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By Ferramentas Blog

sábado, 29 de janeiro de 2011

128- FERNANDO RIBEIRO FILGUEIRAS (FERNANDO FILGUEIRAS)

128- FERNANDO RIBEIRO FILGUEIRAS


FERNANDO FILGUEIRAS


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Nasceu em Salvador, no início da secunda década do século XX.
De origem humilde, conseguiu, com sacrifício, terminar os preparatórios e ingressar na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual diplomou-se em 1941.
Formado, iniciou longa carreira profissional, de mais de cinqüenta anos de ininterrupta e profícua atividade.
Esteve presente nas salas de cirurgia de quase todos os hospitais de Salvador, espargindo exemplos de competência, habilidade e desprendimento.
No Hospital Santa Izabel, da Santa Casa Misericórdia, permaneceu por  trinta anos. No Hospital Getúlio Vargas, antigo Pronto Socorro, trabalhou durante mais de duas décadas. No Hospital Português da Bahia, iniciou suas atividades na década e sessenta, e nele permaneceu dezenas de anos.
Na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, ensinou neurocirurgia, começando como Professor Assistente e terminando como Professor Adjunto.
Aos hospitais da Previdência Social, emprestou, de igual modo, inestimável serviço.
Foi o protótipo do médico dedicado e desprendido. Trabalhou, muitas vezes, mais de dezesseis horas por dia, realizando intervenções cirúrgicas de grande porte.
Jamais associou o trabalho profissional à recompensa. Os atos cirúrgicos que praticava, contavam com sua presença, do início ao fim, do paciente não se afastando, por motivo algum.
Amava os doentes como se eles fossem seus próprios filhos. Aos ricos e aos pobres,  dispensava o mesmo carinho e a mesma solidariedade.
É voz corrente que nunca apresentou cogitou de honorários. Quando perguntado, respondia: “Pague o que puder, quando quiser”!
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Inúmeros depoimentos atestam a personalidade  de Fernando Filgueiras:
·        “Fernando Filgueiras é uma existência plena e limpa. Jamais atrelou o seu trabalho às recompensas financeiras. Não era o seu jeito confundir o sagrado da profissão de médico com interesses menores. Ninguém o suplantou na originalidade que é a marca mais aguda do seu trabalho. Foi o que foi e é o que é, sem nunca ter se afastado de suas origens. Fernando Filgueiras, médico e cidadão, figura lendária da Bahia”- Rodolfo Teixeira.
·        “A equipe de Dr. Fernando Filgueiras funcionava como uma orquestra. Naquela época, sem a tecnologia de hoje e sem o bisturi elétrico, as cirurgias realizadas por ele quase não sangravam, graças a seu procedimento artesanal e técnico. Sempre foi alegre, bem humorado e extremamente bem-relacionado com os colegas”- Paulo Bittencourt.
·        “É uma pessoa muito admirada por sua dedicação extrema ao trabalho, aos pacientes e aos colegas. Como professor, deu exemplo de como ser médico no sentido mais amplo da palavra, além de repassar seus grandes conhecimentos na área de cirurgia”- Vicente Araújo.
·        “É uma pessoa rara no sentido profissional e de humanismo, a quem podemos considerar como um médico completo, reverenciado por todas as suas infinitas qualidades”- Renato Carvalho.
Faleceu em Salvador, no dia 17 de fevereiro de 2010.


FONTE BIBLIOGRÁFICA:
Fernando Filgueiras – Disponível em http://hportugues.com.br/noticias/outra
S_edições/profissionais/docimagebig.2005-01-06.972885179. Acesso em 30 de janeiro de 2009.


APÊNDICE I
DEPOIMENTO RENATO VALADARES DE CARVALHO
(Valadares de Carvalho, Renato- Um Astro Que se Apaga. Revista Vida & Ética, Ano 01, No 01, Jan/março 2010)

HOSPITAL SANTA IZABEL- SALVADOR, Ba


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“As gerações se sucedem, quase sempre completando seu ciclo com os problemas rotineiros que compõem o trajeto de nossas vidas. Em contrapartida, algumas apresentam gratas surpresas, notabilizando-se pelo surgimento de fatos ou pessoas especiais, quebrando a mesmice rotineira da existência, trazendo à sociedade algo especial.
Os homens são os operários que desempenham atividades inerentes à sua própria vida, no contexto social. Alguns se destacam por suas qualidades naturais e adquiridas, estas conquistadas pelo denodo e a perseverança na busca dos seus objetivos. Tais pessoas ganham mais notoriedade quando são de origem humilde, sem os recursos necessários para enfrentarem a adversidade, conseguindo seu lugar ao sol por justo merecimento.
Tudo isto seria compensador se, após tanto esforço, tanta luta, os reveses do destino maldosamente não ofuscassem o brilho das vitórias.
Tal preâmbulo me induz a falar de um deles, levado à pia batismal com o nome de Fernando Ribeiro Filgueiras. De origem muito pobre, filho de humilde funcionário dos Correios, cursou o ensino básico em escola pública, sempre acalentando o sonho de tornar-se médico, conseguindo com a graça de Deus e enorme esforço transformá-lo em realidade. O salão nobre da Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus acolheu o predestinado, com a aprovação ao dos luminares cujos retratos emprestam nobreza àquele recinto sagrado.
O hoje hospital de ponta Santa Izabel foi sua grande escola, convivendo com grandes mestres da cirurgia, destacando-se por sua atuação técnica e notável dedicação aos pacientes, marca da sua personalidade.
Sendo um autodidata, foi surpreendente seu destaque profissional, tornando-se um dos mais requisitados cirurgiões da Bahia, exercendo também atividades de ensino como assistente de Neurologia e de Ortotraumatologia, na sua respeitável Faculdade.
Desempenhou labores profissionais particulares em diversos hospitais da capital baiana, destacando-se os hospitais Espanhol e Português, jamais recebendo qualquer remuneração por serviços prestados aos beneficentes dos mesmos. Em justa homenagem, a Real Sociedade Espanhola deu seu nome às novas instalações do Centro Cirúrgico, em cerimônia onde tive a honra de saudá-lo.
Seus últimos quase vinte anos foram marcados pelo sofrimento. Um acidente automobilístico deixou-o inativo por longo período. Pouco tempo após este infortúnio, já estando exercendo novamente suas atividades cirúrgicas, sofreu novo infortúnio, culminando com um acidente vascular cerebral com seqüela de hemiplegia esquerda total. Acabava ali o deslizar mágico do seu bisturi, começando o triste episódio do seu confinamento em um leito. Neste exato momento, olhando pelo telescópio do meu coração, notei, contristado, a ausência de um astro na Constelação do Saber”.




3 comentários:

  1. É LOUVAVEL A TRAJETÓRIA DE UM SER HUMANO DESSA ESTIRPE. PROFUNDAMENTE COMPETENTE E CARIDOSO PELO
    QUE RELATAM OS SEUS COLEGAS MAIS PRÓXIMO. O
    QUE SE PODE LAMENTAR, É QUE A MAIORIA DOS PROFISSIONAIS DA ÁREA DE SAUDE NÃO SEGUEM O EXEMPLO DO DR FERNANDO FILGUEIRAS. SE A BAHIA TIVESSE UNS 20 MÉDICOS DA SUA CAPACIDADE, DENODO, HUMANISMO, A NOSSA POPULAÇÃO NÃO ESTARIA SOFRENDO TANTO QUANDO BUSCA UM ATENDIMENTO EMERGENCIAL...É MAIS DO QUE CERTO,
    QUE ELE JÁ RECEBEU DE DEUS A RECOMPENSA MERECIDA

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  2. Esse grande ser humanitário levava o apelido carinhoso de "Canivete de Ouro" ! Das histórias contadas dizia-se que ele operava com a ajuda de espíritos médicos tamanha era a habilidade, rapidez e segurança com que praticava o ato operatório ! Ah como gostaria de te-lo conhecido de perto para dar-lhe um fraternal e demorado abraço! Obrigado por ter existido Dr. Fernando Filgueiras !!!

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  3. Já havia feito um comentário sobre esse profissional e ser humano impar.Tive o privilégio de te-lo como médico de família,na minha adolescência ainda relutante que carreira iria abraçar o procurava aí não como médico mas como conselheiro e ele com a disponibilidade da escuta ficava horas a fio a ouvir os meus devaneios.Lembro também de que não conseguiamos entender porque não nos cobrava honorários.Era um espiríto iluminado.Com certeza em outro plano continua realizando curas.Meu respeito e saudades!

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