CELESTINO BOURROUL
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Paulista, nascido na capital de São Paulo, em 13 de novembro de 1880. Seus pais foram Paulo e Sebastiana Bourroul, primos, descendentes de Etienne Bourroul, imigrante francês.
Celestino iniciou seus estudos na escola do padre Hipólito, completando-os no Colégio São Luiz, de Itu.
No início de 1899, veio para Salvador, onde se matriculou na Faculdade de Medicina da Bahia.
Após brilhante curso, no qual obteve excelentes notas em todas as cadeiras, colou o grau de doutor em Medicina, no ano de 1904.
Sua tese inaugural, verdadeiramente inovadora, versou sobre “Mosquitos do Brasil”. A referida tese resultou de um exaustivo trabalho de campo, por ele realizado na ilha de Itaparica. “Celestino criou um mosquito no ambiente da água das bromeliáceas. Descreveu sete novas espécies, das quais uma com certeza foi por ele descoberta, o que trouxe importante contribuição à Parasitologia. A dissertação, que consideraram de grande importância para a Medicina, proporcionou-lhe nota máxima, lamentando a banca examinadora não existir o “louvor superior” para premia-lo. Recebeu, entretanto, a distinção de “laureado”, que conferia ao aluno de destaque pela inteligência, excepcional aproveitamento e conduta exemplar, o prêmio de uma viagem à Europa” ( 1).
Aperfeiçoou-se, o jovem médico, na França, Alemanha e Áustria.
Na França, estudou com o Professor Grasset, médico de fama internacional, e no Instituto Pasteur, de Montpellier, onde o celebre bacteriologista Professor Rolart, mandou que ele organizasse o curso de Microbiologia. Em Berlim, estagiou no laboratório de Anatomia Patológica do Professor Ortti. Em Viena, se especializou, com os melhores mestres, em Clínica Médica, Radiologia e Anatomia Patológica.
A Bahia o esperava, de braços abertos, certa de que Celestino continuaria o caminho traçado por Wucherer, Paterson e Silva Lima.
Celestino Bourroul, todavia, regressou para São Paulo.
Instalou seu consultório na capital paulista, acercou-se dos maiores clínicos e cientistas do seu estado natal, tornando-se Professor de Parasitologia da recém criada Faculdade de Medicina de São Paulo.
Realizou trabalhos de inestimável valor, no campo de sua especialidade. Escreveu numerosos artigos em periódicos científicos, proferiu conferências no Brasil e no exterior, participou de instituições médicas, nacionais e internacionais.
Em 1950, quando exercia a cátedra de Doenças Tropicais e Infecciosas da Universidade de São Paulo, afastou-se por indicação médica, com o diagnóstico de doença cardiovascular.
Aposentado, aos setenta e dois anos, continuou trabalhando em sua clínica particular.
Faleceu em 9 de outubro de 1958.
Sua última recomendação foi: “ A todos um “Deus lhe pague” e um “Adeus” – até no céu onde nos encontraremos um dia, sem mais separações, para sempre” (Ibidem).
FONTES CONSULTADAS:
1. Capuano, Yvone – Celestino Bourroul. Disponível em http://www.sbhm.o
rg.br/index.asp?p=medicos_view&codigo=91. Acesso em 23 de Janeiro
de 2009.
2. Celestino Bourroul. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Celestino
_Bourroul. Acesso em 23 de janeiro de 2009.
3. Lacaz, Carlos da Silva – Vultos da Medicina Brasileira. São Paulo, 1966.
APÊNDICE I
EXEMPLO DE VIDA
(Extraido de http://hcanc.org.br/intro/hcb.html)
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“Uma viagem à ilha de Itaparica, rica em beleza, proporcionou ao jovem Celestino Bourroul a possibilidade de realizar um trabalho de pesquisa. Celestino criou um mosquito no ambiente da água das bromeliáceas. Descreveu sete novas espécies, das quais uma com certeza foi por ele descoberta, o que trouxe importante contribuição para a Parasitologia. A dissertação, que consideraram de grande importância à Medicina, proporcionou-lhe a nota máxima, lamentando a banca não existir o louvor superior, para premiá-lo. Recebeu, entretanto, a distinção de Laureado, que conferia ao aluno destaque pela inteligência, pelo excepcional aproveitamento e pela conduta exemplar, o prêmio de viagem à Europa.
Em 1904, voltando a São Paulo, preparou-se para ir à França, onde se aperfeiçoaria. Lá estudou com o Professor Grasset, médico de fama internacional, completando o aprendizado no Instituto Pasteur de Montpellier, onde o famoso bacteriologista Professor Rolart chamou-o para que organizasse o curso de Microbilogia . Em Berlim, para onde seguiu , estagiou no laboratório de Anatomia Patológica do Professor Orth. Terminados os estudos, partiu para Viena, onde se especializou em Clínica Médica, Radiologia e Anatomia Patológica.
Retornando ao Brasil, instalou o consultório em São Paulo. Aproximou-se dos cientistas, intelectuais e religiosos, porquanto desde jovem se mostrava católico fervoroso, demonstrando-o pela homenagem que fizera à Virgem Santíssima no preâmbulo da tese.
Aos 30 anos era médico consegrado. A afeição a Adolfo Lutz, o cientista que o orientara na dissertação de formatura, os artigos, escritos nos renomados centros médicos da França, Áustria e Alemanha, tudo contribuiu para torná-lo conhecido e respeitado. O binômio Bourroul-Lutz durante anos orientou pesquisadores como Osvaldo Cruz, Carlos Chagas e Artur Neiva.Em 1912, casou-se com Maria da Conceição Monteiro de Barros, estudante da Escola Normal, na época com 19 anos. O casal teve oito filhos e viveu unido por mais de 30 anos. Depois que a perdeu, Celestino Bourroul jamais tirou o luto.
Em 5 de agosto, assumiu na Faculdade de Medicina a Cátedra de História Natural médica, denominada mais tarde Parasitologia. Em 1921, estabelecido um convênio técnico-financeiro com a Fundação Rockfeller dos Estados Unidos, aceitou ser o seu representante. Acompanhou com muito interesse a construção da Faculdade de Medicina, iniciada em 1928 com o auxílio de Jáulio Prestes, então presidente do Estado de São Paulo, e o apoio da Fundação, o que o fez com trato de se construir também o Hospital das Clínicas. O edifício seria inaugurado em 1930. No ano seguinte, a Faculdade era equiparada aos melhores padrões federais e, em 1934, integrada à Universidade de São Paulo.
Em 1950, Celestino Bourroul, vice-diretor pela terceira vez, sentiu recompensado quando a Faculdade foi colocada entre as três escolas médicas de alto nível devido ao padrão e à qualidade de ensino pelo Concil on Medical Educations and Hospitals of the Amercan Medical Association and Executive Council of the Association of Medical College.
Desde 7 de outubro de 1921, fora nomeado chefe da Clínica médica do Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia. O espírito de humanidade, que lhe era peculiar, fazia-o considerar cada doente um ente querido.
O grande médico lecionou 37 anos, tendo como princípio a ética no amor ao doente.
Exerce: cátedra de Parasitologia; cadeira de Clínica de Doenças Tropicais e Infecciosas, chefia da Clínica Médica da Santa Casa de Misericórdia; direção do Departamento de Higiene da Faculdade de Medicina.
Aposentado da Faculdade, com 72 anos, continuou trabalhando: à tarde atendia no consultório, que apenas deixou em 1944. Todas as manhãs freqüentava a enfermaria da Santa Casa, quando examinava os doentes.
Em 9 de outubro de 1958, faleceu Celestino Bourroul, um dos maiores médicos brasileiros.
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