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By Ferramentas Blog

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

144-FRANCISCO SABINO ÁLVARES DA ROCHA VIEIRA (SABINO VIEIRA)

144- FRANCISCO SABINO ÁLVARES DA ROCHA VIEIRA
(SABINO VIEIRA)


*

A década de 1830 foi muito agitada. Revolução, era o assunto de todas as conversas, na cidade do Salvador.
Diziam que o próprio governo da província conspirava. As sociedades secretas fervilhavam. A imprensa, também.
A conspiração reunia os exaltados da reação conservadora, os federalistas de 1832 e 1833, os decepcionados com o Ato Adicional, os republicanos, os separatistas e os simpatizantes da Guerra da Farroupilha.
A situação, extremamente explosiva, foi agravada com a fuga de Bento Gonçalves, líder do movimento gaúcho, até então preso na Forte do Mar (hoje, Forte São Marcelo).
A notícia da fuga animou os lideres revolucionários, principalmete Daniel Freitas, Sérgio Veloso, Alexandre Sucupira, José Joaquim Leite e, sobretudo, Dr. Sabino Vieira – figura central do movimento.
Dr. Sabino Vieira esteve no Rio Grande do Sul, antes de 1835, e veio entusiasmado com a revolução gaúcha. Ele era um médico pobre, mestiço, intelectual, inconstante, violento, descontrolado e ambicioso. Todavia,  muito popular, pois era caridoso e acolhia, com o mesmo desvelo, os pobres e necessitados, os oprimidos e  desesperados.
Sua biblioteca, de mais de quatrocentos volumes, era a mais expressiva do seu tempo.
Havia, poucos anos antes, se submetido a concurso, pleiteando ser professor da Faculdade de Medicina.
Assim, tornou-se o chefe da revolução, conhecida como “Sabinada”.
Os revoltosos proclamaram a independência da Bahia, e criaram o “Estado Livre Baiense”.
Elegeram o Dr. Inocêncio da Rocha Galvão, presidente da república. O Dr. Sabino Vieira, foi nomeado Ministro do Exterior.
A Regência reagiu: nomeou Antônio Pedroso presidente da província, incumbindo-o de debelar a rebelião.
O comandante João Crisóstomo Calado, arregimentou cinco mil homens e iniciou a luta contra os revoltosos, os quais foram vencidos. Houve numerosas, baixas de ambos os lados.
A ordem foi restabelecida. A república baiense durou, apenas, quatro meses -- isto é, de 7 de novembro de 1837 a 14 de março de 1838.
Os legalistas iniciaram a caça aos líderes rebeldes. Sabino Vieira refugiou-se, mas foi encontrado “dentro de um armário, coberto de roupas sujas, vestido apenas com uma camisa, e descalço” ( ).
Foi condenado à morte. D. Pedro II, recém coroado, anistiou os presos políticos e Sabino Viera foi transportado para a cadeia de Cuiabá. No caminho, conseguiu fugir, escondendo-se na Fazenda Jacobina, no interior do Mato Grosso.
Tornou-se amigo do Coronel João Carlos Pereira Leite, seu protetor.
Concentrou-se no exercício profissional e, como médico,  foi muito útil à região. Criou um pequeno jornal, chamado “O Bororó” .
Faleceu em 1846.
Em 1896, o Instituto Histórico e Geográfico da Bahia solicitou à família Leite, os restos mortais do Dr. Sabino Vieira, transladando-os para Salvador.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.     Mott, Luiz – Sodomia na Bahia. Disponível em http://www.inquice.ufba
      . Acesso em 01 de fevereiro de 2009.
       Sabinada. Disponível em http://cadete.aman.ensino.eb.br/HistMildoBras
2       il/Sabinada/htm. Acesso em 01 de fevereiro de 2009.


APÊNDICE I
A SABINADA
(Extraido de A SABINADA NA BAHIA – Disponível em http://www.ahimtb.org.br/c3h.htm)

A BAHIA NA ÉPOCA DA SABINADA

*


A Sabinada na Bahia 1837-1838

Generalidades
“No Rio Grande do Sul a Revolução Farroupilha atingia a sua fase áurea e no Pará ainda resistiam núcleos cabanos. Estas duas se constituíram nas mais duradouras revoltas do período regencial e os maiores desafios à pacificação e com possibilidades de envolvimento externo. No norte com França, no Amapá e ,no Sul com as repúblicas do Uruguai e Argentina no Rio Grande do Sul .
Na Corte, o Parlamento e Regência se degladiavam ! Nos meios intelectuais do Brasil incidiam várias doutrinas mal assimiladas, cujos defensores teoricamente se extremavam em defendê-las e colocá-las em prática ,sem levar em conta a viabilidade prática das mesmas, num pais gigante que ensaiava seus primeiros passos, independente.
Uns defendiam as idéias em moda da Revolução Francesa e outras do federalismo americano.E as lojas maçônicas eram o fórum de debates destas idéias, inclusive de defesa do modelo de monarquia constitucional inglesa.
E na Bahia todas estas idéias estavam em debates em jornais, os quais de 1831-1837 foram editados em número de 60 .
Mas nesta babel de idéias em debate, havia um consenso - a necessidade de uma revolução.
Consenso de conservadores exaltados ,de federalistas vencidos em 1832 e 1834,de desiludidos com o Ato Adicional à Constituição e de republicanos desesperançados com a não adoção da República do Brasil ,com a consagração do Império ou Monarquia em 1822 e a sua preservação em 7 de abril de 1831, com a atuação prudente do Exército sob a liderança do brigadeiro Francisco Lima e Silva e seus familiares militares ,onde se incluía o seu filho cap Luis Alves de Lima e Silva ,o nosso futuro Duque de Caxias
Isto, por verem que a Monarquia só teria chance de vingar com a abdicação de D.Pedro I em favor de seu filho Pedro ,menor de idade.Tese que vigorou para a felicidade do Brasil ,na época ,por ser um penhor da Unidade Nacional.
A prisão do líder farrapo general Bento Gonçalves da Silva no Forte do Mar,em Salvador, muito animou os baianos que inclusive tramaram sua exitosa fuga com apoio da Maçonaria.
E foi dentro deste clima que seria tentada a revolução baiana,congregando entre suas lideranças civis e militares do Exército.
Estes como os que aderiram em massa à Revolução Farroupilha possuíam sérias reservas pelas atitudes erradicadoras do Exército levadas a efeito por lideranças parlamentares que pretenderam, sob o belo argumento de destinar o Exército à defesa do litoral e das fronteiras ,lá colocá-lo em realidade com efetivos reduzidíssimos .
Esta circunstância tem sido omitida por razões várias.E crê-se hoje que Caxias as entendeu muito bem e procurou administrá-la dentro do que era possível nas suas circunstâncias da época.

Desenvolvimento da Sabinada
Em 7 nov1837 o líder revolucionário baiano -o médico Dr Francisco Sabino A. da  Rocha Vieira, acompanhado de 4 companheiros dirigiram-se a Forte São Pedro. Convocaram o corneteiro do forte e o mandaram executar o toque "Chamada Ligeira" que era a senha para ter início a revolução .
E em seguida tomaram o forte com apoio da guarnição deste.E deram a organização possível ao dispositivo militar revolucionário.
Na esteira dos batalhões revoltados, populares a eles se reuniram na Praça do Palácio. Divergências entre o Presidente,e o Comandante das Armas e o Chefe de Polícia da Bahia imobilizaram a reação do governo.
Em reunião na Câmara de Vereadores os revolucionários decidiram:
"A Bahia fica inteira e perfeitamente desligada do governo denominado Central do Rio de Janeiro e considerado estado independente."
O presidente legal refugiou-se num navio e renunciou dando parte de doente.
O dr Sabino era um médico pobre ,mas por humanitário ,era muito querido dos pobres, infelizes e oprimidos .Era fiel ao juramento de Hipócrates, parece que uma característica ética da medicina baiana da época.
Em realidade parece ter sido ele a alma e o cérebro da revolução que tomou seu nome - A Sabinada.
A reação à Sabinada começou no Recôncavo Baiano .O Chefe de Polícia Gonçalves Martins foi o líder da contra-revolução, conseguindo que ela ficasse circunscrita a Salvador sem ganhar o interior baiano.
A primeira medida militar da Regência foi submeter Salvador a rigoroso sítio terrestre e naval pela Marinha e Exército .
Sítio ou bloqueio que na parte naval era vez por outra quebrado por navios estrangeiros, por interesses comerciais .Nem os revolucionários saiam de Salvador ,nem estes deixavam ali entrar as forças legais,
Foi nomeado para conduzir as operações contra os revolucionários o gen João Crisóstomo Calado, veterano da Batalha do Passo do Rosário em 20 fev 1827, onde tivera papel saliente no comando de uma Divisão de Infantaria da Esquerda, tendo enfrentado os seus cunhados uruguaios- os irmãos Inácio e Manuel Uribe. Personagem estudado por seu parente:
FRANCO, Afonso Arinos de  M. Um soldado do Reino e do Império. Rio de Janeiro :BIBLIEx,1942.
Em 23 jan 1838,ele assumiu o Comando das Armas da Bahia, em Pirajá, tendo encontrado a tropa em lastimável estado. E levou 50 dias para colocá-la em pé de guerra para investir Salvador.
Os revolucionários sabinos eram fracos no mar ,mas em terra possuíam expressivos efetivos ,cuja força fora potencializada por escudar-se em trincheiras e em fortes.
Em 13 mar 1838, pela manhã ,o general Calado investiu Salvador com 3 brigadas do Exército, formando cada, uma coluna, e com mais o reforço de uma brigada pernambucana de 2a linha .A esta caberia em Bate Folha romper o fogo e dar início ao assalto das trincheiras revolucionárias.
A Brigada do Centro, ao comando do tem. Cel. Argolo Ferrão ,(baiano que construiria a Estrada do Chaco no Paraguai), em disputado e sangrento confronto atingiu a região de Sítio do Resgate
A Brigada da direita ao comando do cel. Correia Seara avançou até a região de São Caetano.
A brigada da esquerda do tem. Cel. Sepúlveda atingiu a região de São Lourenço.
A luta prosseguiu durante todo o dia 14 de março, com violência .Os revolucionários começaram a atear fogo em casas. Para prevenir o incêndio da área comercial para lá o gen. Calado destacou uma brigada.
Em 15 mar 1838, o gen. Calado progrediu com seu Exército no direção do principal objetivo militar e político da contra revolução - o Forte de São Pedro.
Ao defrontar-se com o Forte São Pedro os revolucionários propuseram-lhe anistia para todos.
E Calado envia-lhes por escrito a seguinte resposta lacônica mas determinada:
"Ao general do Exército Brasileiro com forças sobre o Forte de São Pedro só convém que a guarnição rebelde se entregue a descrição( rendição incondicional).Campo do Forte de São Pedro,15 de março 1838,as 6 horas da tarde ."
Em seguida renderam-se os revoltosos do Forte do Mar de onde Bento Gonçalves havia fugido para assumir a Presidência da República Rio Grandense
O general Bento Gonçalves da Silva, esteve preso no Forte do Mar por 13 dias , desde o final de agosto até 10 nov. 1837 , data de sua fuga espetacular e assim desvendada por Pedro Calmon e aqui sintetizada:
Do Forte do Mar ,Bento Gonçalves foi levado para a ilha de Itaparica. Ali foi embarcado num navio que transportava farinha de trigo destinada a Pelotas e Montevidéu. Foi desembarcado em Florianópolis. Dali ,a cavalo ,seguiu em companhia do catarinense Mateus. Em 3 de Nov. atingiu Torres e em 10 de nov atingiu Viamão, Quartel General do sítio terrestre de Porto Alegre ao comando do cel Onofre Pires, com quem duelaria mais tarde por questões de honra e o feriria de morte com sua espada albana.
Havia decorrido 1 ano e sete meses de sua prisão na ilha do Fanfa ,no rio Jacui e 2 meses de sua fuga do Forte do Mar.
Síntese biográfica do líder farrapo na obra nossa citada O Exército farrapo e os seus chefes.Rio de Janeiro : BIBLIEX,1992.v.1.
Ela esclarece mais o episódio, bem como a figura do chefe baiano ten cel Francisco José da Rocha que participou de sua libertação o qual o líder farrapo acolheria no Rio Grande, finda a Sabinada, fazendo-o comandante de um batalhão de Infantaria farrapo e a mais alta autoridade maçônica no Rio Grande
.Por isto ele elevaria a grau compatível o gen. Canabarro para que este pudesse assumir o comando do Exército farrapo ao final.
Bento Gonçalves chegou na Bahia "com ar seco, aspecto melancólico e sisudo" segundo o Jornal local.Mas sua breve permanência serviu para motivar a Sabinada.
As duas prisões em que o prenderam eram insalubres e desconfortáveis conforme se conclui de carta de sua lavra:
"Pedia 3 camisas por estarem as suas em frangalhos,um capote por sentir frio a noite,pois só tinha um lençol para cobrir-se e , um par de tamancos para poder passear na masmorra em que estava preso que é toda uma lagoa cheia de imundície e de péssimo cheiro."
A Bahia foi restaurada à Regência e pacificada na noite de 15 mar1838 .
As perdas revolucionárias mencionadas por algumas fontes se elevaram a morte de 1258 ,segundo os sepultamentos efetuados e a 160 casas incendiadas e a prisão de 2,298 revolucionários republicanos.
O Dr. Sabino buscou proteção na casa do cônsul francês. Submetidos a julgamento ,muitos revolucionários foram condenados à morte. Foram interpostos sucessivos recursos até o derradeiro ao Superior Tribunal de Justiça .Antes que este fosse decidido ocorreu a Maioridade de D.Pedro II que concedeu clemência aos republicanos baianos e estendeu a anistia a todos os delitos políticos.
Líderes revolucionários foram anistiados e confinados longe de grandes centros.
E assim terminava mais uma tentativa republicana e com ela a preservação a Unidade e Integridade do jovem Brasil em seus primeiros e dificultosos passos na Comunidade das Nações.
O futuro Duque de Caxias continuava a fazer a segurança do Governo Central e a Segurança Pública da capital do Império e com medidas preventivas desestimulando novas aventuras insensatas que marcaram no Rio os primeiros tempos da Regência.
E pacificada a Bahia ,dentro em breve seus serviços seriam reclamados para pacificar a Balaiada no Maranhão ,uma espécie de versão maranhense da Cabanagem como se verá.
Entre outros estudos sobre a Sabinada destacam-se a seguintes obras:
BLACKE,Sacramento.A Revolução da Bahia de 7 nov. 1837. RIHGB. Tomos 48,2a parte 1885 e 50 ,2a parte ,1887.
VIANNA FILHO,Luiz.A .A Sabinada.Rio de Janeiro:José Olympio,1946.”

 APÊNDICE II

“O ROBESPIERRE BAIANO”

http://www.google.com.br/images?hl=pt-br&biw=1362&bih=595&gbv=2&tbs=isch3A1&sa=1&q=A+SABINADA&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=g1&aql=&oq

*
“Francisco Sabino Vieira colecionava 436 volumes da mais expressiva biblioteca privada do seu tempo.
O professor Francisco Sabino Vieira possuía uma das mais expressivas bibliotecas particulares de seu tempo. Em sua residência, nas portas do Carmo, ele colecionava 436 volumes, dentre eles o recém-lanado “De la memocratie em Amerique”, de Aléxis Tocqueville. Era surpreendente que daqui, desse ponto da América do Sul, um homem estivesse tão inteirado do fluxo das idéias políticas européias. Os oficiais que fizeram o levantamento dos seus bens após a retomada da cidade sabiam disso. E ressaltaram a existência de “perigosos” pensadores iluministas, como Voltaire e Rousseau, em sua estante. Também Locke, Milton e Pope se apertavam contra manuais de anatomia e obstetrícia. Política e medicina: suas grandes paixões.
Mas enquanto os oficiais devassavam sua casa e varriam a cidade à sua procura, Sabino se protegia da fúria legalista no casarão do cônsul francês. Ai ele foi encontrado apenas na manhã  do dia 22 de março. Aos 40 anos, estava escondido num armário, “coberto de roupa suja de camisa e descalço”. Saiu preso e incomunicável, sendo posto em ferros, a bordo Ca corveta “Sete de Abril”.
O homem que batizou uma revolta era um belo mulato de olhos azuis. O Sabino tinha juma “estatura mediana, testa alta e larga, com uma cicatriz transversal no rosto, sobrancelhas grossas, cabelos castanhos e crespos, barbas fechadas e suíças pequenas”, como descreveu o funcionário que lavrou seu termo de prisão. Bonito e eloqüente, antes desse grande papel, Sabino já havia figurado em inúmeros outros episódios de nossa história”.


APÊNDICE III

“ÂNIMO VIRULENTO”



*
“Francisco Sabino Vieira  participou da resistência à posse de Madeia de Melo, em 1822, evento que desaguaria na luta pela independência. Na batalha do Dois de Julho, foi preso por radicalismo contra o inimigo, por ordem do próprio general Labatut, como nos conta Luis Henrique Dias Tavares,  em “A Independência do Brasil na Bahia”. Mesmo não sendo militar, seu nome aparece ao lado de importantes movimentos de classe. Em 1824, apóia o levante do Batalhão dos Periquitos. Mais tarde candidata-se ao cargo de cirurgião-mor do Hospital Militar, mas não é aceito por conta de seu espírito exaltado. Converte-se então ao jornalismo, editando o “Investigador Brasileiro” e, mais tarde, o “Novo Diário da Bahia”, este último persistindo até o final da revolta separatista.
De ânimo virulento e arrebatado, Sabino Protagonizou agressões e assassinatos. Em novembro de 1833, é xingado em plena rua  pelos irmãos José Joaquim e Vicente Ribeiro Moreira. Especula-se que Vicente, adversário político e editor do concorrente “Jornal do Comércio”, o tenha insultado por suas inclinações homossexuais e pela conseqüente morte da esposa, a jovem Joaquina Gonçalves, de 25 anos. Sabido revida a ofensa com uma bengalada e, para defender o irmão, Joaquim jura-o de morte.
No mês seguinte, após uma aula de fisiologia na Escola de Medicina, no Terreiro de Jesus, Sabino segue para a Secretaria do Governo, na Praça Municipal. No percurso, é agredido por José Joaquim e com ele se atraca à luz do dia. Em frente à Câmara Municipal, Sabino se defende com um bisturi, matando o opositor. Condenado a seis anos de prisão, ele passa apenas um na cadeia e é exilado no Rio Grande do Sul.
A morte de sua mulher deu-se meses antes. Era noite e Sabino estava deitado na rede, na residência do casal, na Rua da Castanheda, em Nazaré. Joaquina chegou e viu-o “servindo-se de um homem  preto como se fora mulher, como diriam, mais tarde, as testemunhas que ouviram o relato da preta Maria, escrava da casa. Flagrado em pleno ato, Sabino investiu contra Joaquina com uma faca. Na confusão, ela cai da escada e fratura o braço, que infecciona. Apesar dos posteriores cuidados do médico, a moça acaba morrendo de tétano. Sabino se vê implicado num processo judicial, mas é absorvido.”


APÊNDICE IV

“CONDENADO”

SOLDADOS - SABINADA (BAHIA, 1837)

“Com esse histórico não é de surpreender que os grande homens da província tenham rejeitado um governo sob a liderança de Francisco Sabino Rocha Vieira. Ser subversivo e “falso ao corpo” era demais para gente como o senhor de escraos Antônio da Rocha Pita e Argolo, que, ao oferecer 60 homens para o exército legalista, disse uma frase tornada célebre: “!Dou esta gente não porque não adote a revolução, que acho até boa, mas porque não quero ser governado pelo doutor Sabino !”
Preso e incomunicável na Bahia de Todos os Santos, Sabino percebia que sua carreira política e acadêmica havia chegado ao fim. O professor e ex-aluno exemplar, que se formara aos 17 anos, não via diante de si nenhum futuro. No final do ano, o Júri de Sangue, assim chamado pela incompetência com que julgou os revoltosos, condena-o a morte. Seus companheiros teriam o mesmo fim.
Sucessivos recursos se arrastaram até agosto de 1840, quando o adolescente Pedro, de 14 anos, assume o Império brasileiro, após um golpe de Estado que antecipa sua maioridade. Seguindo o conselho de ministros, o jovem imperador anistia os súditos envolvidos em crimes políticos ocorridos durante a regência. Com uma condição: afastá-los dos grandes centros urbanos. Sabino segue para Goiás, enquanto os demais líderes se dividem em pequenas cidades de Minas Gerais e São Paulo. O francês Alexandre Gaullet, presença ativa da força Sabina, é repatriado para a Europa.

APÊNDICE V

“MEMÓRIA REBELDE”

Extraido de   

COMANDANTE MILITAR NA ÉPOCA DA SABINADA
*
“A trajetória de Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira ainda não foi devidamente resgatada.
Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira não virou nome de rua, de escola ou sequer possui um quadro com sua imagem em nossa cidade. Nasceu em Salvador de 1797, faleceu 49 anos depois em Mato Grosso e, hoje, seus ossos descansam numa urna de 50cm num corredor do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, na Piedade. O temor que sua delirante tentativa causou na corte ao tornar a Bahia independente é geralmente resumido em três parágrafos nos livros do ensino médico. A nossa memória, sim, core mais riscos.
“A Sabinada é um movimento muito pouco estudado. É necessário se debruçar, por exemplo, sobre a falta de amadurecimento programático dos revoltosos”, ressalta o historiador e tradutor Paulo César Souza, autor de “A  Sabinada”. A revolta separatista da Bahia, um dos poucos livros escritos sobre o tema, Paulo dá a dica para novas pesquisas: “Existem muitos documentos aqui em Salvador, mas boa parte está no Rio de Janeiro, a sede do Império. Aqui estão muitos documentos oficiais, mas lá estão os jornais com o pensamento dos revoltosos”. Periódicos revolucionários, como o “Sete de Novembro”, descansam na seção de microfilmagem da Biblioteca Nacional e do departamento de História da Universidade de São Paulo, mas não podem se encontrados na Bahia,
César Souza escreveu uma obra de referência no assunto como resultado de sua dissertação de mestrado. Ele consultou os cinco volumes de documentos impressos pelo Arquivo Público da Bahia, editados em homenagem ao centenário da insurreição, e ainda teve acesso aos jornais da época.”A repressão violenta empreendida contra a Sabinada e suas idéias foi o coroamento de todo um período de lutas urbanas, ocorrido nas primeiras décadas do século XIX. Depois da Sabinada, nenhuma outra grande revolta ocorreu na Bahia durante o Império”, analisa.”

 
 
*
 

143- FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA

143- FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA

FAMÍLIA BAIANA, DÉCADA DE 1850


*

Nasceu em Salvador, em 1830.
Colou o grau de doutor em Medicina, em 1853, pela Faculdade de Medicina da Bahia.
Opositor da Seção Acessória, por concurso, em 1857. Professor substituto da mesma Seção, por concurso, em 1858. Professor de Química Mineral, por concurso, em 1858. Professor catedrático de Medicina Legal, de 1875 a 1882.
Como Vice-Diretor da Faculdade de Medicina, substituiu o Diretor, durante o período de 1881 a 1886.
No Liceu Provincial, ensinou Geometria.
Na vida pública, foi eleito deputado provincial.
Recebeu várias honrarias: Membro do Conselho do Imperador, Comendador da Ordem de Cristo e da Ordem da Rosa.
Em recompensa aos elevados serviços prestados ao país, durante a Guerra do Paraguai, foi agraciado com a “Medalha de Campanha”.
Autor da Memória Histórica da Faculdade de Medicina, concernente ao ano de 1862.
Faleceu em 1886.
“O Conselheiro Rodrigues da Silva, pelos grandes serviços prestados nos hospitais durante a Guerra do Paraguai e rara dedicação profissional revelada no teatro de tão terrível luta; pela superioridade das atitudes políticas; pelo  primor da palavra; pelo devotamento à causa do ensino; pela extraordinária cultura; representa uma das mais genuínas glórias da nossa Faculdade, e da nossa terra” (2).


FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.     Carvalho Filho, José Eduardo Freire de – Notícia Histórica sobre a Faculdade de Medicina da Bahia, no ano de 1909. Salvador, 1909.
2.     Sá Oliveira, Eduardo – Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador, 1992.



APÊNDICE I
“ALUNOS NAS MEMÓRIAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA” (V)
(Resumo do original extraído de Souza e Azevedo, Eliane Elisa de – Memória Histórica (1996-2007). Feira de Santana, 2008).
(O INTERNATO)

ESTUDANTES DE MEDICINA, SÉCULO XIX

*

“Em 1859, os alunos são comunicados da abertura de inscrições para o Internato.
Por não ter comparecido um aluno sequer para a inscrição, a Congregação, em obediência ao Regulamento, nomeia dois alunos para Clínica Médica e dois para Clínica Cirúrgica.Dois dos nomeados se recusaram. Mais tarde, dois outros alunos apresentaram-se como voluntários ao Internato. A resistência dos alunos ao concurso para o Internato foi interpretada como decorrente do não cumprimento da Lei por parte da Santa Casa de Misericórdia, que, por razões financeiras, recusava-se a oferecer alimentação aos internos. Sugeriu-se, então, a exemplo da França, instituir prêmios e medalhas para esse concurso a fim de estimular os estudantes a essa forma de ensino prático.

Em 1861, vive-se o terceiro ano de abertura de concurso para Internato e, novamente, nenhum aluno se inscreve. Na avaliação do Memorialista de 1861, Prof. Francisco Rodrigues da Silva, duas explicações são possíveis: “  ou essa repugnância invencível ao concurso provem de defeitos  na lei que o instituiu ou por motivos pessoaes muito poderosos arredam do combate os competidores aos quais é impossivel que faltem desejos de mostrar ao público o que são e o que valem”. Conclui favoravelmente à primeira explicação.

Eram candidatos ao Internato, conforme o Regulamento Complementar (art. 280) os alunos do 4º e 5º anos, para o Internato de Clínica Cirúrgica e os alunos do 6º ano para o Internato de Clínica Médica. Para o Memorialista  de 18651, os alunos não estariam devidamente preparados para enfrentar o concurso, por conta da precariedade do próprio ensino. Outros, todavia, concluem que os alunos não se achavam devidamente recompensados com as remunerações que lhes oferece a Lei, pois além da não oferta de alimentação pela Santa Casa de Misericórdia, a retribuição pecuniária prevista, não fora cumprida aos que já tinham realizado o Internato.
No ano seguinte, 1862, o memorialista, Prof. Domingos Rodrigues Seixas, reporta-se à questão do Internato, cujo concurso se acha abandonado pelos alunos, opondo-se, todavia, à sugestão de que a Congregação escolha  os alunos para realização desse treinamento por considerar esse procedimento “anômalo perante a sciencia e irregular diante da lei”.

Em 1864, o memorialista Dr.Antonio Cerqueira Pinto lamenta a persistência de completa falta de entusiasmo pelo Internato, sugerindo que algum tipo de estímulo deveria ser oferecido ao aluno a fim de o atrair. Sugere que o Governo, ao “empregar qualquer médico pesasse na balança os serviços que prestou como Interno”.

Nos anos seguintes, nas diversas memórias, nda mais é referido sobre o Internato até o ano de 1896.  A polêmica e famosa Memória escrita pelo Prof. Raymundo Nina Rodrigues  (versão manuscrita, não aprovada pela Congregação), volta a referir-se ao Internato, que abrange toda a sexta série. O ponto destacado pelo memorialista Nina Rodrigues em relação ao Internato é diferente dos anteriores. Preocupado com o resultado dos exames dos alunos, esse Memorialista entende que o internato “falseia o resultado dos exames porque o Professor julga-se na obrigação de não abandonar o seu discípulo e companheiro”.Deduz-se que, pelo menos nessa época, ano 1896, a questão de repulsa ao internato já não mais existia.”

142- FRANCISCO PEIXOTO DE MAGALHÃES NETO (MAGALHÃES NETO)

142- FRANCISCO PEIXOTO DE MAGALHÃES NETO
(MAGALHÃES NETO)


HIPÓCRATES, PAI DA MEDICINA



*
Nasceu em Salvador, em 26 de junho de 1897, sendo seus pais José Maria Peixoto de Magalhães e Maria Isabel Guerra Magalhães.
Realizou os cursos primário e secundário, em Salvador.
Concluídos os preparatórios, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual foi diplomado em 1919.
Dois grandes mestres contribuíram para  sua formação: os professores Clementino Fraga e Luis Pinto de Carvalho. “De ambos guardou ele, vida fora, os ensinamentos e as lições. Não escondia, antes a miúde propalava a sua grande admiração por aqueles dois notáveis professores, aos quais se declarava grato pelo muito que de ambos recebeu” (2).
Como sanitarista, exerceu elevados cargos na administração estadual: Diretor Geral da Saúde Pública e Secretário de Estado da Saúde, dentre outros.
“Na política, foi deputado federal, revelando-se eloqüente orador, cujas intervenções, na tribuna parlamentar, exibiam sua cultura e o seu patriotismo, sempre imprimindo aos debates o cunho da elegância espiritual” (Ibidem).
Homem de letras, ocupou, na Academia de Letras da Bahia, a cadeira número oito, cujo patrono é Cipriano Barata.
No Instituto Histórico e Geográfico da Bahia “dedicou os últimos anos de sua existência, com afinco e com amor, deixando, com a sua morte, um vazio até hoje lembrado e chorado”(1).
Político, professor, poeta, epigramista, orador brilhante e de largos recursos, foi uma das mais fascinantes figuras do seu tempo. Possuía uma formação humanística das mais completas e era autoridade em assuntos de cultura francesa” (Ibidem).
Faleceu em Salvador, em 31 de março de 1969, sendo seu sepultamento um dos mais concorridos da sua época. Afirma Loureiro da Silva que o féretro de Francisco Peixoto de Magalhães Neto “foi uma consagração que a Bahia prestou ao seu filho ilustre, àquele sobre o qual, sucedendo-o na Academia de Letras, disse, com precisão, Adriano Ponde: “Era Magalhães Neto um erudito, um freqüentador dos clássicos latinos e conhecendo o grego, apreciava, no original, textos de Homero e Xenofontes “(Obra citada).


FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.     Loureiro de Souza, Antônio – Baianos Ilustres. Salvador, 1973.
2.     Novis, Jorge Augusto de Magalhães Neto. Sinopse Informativa. Universidade Federal da Bahia, vol. II, No II. Outubro.Salvador, 1978
3.     Sá Oliveira, Eduardo de – Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador, 1992.


141- FRANCISCO MARCELINO GESTEIRA (MARCELINO GESTEIRA)

       141- FRANCISCO MARCELINO GESTEIRA
(MARCELINO GESTEIRA)




*
                                       
Nasceu em Salvador, em 1796.
Cirurgião aprovado e Cirurgião formado, em 1820.
Tavares Neto coloca o nome de Francisco Marcelino Gesteira entre os formandos da oitava turma, isto é, em 1819 (4).
Diplomou-se, algum tempo depois, por uma universidade européia (3).
Lente substituto interino, em 1826. Lente de Instituições Cirúrgicas, Operações e Partos, de 1829 a 1833. Lente de Partos, Moléstias de Mulheres Pejadas e Paridas e de Recém-nascidos, de 1832 a 1855.
Aranha Dantas, em sua Memória Histórica referente ao ano de 1855, diz que “O Dr. Gesteira foi um consumado parteiro, habilíssimo professor e excelente companheiro” ( in Sá Oliveira, obra citada).
“Em virtude de doença grave, afastou-se das atividades docentes, durante um longo período, todavia, depois de restabelecido, reassumiu o exercício do cargo, pondo termo às observações do Presidente da Província dirigidas ao Diretor da Faculdade, pela demorada ausência do “Lente de Partos”, aliás justificada, em face da moléstia que se manifestou” (3).
Faleceu em 1875.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.     Freire de Carvalho Filho, José Eduardo – Notícia Histórica sobre a Faculdade de Medicina da Bahia. Salvador, 1909.

2.     Nogueira Brito, Antônio Carlos – Notícias da Faculdade de Medicina da Bahia. Ano: 1843. Parte I – Disponível em http://www.medicina.ufba.br/
Historia_med/hist_med_art12.htm. Acesso em 4 de fevereiro de 2009.
3.  Sá Oliveira, Eduardo – Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador, 1992.
4. Tavares Neto, José- Formandos de 1812 a 2008 pela Faculdade de Medicina da Bahia. Feira de Santana, 2008.