144- FRANCISCO SABINO ÁLVARES DA ROCHA VIEIRA
(SABINO VIEIRA)
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A década de 1830 foi muito agitada. Revolução, era o assunto de todas as conversas, na cidade do Salvador.
Diziam que o próprio governo da província conspirava. As sociedades secretas fervilhavam. A imprensa, também.
A conspiração reunia os exaltados da reação conservadora, os federalistas de 1832 e 1833, os decepcionados com o Ato Adicional, os republicanos, os separatistas e os simpatizantes da Guerra da Farroupilha.
A situação, extremamente explosiva, foi agravada com a fuga de Bento Gonçalves, líder do movimento gaúcho, até então preso na Forte do Mar (hoje, Forte São Marcelo).
A notícia da fuga animou os lideres revolucionários, principalmete Daniel Freitas, Sérgio Veloso, Alexandre Sucupira, José Joaquim Leite e, sobretudo, Dr. Sabino Vieira – figura central do movimento.
Dr. Sabino Vieira esteve no Rio Grande do Sul, antes de 1835, e veio entusiasmado com a revolução gaúcha. Ele era um médico pobre, mestiço, intelectual, inconstante, violento, descontrolado e ambicioso. Todavia, muito popular, pois era caridoso e acolhia, com o mesmo desvelo, os pobres e necessitados, os oprimidos e desesperados.
Sua biblioteca, de mais de quatrocentos volumes, era a mais expressiva do seu tempo.
Havia, poucos anos antes, se submetido a concurso, pleiteando ser professor da Faculdade de Medicina.
Assim, tornou-se o chefe da revolução, conhecida como “Sabinada”.
Os revoltosos proclamaram a independência da Bahia, e criaram o “Estado Livre Baiense”.
Elegeram o Dr. Inocêncio da Rocha Galvão, presidente da república. O Dr. Sabino Vieira, foi nomeado Ministro do Exterior.
A Regência reagiu: nomeou Antônio Pedroso presidente da província, incumbindo-o de debelar a rebelião.
O comandante João Crisóstomo Calado, arregimentou cinco mil homens e iniciou a luta contra os revoltosos, os quais foram vencidos. Houve numerosas, baixas de ambos os lados.
A ordem foi restabelecida. A república baiense durou, apenas, quatro meses -- isto é, de 7 de novembro de 1837 a 14 de março de 1838.
Os legalistas iniciaram a caça aos líderes rebeldes. Sabino Vieira refugiou-se, mas foi encontrado “dentro de um armário, coberto de roupas sujas, vestido apenas com uma camisa, e descalço” ( ).
Foi condenado à morte. D. Pedro II, recém coroado, anistiou os presos políticos e Sabino Viera foi transportado para a cadeia de Cuiabá. No caminho, conseguiu fugir, escondendo-se na Fazenda Jacobina, no interior do Mato Grosso.
Tornou-se amigo do Coronel João Carlos Pereira Leite, seu protetor.
Concentrou-se no exercício profissional e, como médico, foi muito útil à região. Criou um pequeno jornal, chamado “O Bororó” .
Faleceu em 1846.
Em 1896, o Instituto Histórico e Geográfico da Bahia solicitou à família Leite, os restos mortais do Dr. Sabino Vieira, transladando-os para Salvador.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1. Mott, Luiz – Sodomia na Bahia. Disponível em http://www.inquice.ufba
. Acesso em 01 de fevereiro de 2009.
Sabinada. Disponível em http://cadete.aman.ensino.eb.br/HistMildoBras
2 il/Sabinada/htm. Acesso em 01 de fevereiro de 2009.
APÊNDICE I
A SABINADA
(Extraido de A SABINADA NA BAHIA – Disponível em http://www.ahimtb.org.br/c3h.htm)
A BAHIA NA ÉPOCA DA SABINADA
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A Sabinada na Bahia 1837-1838
Generalidades
“No Rio Grande do Sul a Revolução Farroupilha atingia a sua fase áurea e no Pará ainda resistiam núcleos cabanos. Estas duas se constituíram nas mais duradouras revoltas do período regencial e os maiores desafios à pacificação e com possibilidades de envolvimento externo. No norte com França, no Amapá e ,no Sul com as repúblicas do Uruguai e Argentina no Rio Grande do Sul .
Na Corte, o Parlamento e Regência se degladiavam ! Nos meios intelectuais do Brasil incidiam várias doutrinas mal assimiladas, cujos defensores teoricamente se extremavam em defendê-las e colocá-las em prática ,sem levar em conta a viabilidade prática das mesmas, num pais gigante que ensaiava seus primeiros passos, independente.
Uns defendiam as idéias em moda da Revolução Francesa e outras do federalismo americano.E as lojas maçônicas eram o fórum de debates destas idéias, inclusive de defesa do modelo de monarquia constitucional inglesa.
E na Bahia todas estas idéias estavam em debates em jornais, os quais de 1831-1837 foram editados em número de 60 .
Mas nesta babel de idéias em debate, havia um consenso - a necessidade de uma revolução.
Consenso de conservadores exaltados ,de federalistas vencidos em 1832 e 1834,de desiludidos com o Ato Adicional à Constituição e de republicanos desesperançados com a não adoção da República do Brasil ,com a consagração do Império ou Monarquia em 1822 e a sua preservação em 7 de abril de 1831, com a atuação prudente do Exército sob a liderança do brigadeiro Francisco Lima e Silva e seus familiares militares ,onde se incluía o seu filho cap Luis Alves de Lima e Silva ,o nosso futuro Duque de Caxias
Isto, por verem que a Monarquia só teria chance de vingar com a abdicação de D.Pedro I em favor de seu filho Pedro ,menor de idade.Tese que vigorou para a felicidade do Brasil ,na época ,por ser um penhor da Unidade Nacional.
A prisão do líder farrapo general Bento Gonçalves da Silva no Forte do Mar,em Salvador, muito animou os baianos que inclusive tramaram sua exitosa fuga com apoio da Maçonaria.
E foi dentro deste clima que seria tentada a revolução baiana,congregando entre suas lideranças civis e militares do Exército.
Estes como os que aderiram em massa à Revolução Farroupilha possuíam sérias reservas pelas atitudes erradicadoras do Exército levadas a efeito por lideranças parlamentares que pretenderam, sob o belo argumento de destinar o Exército à defesa do litoral e das fronteiras ,lá colocá-lo em realidade com efetivos reduzidíssimos .
Esta circunstância tem sido omitida por razões várias.E crê-se hoje que Caxias as entendeu muito bem e procurou administrá-la dentro do que era possível nas suas circunstâncias da época.
Desenvolvimento da Sabinada
Em 7 nov1837 o líder revolucionário baiano -o médico Dr Francisco Sabino A. da Rocha Vieira, acompanhado de 4 companheiros dirigiram-se a Forte São Pedro. Convocaram o corneteiro do forte e o mandaram executar o toque "Chamada Ligeira" que era a senha para ter início a revolução .
E em seguida tomaram o forte com apoio da guarnição deste.E deram a organização possível ao dispositivo militar revolucionário.
Na esteira dos batalhões revoltados, populares a eles se reuniram na Praça do Palácio. Divergências entre o Presidente,e o Comandante das Armas e o Chefe de Polícia da Bahia imobilizaram a reação do governo.
Em reunião na Câmara de Vereadores os revolucionários decidiram:
"A Bahia fica inteira e perfeitamente desligada do governo denominado Central do Rio de Janeiro e considerado estado independente."
O presidente legal refugiou-se num navio e renunciou dando parte de doente.
O dr Sabino era um médico pobre ,mas por humanitário ,era muito querido dos pobres, infelizes e oprimidos .Era fiel ao juramento de Hipócrates, parece que uma característica ética da medicina baiana da época.
Em realidade parece ter sido ele a alma e o cérebro da revolução que tomou seu nome - A Sabinada.
A reação à Sabinada começou no Recôncavo Baiano .O Chefe de Polícia Gonçalves Martins foi o líder da contra-revolução, conseguindo que ela ficasse circunscrita a Salvador sem ganhar o interior baiano.
A primeira medida militar da Regência foi submeter Salvador a rigoroso sítio terrestre e naval pela Marinha e Exército .
Sítio ou bloqueio que na parte naval era vez por outra quebrado por navios estrangeiros, por interesses comerciais .Nem os revolucionários saiam de Salvador ,nem estes deixavam ali entrar as forças legais,
Foi nomeado para conduzir as operações contra os revolucionários o gen João Crisóstomo Calado, veterano da Batalha do Passo do Rosário em 20 fev 1827, onde tivera papel saliente no comando de uma Divisão de Infantaria da Esquerda, tendo enfrentado os seus cunhados uruguaios- os irmãos Inácio e Manuel Uribe. Personagem estudado por seu parente:
FRANCO, Afonso Arinos de M. Um soldado do Reino e do Império. Rio de Janeiro :BIBLIEx,1942.
Em 23 jan 1838,ele assumiu o Comando das Armas da Bahia, em Pirajá, tendo encontrado a tropa em lastimável estado. E levou 50 dias para colocá-la em pé de guerra para investir Salvador.
Os revolucionários sabinos eram fracos no mar ,mas em terra possuíam expressivos efetivos ,cuja força fora potencializada por escudar-se em trincheiras e em fortes.
Em 13 mar 1838, pela manhã ,o general Calado investiu Salvador com 3 brigadas do Exército, formando cada, uma coluna, e com mais o reforço de uma brigada pernambucana de 2a linha .A esta caberia em Bate Folha romper o fogo e dar início ao assalto das trincheiras revolucionárias.
A Brigada do Centro, ao comando do tem. Cel. Argolo Ferrão ,(baiano que construiria a Estrada do Chaco no Paraguai), em disputado e sangrento confronto atingiu a região de Sítio do Resgate
A Brigada da direita ao comando do cel. Correia Seara avançou até a região de São Caetano.
A brigada da esquerda do tem. Cel. Sepúlveda atingiu a região de São Lourenço.
A luta prosseguiu durante todo o dia 14 de março, com violência .Os revolucionários começaram a atear fogo em casas. Para prevenir o incêndio da área comercial para lá o gen. Calado destacou uma brigada.
Em 15 mar 1838, o gen. Calado progrediu com seu Exército no direção do principal objetivo militar e político da contra revolução - o Forte de São Pedro.
Ao defrontar-se com o Forte São Pedro os revolucionários propuseram-lhe anistia para todos.
E Calado envia-lhes por escrito a seguinte resposta lacônica mas determinada:
"Ao general do Exército Brasileiro com forças sobre o Forte de São Pedro só convém que a guarnição rebelde se entregue a descrição( rendição incondicional).Campo do Forte de São Pedro,15 de março 1838,as 6 horas da tarde ."
Em seguida renderam-se os revoltosos do Forte do Mar de onde Bento Gonçalves havia fugido para assumir a Presidência da República Rio Grandense
O general Bento Gonçalves da Silva, esteve preso no Forte do Mar por 13 dias , desde o final de agosto até 10 nov. 1837 , data de sua fuga espetacular e assim desvendada por Pedro Calmon e aqui sintetizada:
Do Forte do Mar ,Bento Gonçalves foi levado para a ilha de Itaparica. Ali foi embarcado num navio que transportava farinha de trigo destinada a Pelotas e Montevidéu. Foi desembarcado em Florianópolis. Dali ,a cavalo ,seguiu em companhia do catarinense Mateus. Em 3 de Nov. atingiu Torres e em 10 de nov atingiu Viamão, Quartel General do sítio terrestre de Porto Alegre ao comando do cel Onofre Pires, com quem duelaria mais tarde por questões de honra e o feriria de morte com sua espada albana.
Havia decorrido 1 ano e sete meses de sua prisão na ilha do Fanfa ,no rio Jacui e 2 meses de sua fuga do Forte do Mar.
Síntese biográfica do líder farrapo na obra nossa citada O Exército farrapo e os seus chefes.Rio de Janeiro : BIBLIEX,1992.v.1.
Ela esclarece mais o episódio, bem como a figura do chefe baiano ten cel Francisco José da Rocha que participou de sua libertação o qual o líder farrapo acolheria no Rio Grande, finda a Sabinada, fazendo-o comandante de um batalhão de Infantaria farrapo e a mais alta autoridade maçônica no Rio Grande
.Por isto ele elevaria a grau compatível o gen. Canabarro para que este pudesse assumir o comando do Exército farrapo ao final.
Bento Gonçalves chegou na Bahia "com ar seco, aspecto melancólico e sisudo" segundo o Jornal local.Mas sua breve permanência serviu para motivar a Sabinada.
As duas prisões em que o prenderam eram insalubres e desconfortáveis conforme se conclui de carta de sua lavra:
"Pedia 3 camisas por estarem as suas em frangalhos,um capote por sentir frio a noite,pois só tinha um lençol para cobrir-se e , um par de tamancos para poder passear na masmorra em que estava preso que é toda uma lagoa cheia de imundície e de péssimo cheiro."
A Bahia foi restaurada à Regência e pacificada na noite de 15 mar1838 .
As perdas revolucionárias mencionadas por algumas fontes se elevaram a morte de 1258 ,segundo os sepultamentos efetuados e a 160 casas incendiadas e a prisão de 2,298 revolucionários republicanos.
O Dr. Sabino buscou proteção na casa do cônsul francês. Submetidos a julgamento ,muitos revolucionários foram condenados à morte. Foram interpostos sucessivos recursos até o derradeiro ao Superior Tribunal de Justiça .Antes que este fosse decidido ocorreu a Maioridade de D.Pedro II que concedeu clemência aos republicanos baianos e estendeu a anistia a todos os delitos políticos.
Líderes revolucionários foram anistiados e confinados longe de grandes centros.
E assim terminava mais uma tentativa republicana e com ela a preservação a Unidade e Integridade do jovem Brasil em seus primeiros e dificultosos passos na Comunidade das Nações.
O futuro Duque de Caxias continuava a fazer a segurança do Governo Central e a Segurança Pública da capital do Império e com medidas preventivas desestimulando novas aventuras insensatas que marcaram no Rio os primeiros tempos da Regência.
E pacificada a Bahia ,dentro em breve seus serviços seriam reclamados para pacificar a Balaiada no Maranhão ,uma espécie de versão maranhense da Cabanagem como se verá.
Entre outros estudos sobre a Sabinada destacam-se a seguintes obras:
BLACKE,Sacramento.A Revolução da Bahia de 7 nov. 1837. RIHGB. Tomos 48,2a parte 1885 e 50 ,2a parte ,1887.
VIANNA FILHO,Luiz.A .A Sabinada.Rio de Janeiro:José Olympio,1946.”
APÊNDICE II
“O ROBESPIERRE BAIANO”
http://www.google.com.br/images?hl=pt-br&biw=1362&bih=595&gbv=2&tbs=isch3A1&sa=1&q=A+SABINADA&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=g1&aql=&oq
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“Francisco Sabino Vieira colecionava 436 volumes da mais expressiva biblioteca privada do seu tempo.
O professor Francisco Sabino Vieira possuía uma das mais expressivas bibliotecas particulares de seu tempo. Em sua residência, nas portas do Carmo, ele colecionava 436 volumes, dentre eles o recém-lanado “De la memocratie em Amerique”, de Aléxis Tocqueville. Era surpreendente que daqui, desse ponto da América do Sul, um homem estivesse tão inteirado do fluxo das idéias políticas européias. Os oficiais que fizeram o levantamento dos seus bens após a retomada da cidade sabiam disso. E ressaltaram a existência de “perigosos” pensadores iluministas, como Voltaire e Rousseau, em sua estante. Também Locke, Milton e Pope se apertavam contra manuais de anatomia e obstetrícia. Política e medicina: suas grandes paixões.
Mas enquanto os oficiais devassavam sua casa e varriam a cidade à sua procura, Sabino se protegia da fúria legalista no casarão do cônsul francês. Ai ele foi encontrado apenas na manhã do dia 22 de março. Aos 40 anos, estava escondido num armário, “coberto de roupa suja de camisa e descalço”. Saiu preso e incomunicável, sendo posto em ferros, a bordo Ca corveta “Sete de Abril”.
O homem que batizou uma revolta era um belo mulato de olhos azuis. O Sabino tinha juma “estatura mediana, testa alta e larga, com uma cicatriz transversal no rosto, sobrancelhas grossas, cabelos castanhos e crespos, barbas fechadas e suíças pequenas”, como descreveu o funcionário que lavrou seu termo de prisão. Bonito e eloqüente, antes desse grande papel, Sabino já havia figurado em inúmeros outros episódios de nossa história”.
APÊNDICE III
“ÂNIMO VIRULENTO”
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“Francisco Sabino Vieira participou da resistência à posse de Madeia de Melo, em 1822, evento que desaguaria na luta pela independência. Na batalha do Dois de Julho, foi preso por radicalismo contra o inimigo, por ordem do próprio general Labatut, como nos conta Luis Henrique Dias Tavares, em “A Independência do Brasil na Bahia”. Mesmo não sendo militar, seu nome aparece ao lado de importantes movimentos de classe. Em 1824, apóia o levante do Batalhão dos Periquitos. Mais tarde candidata-se ao cargo de cirurgião-mor do Hospital Militar, mas não é aceito por conta de seu espírito exaltado. Converte-se então ao jornalismo, editando o “Investigador Brasileiro” e, mais tarde, o “Novo Diário da Bahia”, este último persistindo até o final da revolta separatista.
De ânimo virulento e arrebatado, Sabino Protagonizou agressões e assassinatos. Em novembro de 1833, é xingado em plena rua pelos irmãos José Joaquim e Vicente Ribeiro Moreira. Especula-se que Vicente, adversário político e editor do concorrente “Jornal do Comércio”, o tenha insultado por suas inclinações homossexuais e pela conseqüente morte da esposa, a jovem Joaquina Gonçalves, de 25 anos. Sabido revida a ofensa com uma bengalada e, para defender o irmão, Joaquim jura-o de morte.
No mês seguinte, após uma aula de fisiologia na Escola de Medicina, no Terreiro de Jesus, Sabino segue para a Secretaria do Governo, na Praça Municipal. No percurso, é agredido por José Joaquim e com ele se atraca à luz do dia. Em frente à Câmara Municipal, Sabino se defende com um bisturi, matando o opositor. Condenado a seis anos de prisão, ele passa apenas um na cadeia e é exilado no Rio Grande do Sul.
A morte de sua mulher deu-se meses antes. Era noite e Sabino estava deitado na rede, na residência do casal, na Rua da Castanheda, em Nazaré. Joaquina chegou e viu-o “servindo-se de um homem preto como se fora mulher, como diriam, mais tarde, as testemunhas que ouviram o relato da preta Maria, escrava da casa. Flagrado em pleno ato, Sabino investiu contra Joaquina com uma faca. Na confusão, ela cai da escada e fratura o braço, que infecciona. Apesar dos posteriores cuidados do médico, a moça acaba morrendo de tétano. Sabino se vê implicado num processo judicial, mas é absorvido.”
APÊNDICE IV
“CONDENADO”
SOLDADOS - SABINADA (BAHIA, 1837)
“Com esse histórico não é de surpreender que os grande homens da província tenham rejeitado um governo sob a liderança de Francisco Sabino Rocha Vieira. Ser subversivo e “falso ao corpo” era demais para gente como o senhor de escraos Antônio da Rocha Pita e Argolo, que, ao oferecer 60 homens para o exército legalista, disse uma frase tornada célebre: “!Dou esta gente não porque não adote a revolução, que acho até boa, mas porque não quero ser governado pelo doutor Sabino !”
Preso e incomunicável na Bahia de Todos os Santos, Sabino percebia que sua carreira política e acadêmica havia chegado ao fim. O professor e ex-aluno exemplar, que se formara aos 17 anos, não via diante de si nenhum futuro. No final do ano, o Júri de Sangue, assim chamado pela incompetência com que julgou os revoltosos, condena-o a morte. Seus companheiros teriam o mesmo fim.
Sucessivos recursos se arrastaram até agosto de 1840, quando o adolescente Pedro, de 14 anos, assume o Império brasileiro, após um golpe de Estado que antecipa sua maioridade. Seguindo o conselho de ministros, o jovem imperador anistia os súditos envolvidos em crimes políticos ocorridos durante a regência. Com uma condição: afastá-los dos grandes centros urbanos. Sabino segue para Goiás, enquanto os demais líderes se dividem em pequenas cidades de Minas Gerais e São Paulo. O francês Alexandre Gaullet, presença ativa da força Sabina, é repatriado para a Europa.
APÊNDICE V
“MEMÓRIA REBELDE”
Extraido de
COMANDANTE MILITAR NA ÉPOCA DA SABINADA
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“A trajetória de Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira ainda não foi devidamente resgatada.
Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira não virou nome de rua, de escola ou sequer possui um quadro com sua imagem em nossa cidade. Nasceu em Salvador de 1797, faleceu 49 anos depois em Mato Grosso e, hoje, seus ossos descansam numa urna de 50cm num corredor do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, na Piedade. O temor que sua delirante tentativa causou na corte ao tornar a Bahia independente é geralmente resumido em três parágrafos nos livros do ensino médico. A nossa memória, sim, core mais riscos.
“A Sabinada é um movimento muito pouco estudado. É necessário se debruçar, por exemplo, sobre a falta de amadurecimento programático dos revoltosos”, ressalta o historiador e tradutor Paulo César Souza, autor de “A Sabinada”. A revolta separatista da Bahia, um dos poucos livros escritos sobre o tema, Paulo dá a dica para novas pesquisas: “Existem muitos documentos aqui em Salvador, mas boa parte está no Rio de Janeiro, a sede do Império. Aqui estão muitos documentos oficiais, mas lá estão os jornais com o pensamento dos revoltosos”. Periódicos revolucionários, como o “Sete de Novembro”, descansam na seção de microfilmagem da Biblioteca Nacional e do departamento de História da Universidade de São Paulo, mas não podem se encontrados na Bahia,
César Souza escreveu uma obra de referência no assunto como resultado de sua dissertação de mestrado. Ele consultou os cinco volumes de documentos impressos pelo Arquivo Público da Bahia, editados em homenagem ao centenário da insurreição, e ainda teve acesso aos jornais da época.”A repressão violenta empreendida contra a Sabinada e suas idéias foi o coroamento de todo um período de lutas urbanas, ocorrido nas primeiras décadas do século XIX. Depois da Sabinada, nenhuma outra grande revolta ocorreu na Bahia durante o Império”, analisa.”
Caro Dr. Geraldo, fiquei muito feliz em encontrar seu blog, pois estou pesquisando um ancestral meu, que, foi o terceiro formando em medicina da UFBA. seu nome é Francisco Sabino Alves da Rocha Vieira, um dos principais ativistas da independência da Bahia. Mesmo sem sua permissão já estou seguindo o seu blog, caso seja de seu agrado e vontade, pode seguir o meu blog também blogdolobbo.blogspot.com
ResponderExcluiratt; Durval Sabino
Durval,
ExcluirParabéns pelo seu blog.
Envie dados sobre seu ancestral, Dr. Francisco Sabino Alves da Rocha Vieira, ilustre personagem baiana.
Meu e-mail é leite.geraldo@uol.com.br
Grande abraço
Geraldo Leite
Sou Vieira, mas a família de meus antepassados são de Alvinópolis(MG). Sei que meu bisavó era mulato,por ouvir dizer, filho de um filho de fazendeiro com uma negra. Era médico na Bahia e colocou em um filho nome de José Joaquim, por sinal, meu avô paterno. A família faz segredo, ou realmente não sabe nada sobre a origem dele. A memória mais recente, que possuímos, era que além do filho José Joaquim, foi genitor de outra prole, todos com nomes franceses, tipo, lavoisier, la chapelle, louise, leocádia etc. Dr. Geraldo, há algum registro do Dr. Francisco Vieira que contenha algum desses dados? marrovieira@gmail.com
ResponderExcluirMárcio Vieira, Belo Horizonte(MG)
Estimado Márcio,
ExcluirInfelizmente não os dados 1ue você solicitou.
Grande abraço
Geraldo Leite