão do Visconde de Taunay, não chegou a tomar posse. Deveria ser saudado pelo acadêmico Rui Barbosa. Era pai do também acadêmico Aluísio de Castro.
Filho do negociante Joaquim de Castro Guimarães e de Maria Heloísa de Matos, ficou órfão de mãe desde cedo. O pai desdobrou-se em desvelos, preocupado com a sua educação, e encaminhou-o para o Ateneu Baiano. Em 1873 o pai levou-o à França e, em Paris, Francisco aperfeiçoou alguns estudos, familiarizando-se com a língua de Baudelaire, a ponto de escrever versos em francês, incluídos no volume das Harmonias errantes. No ano seguinte, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia. Durante o curso acadêmico, deixou-se atrair pelo convívio literário, tendo, entre seus companheiros, Guilherme de Castro, irmão de Castro Alves. A admiração pelo poeta dos "Escravos" exerceu decisiva influência na sua poesia, emprestando-lhe a sua feição condoreira.
Desde os bancos acadêmicos, granjeou invejável fama de talentoso e estudioso. Veio para o Rio, onde sua fama cedo se consolidou, como homem de letras e como homem de ciência. Ocupou o cargo de diretor do Instituto Sanitário Federal, em 1893, e foi médico do Exército durante nove anos. Adversário da desoficialização do ensino técnico superior, proferiu memorável discurso na colação de grau dos doutorados de 1898, aplaudido por Rui Barbosa na Imprensa. Foi professor da cadeira de Clínica Propedêutica e, em 1901, diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Paralelamente ia exercendo também a sua atividade de escritor, em livros de assuntos médicos e proferindo discursos que, publicados depois de sua morte, mereceram um belíssimo prefácio de Rui Barbosa. Foi uma autêntica vocação literária, um escritor de linguagem cuidada, que se impôs à sua geração como um modelo. Poeta, ainda inspirado no Romantismo, publicou versos também sob o pseudônimo Luciano de Mendazza. Reuniu-os num volume, ao qual deu o título de Harmonias errantes, livro que mereceu uma introdução de seu amigo Machado de Assis.
Francisco de Castro deixou uma tradição de bondade extrema, e seu grande exemplo foi lembrado por gerações sucessivas de médicos. Muitos o chamavam "o divino Mestre", conservando o culto de sua figura, que ficou sendo uma espécie de patrono deles todos. Aluísio de Castro deixou sobre ele uma página admirável, "Meu pai", onde registrou: "... a admiração que eu lhe votava era tão funda e tal união nos vinculava em tudo, que esses poucos anos do seu trato, sentindo-lhe a suavidade para mim como que divina, me valeram por uma vida inteira de ensinamentos e ele me ficou como o farol de sempre."
Obras: Harmonias errantes, poesia, introdução de Machado de Assis (1878); Polêmica pessoal (1894); Discurso pronunciado na colação de grau dos doutorandos em medicina (1899); Discursos (1902); colaboração na Estante clássica da Revista de Língua Portuguesa, vol. 4 (1921) e na Revista Brasileira (1879-1881). Obras de medicina: Da correlação das funções, tese de doutoramento; O invento Abel Parente do ponto da Medicina Legal e da moral pública; Tratado de Clínica Propedêutica, 2 vols.
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