ARISTIDES NOVIS
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Nasceu em Cuiabá, em 18 de junho de 1885, sendo seu pai o Dr.Augusto Novis, notável médico da Armada Nacional, destacado para servir na capital do Mato Grosso.
Chegou à Bahia em 1901, com 16 anos de idade, ingressando, no mesmo ano, na Faculdade de Medicina.
Colou o grau de doutor em Medicina, em 1907, depois de um curso brilhante. Foi aluno laureado, e recebeu, como prêmio, viagem de estudo à Europa.
Foram seus colegas de turma: Antônio Ignácio de Menezes, Durvaltércio Bolívar de Andrade, José Olympio da Silva e Pedro Augusto Mello.
José Olympio da Silva foi professor e Diretor da Faculdade. Pedro Augusto de Melo foi o introdutor da identificação civil no Estado da Bahia e, em sua homenagem, o Governo estadual criou o Instituto Pedro Melo. Durvaltercio Aguiar foi professor da FAMED (4).
Em 1911, após excelente concurso, conquistou a livre-docência de Fisiologia. Em 1917, foi professor substituto de Fisiologia e, dois anos depois, catedrático da referida disciplina.
“Professor de palavra límpida e fluente, as suas aulas tinham o fascínio da exposição corrente e brilhante, que revestia a doutrina com as galas do verbo inspirado e cintilante, prendendo os alunos na trama da sua oratória, sem que isso em nada prejudicasse a perfeita transmissão do conhecimento, que assim se tornava mais nítida e atraente” (2).
Foi presidente da Sociedade Médica dos Hospitais da Bahia, diretor da Faculdade de Medicina e dos hospitais Juliano Moreira e Santa Izabel.
Membro fundador do Instituto Bahiano de História da Medicina, membro correspondente da Academia Nacional de Medicina, Diretor de Saúde e Secretário de Educação e Saúde.
Foi, por vários motivos, um dos médicos mais importantes da Bahia.
Faleceu em Salvador, no dia 30 de abril de 1953.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1. Leite, Geraldo – Reminiscências. Gráfica Universitária. Universidade Estadual de Feira de Santana, 2007.
2. Macedo Costa, Luiz Fernando – Aristides Novis. Sinopse Informativa.
Universidade Federal da Bahia. Ano II, No II, outubro. Salvador, 1978,
3. Sá Menezes, Jayme de – Aristides Novis . Anais da Academia de Medicina da Bahia, Volume VI, Julho de 1985.
4 Sá Menezes, Jayme de – Palavras de Ontem e de Hoje. Salvador, 1993.
5 Tavares-Netto, José – Formados de 1812 a 2008 pela Faculdade de Medicina da Bahia. Feira de Santana, 2008.
APÊNDICE I
A FAMA
A FAMA COROANDO EUTERPE Alegoria disponível em http://www.google.com.br/images?hl=pt-br&biw=1362&bih=572&gbv=2&tbs=isch%3A1&sa=1&q=a+fama&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=g1&aql=&oq= |
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“Na década de 40 a congregação da Faculdade de Medicina era constituída de 33 catedráticos e representava um dos organismos mais expressivos para por isso, a conduta e pronunciamentos daqueles professores eram sonorizados em vibrações centrífugas e crescentes, que alcançavam a classe médica e desdobravam para as camadas cultas de toda a comunidade.
Os estudantes adolescentes entretinham, à distância, uma admiração reverencial elos mestres da venerável “Escola do Terreiro”. E aquele entusiasmo, transmitido lendariamente de geração a geração, era ampliado pela visão ocasional dos professores ilustres, entrevistos no vidro de aumento da macroestesia juvenil.
Aristides Novis, “mestre” Novis, um dos arautos mais representativos daquele silogeu, simbolizava para nós – a juventude formada pelos ginasianos e vestibulandos da época – o paradigma singular, que reunia, a um tempo, as virtudes cívicas do cidadão e as qualidades intelectuais do mestre culto.
Admirá-lo antes de o conhecer, pelo transmitido consenso infalível de um atavismo geracional. A fama precedeu o ícone e, afortunadamente, não o desmereceu. Pelo contrário, o professor revelou-se maior, muito maior do que o seu imenso prestígio.
O encontro com o mestre, na segunda série médica, foi um renovado motivo de admiração e entusiasmo, que o tempo, implacável e agido, nunca, jamais deliu.”
APÊNDICE II
O MESTRE
Macedo Costa, Luiz Fernando – Aristides Novia. Sinópse Informativa. Universidade Federal da Bahia, vol. II, no II, Outrubro. Salvador, 1978
Macedo Costa, Luiz Fernando – Aristides Novia. Sinópse Informativa. Universidade Federal da Bahia, vol. II, no II, Outrubro. Salvador, 1978
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“O Professor Aristides Novis teve sempre a fama de ministrar “belas aulas”. Tão belas que, em regra, eram coroadas de palmas. Alunos de outras séries e até de outras escolas, contagiados pelas referências dos estudantes contemporâneos, iam ouvir suas preleções. Sem dúvida, as suas aulas eram belas.
Desse conceito, porém, resultou, por vezes, uma imerecida distorção, dedixando transparecer que suas aulas eram apenas belas. Acompanhei-as, ouvi-las, anotei-as, anos a fio, sem faltar a uma sequer, já na honrosa qualidade de seu assistente. Belas aulas, sem dúvida; belas e boas. Belas na forma, boas na substância, no conteúdo, nos conceitos atualizados, na profundidade das concepções. Às vésperas do seu desaparecimento, a última lição sobre vitaminas, com de hábito grafada no quadro, revelava idéias recentes, que naquela época deram desconhecidas para nós outros, os jovens, ávidos de modernidade. As lições, prenhes de contudo científico, eram freqüentemente arrematadas com perorações grandiloqüentes sobre conceitos éticos, conselhos morais e culturais de elevada grandeza, emitidos em grandes lances, altos rasgos, largos gestos. Para ele, a cátedra não era apenas o laboratório para preparar técnicos; era, ainda e sobretudo, a tribuna do magistério, de onde moldava a consciência profissional e o espírito do médico do futuro, pois Aristides Novis possuía o sentido majestático da cátedra e uma visão estatuária da Faculdade, num místico admirável de transportes românticos e arrebatamentos épicos.
Àquela altura, sem saber muito bem o que era, eu ouvia falar dos “varões de Plutarco” e da “Imponência olímpica”. Um tanto inconscientemente projetei esses conceitos sobre o mestre Novis.
Agora, tantos anos volvidos, comprovo o acerto daquelas idéias, pois não conheci, até hoje, cavalheiro mais digno do que ele para figurar na galeria imortal dos aristocratas áticos, pela imponência e elegância de atitudes. Professor de muita ciência, mestre de muitas consciências. Padrão e exemplo.
Sim, o Professor Novis era paradoxal no particular, por que, de um lado, era o padrão do rigor ascético para consigo próprio e de intransigência inarredável em relação aos princípios morais e, de outra parte, representava um exemplo de compreensão humana, tolerância e infinita generosidade de espírito para o próximo. Assim, em matéria de normas éticas, o mestre era daqueles, como Bergerac, cujo penacho podia ser sempre seguido como um fanal, para percorrer o iluminado e retilíneo caminho da honra.
No entanto, quando se tratava de julgar os outros, sobretudo como professor , mestre Novis era o exemplo de uma complacência que se confundia com a bondade excessiva.
Então, torturava-se a desenrolar intermináveis novelos de racionalização, buscando e rebuscando, em dialética divertida, a argumentação que justificasse a aprovação condescendente e até imerecida do aluno. Certa feita, percebendo que as explicações eram inconvincentes, concluiu sorrindo: “se for reprovado, o aluno talvez sinta; sofreríamos eu, como professor, e a família dele. Ora, como juiz, e de castigar a injustiça de deixar impune o estudante responsável e de castigar precisamente os inocentes, a família e eu”.
E fez justiça, a seu jeito, aprovando o discípulo. Assim era o professor”...
APÊNDICE III
O AMIGO
Extraído de Macedo Costa, Luiz Fernando – Aristides Novia. Sinópse Informativa. Universidade Federal da Bahia, vol. II, no II, Outrubro. Salvador, 1978
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“Aristides Novis não era um homem de efusivas manifestações afetivas. Contido nos excessos de qualquer natureza, sóbrio e comedido em todos os momentos, tinha um invencível pejo de exibir a magnanimidade de seu espírito. Mesmo na intimidade do laboratório, o mestre não se permitia demonstrações de afeição.
Não obstante este recato digno, desenvolvia, à sua roda, um ambiente alegre e amorável, respeitoso sem sisudez, sorridente porém composto, liberal e educado, em que enunciava a pilhéria sutil e reticente e instigava, com delicadas farpas de veludo, a reação intemperante dos assistentes jovens.
Jorge, o filho e sucessor, Simões, o amigo dileto, e eu próprio, compúnhamos o grupo que debatia, por vezes com incontida veemência, os assuntos polêmicos. Em meio à discussão surgia o mestre e apaziguava os ânimos, apenas com a sua presença suave e um semi-sorriso complacente.
Por tudo isso, por ser assim e assim proceder, nas pequenas coisas e, sobretudo, nas grandes coisas, costumava pedir para seu espírito palavras simples: “sua vida foi um supremo esforço de conciliação... por vezes malogrado”.
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