CLIMÉRIO CARDOSO DE OLIVEIRA
(CLIMÉRIO CARDOSO)
MATERNIDADE CLIMÉRIO DE OLIVEIRA- SALVADOR, Ba
(Primeira maternidade constuida no Brasil)
*
Nasceu em Salvador, no ano de 1855.
Colou o grau de doutor em Medicina, em 1877, pela Faculdade de Medicina da Bahia.
Professor adjunto de Clínica Cirúrgica, por concurso, em 1883. Lente de Clínica Obstétrica e Ginecológica, por concurso, de 1885 a 1911. Catedrático de Obstetrícia, de 1911 até ser aposentado, em 1914.
Concorreu à cátedra, tendo como concorrentes Antônio Rodrigues Lima e Diocleciano Ramos. Rodrigues Lima foi aprovado em 1º lugar mas, por razão ignorada, Climério Cardoso foi nomeado.
Os estudantes se revoltaram. Houve passeatas e concentrações em vários pontos da cidade, protestando contra o fato, o qual obteve repercussão nacional.
Regressando de viagem ao Rio de Janeiro, Rodrigues Lima foi recebido com festas, navios embandeirados, e discursos, dos quais foram oradoras Virgílio Damásio e Manoel Vitorino.
Climério, todavia, foi empossado e, de imediato, inverteu a situação. “A erudição e a beleza das aulas fizeram do curso de Clínica Obstétrica e Ginecológica, um dos mais festejados” (zezito).
O jovem professor, vibrante e atualizado, dono de poder verbal, criatividade e clareza, impressionantes, encantou seus alunos e adversários.
Desde cedo aprimorado na arte de versejar, transferiu esse dom para o ensino, tornando célebres alguns dos seus versos. Eis, por exemplo, como ele adverte contra os perigos de certas apresentações, durante o parto:
“Edema, tumefação,
Orifício estreito, rijo,
Corpórea retração,
Neoplasmas cervicais,
Procidência do cordão
Embaraçam, dificultam
As manobras de versão”.
Eis, numa quadra de sua autoria, a descrição do parto:
“Diminui, se encurva e desce,
Roda, distende, aparece,
Avança, se estende e cai,
Gira, resvala e sai”.
“Pinto de Carvalho, ele próprio um grande orador, escreveu sobre o mestre: “Estava eu num dos primeiros anos de estudos, nesta Casa, quando senti, como todos, o arrepio produzido pela sua retórica... “E mais: “Era justamente esse encanto verbal de Climério que atraía os estudantes para as suas aulas” (Ibidem).
Além de trabalhos científicos de reconhecido valor, proferiu Climério de Oliveira discursos famosos, inclusive nos funerais de Manoel Vitorino, aquele mesmo colega que verberou contra sua nomeação.
Climério não guardava mágoas e, em todas as ocasiões, mostrava-se bondoso e tolerante.
Escreveu peças de teatro, das quais duas são bem conhecidas: “O Bicho”(comédia em três atos) e “A Maternidade”. Essa última foi a apresentada no Teatro São João, com grande sucesso, em benefício da Maternidade que hoje tem o seu nome.
“O homem de tantas aptidões subjetivas e técnicas – diz José Maria de Magalhães Neto – a elas associava outros pendores: planejador perfeito, organizador modelar, diretor vigilante, supervisor científico de alta qualidade. Visitantes estrangeiros atestaram a inclusão da Maternidade por ele criada como um dos melhores estabelecimentos congêneres do Mundo” (Obra citada).
Aposentado em 1914, veio a falecer em 8 de abril de 1920, deixando um zio imenso, vazio que até hoje perturba todos nós.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1. Magalhães Neto, José Maria de – Discurso de Posse. Anais da Academia de Medicina da Bahia, Volume IV, junho de 1982.
2. Sá de Oliveira, Eduardo – Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador, 1992.
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