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By Ferramentas Blog

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

BENJAMIM DA ROCHA SALLES

BENJAMIM DA ROCHA SALLES
HOTEL BALNEÁRIO DE CALDAS DO CIPÓ, BAHIA

*
Nasceu  em 3 de março de 1904, na cidade do Salvador, sendo seus pais Antônio de Seixas Salles e Eloísa da Rocha Salles.
Concluídos os estudos preparatórios, ingressou, em 1924, na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual foi diplomado em  Medicina, no na de 1929. Dentre seus numerosos colegas de turma, destacamos Alfredo Bahia Monteiro,  Herval Tarquínio de Jesus, José Adeodato de  Souza Filho, Lafayete  Coutinho de Albuquerque e  Rodrigo Bulcão de Argollo Ferrão (futuros professores da Faculdade),  Aristóteles Calazans Simões (um dos fundadores da Faculdade de Medicina de Alagoas), Oscar Velloso Gordilho (aluno laureado com o Prêmio Professor Manoel Victorino Pereira, por ter obtido a maior média global nas disciplina e atividades durante o tirocínio médico) e Ruy de Lima Maltez, (futuro presidente do Instituto Bahiano de História da Medicina e Ciências Afins, destacado membro da Academia de Medicina da Bahia e, quando estudante, presidente do Núcleo Pró-Hospital das Clínicas) (2).
Concluído o curso médico, deslocou-se para a cidade de Caldas do Cipó, onde exerceu a clínica e colheu precioso material para sua tese de doutoramento, intitulada “Aguas termo-radiativas de Caldas de Cipó.
De 1932 a 1934, foi Assistente da 2ª. Cadeira de Anatomia da Faculdade de Medicina.
Em 1936, estagiou no Serviço de Cirurgia Infantil e Ortopedia do Professor Resende Puech, em São Paulo.
Regressando à terra natal, dedicou-se ao estudo de Ortopedia e Traumatologia.
Em 1946, conquistou o título de Docente-Livre de Clínica Cirúrgica Infantil e Ortopedia, com a tese “Em torno das fraturas supracondilianas do úmero na criança.
Quatro anos depois, isto é, em 1950, concorreu à cátedra de Clínica Cirúrgica Infantil e Ortopedia, quando defendeu tese sobre o tratamento do pé varo eqüino congênito.
Em 1953, regressando da Alemanha, implantou a primeira oficina ortopédica na Bahia.
Chefiou o Setor Clínico dos Hospital de Clínicas Prof. Edgard  Santos  e, de 1960 a 1962, foi diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia.
Aos 65 anos de idade, aposentou-se da Faculdade de Medicina e continuou em pleno exercício da especialidade, na Clínica de Ortopedia e Traumatologia (COT), em Salvador.
Portador de variados títulos científicos, no Brasil, Argentina, Espanha  e Uruguai, presidiu o Conselho Regional de Medicina da Bahia, apresentou vários trabalhos em Congressos de sua especialidade e publicou grande número de artigos em revistas médicas.
Faleceu repentinamente, em Acapulco, no México, no dia 9 de outubro de 1976, sendo sepultado, no dia 12, na cidade do Salvador.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.       Tourinho Domenech, Remilson – Benjamim da Rocha Salles. Sinhttp://jangadabrasil.com.br/setembro13/fev1309a.htmpse Informativa. Universidade Federal da Bahia, Ano II, No II. Salvador, outubro de 1978.
2.       Tavares-Neto, José – Formados de 1812 a 2008 pela Faculdade de Medicina da Bahia. Academia de Medicina de Feira de Santana. Feira de Santana, 2008.

                                                 ANEXO I
                                       O PROFESSOR
                    
                                                      
*


                                                   
APÊNDICE II
COSME E DAMIÃO, OS SANTOS MABAÇAS

Nas proximidades do dia 27 de setembro é comum encontrar, pelas ruas da Bahia, meninos, ou mesmo adultos, a pedir esmolas para São Cosme e Damião (Afrânio Peixoto registra muito oportunamente que, na Bahia, não se diz São Cosme e São Damião e sim São Cosme e Damião), para o caruru dos santos. A dupla imagem de madeira ou uma simples gravura emoldurada é exposta numa caixa enfeitada em papel de seda colorido, envolta em fitas e cheia de flores, rosas ou flores de laranjeira, muitas vezes. Não se pode comemorar santos tão populares nos lares baianos sem que se peça esmola para a missa. Se é pobre, pode-se ir às ruas, sem a menor cerimônia, pois as esmolas vão realmente ajudar a missa e a festa. Mas se abastado, procuram-se as casas amigas e a esmola é simbólica. Grande é o número de lares baianos que festejam o grande dia dedicado aos dois mártires da Igreja. Tão populares como São João, como Santo Antônio, os dois santos têm a sua festa comemorada sobretudo com um grande almoço, o caruru dos santos. E assim se chama não porque seja o almoço apenas de caruru: os demais pratos de cozinha baiana são apresentados na sua riqueza de gosto e de cor. Tudo no melhor estilo afro-brasileiro, em casas de pobres e de ricos. Em casa em que haja gêmeos: ou que os santos tenham evitado partos gêmeos. Ou que promovam a festa como tradição de família. Nenhum dia melhor para se saborear um grande almoço da cozinha baiana do que o 27 de setembro.

Que conta a história sobre os dois santos? Que são de origem árabe e se fizeram médicos, com grande prática de caridade, a tal ponto que se tornaram inimigos do dinheiro (
anargyros). O pró-cônsul Lysias os perseguiu e lhes infringiu terríveis torturas, sem maiores resultados, até que foram degolados, isso no ano de 287, sendo Diocleciano imperador romano.
Que poder extraordinário têm estes dois santos na alma popular baiana para se impor assim com tanta fé e com tanto entusiasmo? É que ambas as raças, a branca e a negra, trouxeram de cada lado a devoção que aqui encontrou um campo fácil de disseminação. Diz Artur Ramos: "Em vários pontos da Europa, o culto dos gêmeos Cosme e Damião vem de longínquas eras. Nas antigas vilas da Itália, no século XVII, o seu culto tinha evidente significação fálica. As mulheres estéreis chamavam por Cosme e Damião, que possuíam aliás outros poderes curativos. Havia em várias igrejas, por volta de 1780, larga distribuição, em garrafinhas, de um "óleo santo" de São Cosme e São Damião, que tinha virtudes médicas. Aqueles que se queixavam de algum mal descobriam diante do altar dos santos a parte doente, enquanto uma sacerdotisa fazia fricções com o "óleo santo", pronunciando esta oração: "Per intercessionem beati Cosmi, liberet te ab omni malo. Amen". Nos templos antigos praticava-se a incubação: as pessoas doentes dormiam nos templos consagrados aos santos para obterem a cura de seus males. Tal foi o caso de Cosme e Damião.

Por sua vez, Vieira Fazenda mostra quanto é atingido o culto de Cosme e Damião no Brasil, lembrando que a mais antiga igreja nestes rincões construída, na cidade Igaraçu, em Pernambuco, é dedicada aos dois santos gêmeos. "A fama dos seus milagres corria mundo. As mulheres tributavam-lhe culto para não terem parto duplo, e quando isso acontecia, imploravam a
intercessão dos santos para os filhos gêmeos. Em casa onde existam Cosme e Damião, não entra epidemia, porque eles foram sempre considerados advogados contra "feitiços, bruxarias, mau olhado e espinhela caída". Isso quanto às origens européias da devoção. No que se refere ao ramo africano, sabe-se que foram os nagôs que nos trouxeram os seus gêmos, Ibeji, transformados numa das maiores tradições vivas das populações baianas, especialmente. Pois, repitamos, poucos santos são aqui tão populares quanto eles. Nos lares católicos, suas imagens são comumente encontradas, em oratórios particulares, como também na prática dos negros é invocado, como dissemos, sob o nome de Ibeji, "dentre as divindades africanas uma das de culto mais popular e disseminado nesta cidade", como afirmava Nina Rodrigues. E acrescentava o mestre: "Sei de famílias brancas, de boa sociedade baiana, que festejam Ibeji, oferecendo às duas pequenas imagens de São Cosme e São Damião sacrifícios alimentares. Numa capela católica muito rica, de um dos primeiros palacetes desta cidade, encontrei eu, numa noite, no exercício da profissão médica, em bandeja de prata e em pequena mesa de charão, as imagens dos santos gêmeos, tendo ao lado  água  em  pequenas  quartinhas douradas  e   esquisitos  manjares  africanos". E  são  exatamente destes  esquisitos  manjares  africanos  que  se  compõem  os  grandes  almoços   o caruru  de  São  Cosme  e  Damião.  
No seu dia – no dia 27 de setembro – manda-se rezar a missa, numa igreja de sua preferência, em louvor dos santos. Para isso foi que se pediu esmola, de porta em porta, para se rezar a missa e para a festa. Logo depois, é toda uma azáfama na cozinha e no quarto dos santos. Com as flores mais belas se prepara o santuário; com os requintes mais sutis as comidas da inigualável cozinha baiana. Desde a véspera, os tenros quiabos, bem lavados e enxutos, os camarões secos, o puro azeite, as pimentas e tantos outros temperos entram em função para que saia dali o mais saboroso caruru. Porque se no almoço surgirem o vatapá, o efó, o xinxim de galinha, a frigideira de camarão, o siri mole, não se poderá   chamar   festa   dos   santos mabaças,   se  falta  o  caruru, com  seu acompanhamento indispensável   que   é   o arroz   de   haussá   ou     o   acaçá.   Daí   a festa ter o nome de caruru de São Cosme.

Pronto o almoço, não será para os convidados adultos que sairá logo; que eles tenham paciência. Antes, em pequenos potes e pequenos pratinhos de barro, se colocam com todo respeito, as comidas dos santos, em seus santuários, e ali se deixa para que os gêmeos possam
aquilatar do grau da devoção dos donos da casa. Procedida a cerimônia, chamam-se os sete meninos, especialmente convidados. Sim, não será completa a festa se não foram convidados sete garotos para comerem o caruru, no prato comum que não é um prato; mas uma grande tigela ou uma enorme bacia. Ali, a comida é colocada, em geral no quintal sobre uma esteira ou pano da Costa e os meninos formam em redor o seu círculo. Nada de colheres, nada de talheres, pois é com as mãos, apenas com as mãos, que eles se servem para satisfazer a sua gula, o seu apetite. E tem que ser depressa a lambuzar de muito azeite e de muito quiabo nos rostos alegres. São convocados antes o canto dos adultos:
Vem cá, vem cá, Dois-doisVem cá, vem cá, Dois-dois

E já os garotos estão comendo, no se
u lambuzado e na sua alegria, os adultos, em redor, cantam deliciosas toadas. Se acabam,   levantam a tigela e cantam:
Vamos levantarO Cruzeiro de JesusNo céu, no céu, no céuA Santa Cruz

Antes,
  outras   canções   são   entoadas, com grande entusiasmo dos  presentes, meninos ou adultos:


São Cosme me mandou fazerUma camisinha azulQuando chega o dia deleSão Cosme quer caruru
E mais:
São Cosme e São DamiãoCheira cravo, cheira rosaCheira flor de laranjeiraVadeia Cosme, vadeiaVadeia Cosme na areia

O jornalista
 e   poeta  Cláudio Tuiuti Tavares recolheu, em excelente estudo   sobre   Ibeji, variantes   destas   cantigas  e numerosas outras como:
Cadê sua camisaDois-dois!Dois jogando bolaCom elaDois jogando bolaQuem não tem penaMamãeQuem não tem dóDe ver Dois-doisNa rodaBrincando sóCosme e DamiãoOgum e AlabáVamos catar conchinhaNa beira do mar

Por
  que   sete   meninos  são  convidados de honra para o almoço de Cosme  e  Damião? Diz-nos a senhora Aurora Martins, que é mabaça e que  comemora  a festa  com  tanto  carinho, que havia sete irmãos: Cosme,  Damião,  Doú,  Alabá,  Crispim, Crispiniano e Talabi, todos mabaças, e   é por isso que se torna necessário dar o caruru em honra de   sete   meninos, especialmente   convidados,   aplacando assim as possíveis   cóleras   dos   santos. E   nos  adianta que quando criança, tornavam-se   debaldes   os   esforços   de sua mãe para  que ela fosse devota   de    São   Cosme   e Damião. Eis  que um dia, em plena rua, recebeu   forte  golpe no rosto, sem saber quem o tinha aplicado.  Ao chegar   em  casa   verificou, ao espelho, que havia na face marca de uma   mãozinha:   puro   castigo   dos   santos. Daí em diante,  jamais deixou de comemorar os  santos gêmeos, jamais deixou de oferecer o seu caruru a 27 de setembro.

Mas
  não   é somente nos lares modestos que se festeja o dia. Se não encontramos mais, nos palacetes da cidade, os   rituais africanos  que Nina Rodrigues surpreendeu, mesmo assim o "caruru" do  grande dia em muita   casa  de rico ou de pessoas de posse é festejado à larga. A família Benjamin Sales, no Corredor   da   Vitória, tem mais de cem convidados   à mesa   do   dia   de  São Cosme e Damião. O  repórter Darwin   Brandão,  autor   de   honesto   livro   de receitas da cozinha baiana, acentua ter comparecido   a   
um "caruru" onde havia mais de duzentas pessoas.

Almoço
  de   Cosme   e   Damião  hoje também famoso da Bahia é o realizado   na   residência  do   professor  Pires da Veiga, catedrático  da Faculdade de Medicina. Sua esposa, dona   Haydée Pires da Veiga apresenta dezenas de pratos de  pura culinária afro-brasileira, que são a   delícia   dos  seus  convidados. Regados   de   vinhos   franceses, precedidos   de   licores   de   jenipapo   da terra. Os seus almoços de festejo aos dois santos constituem um prazer dos seus amigos, que os aguardam com ansiedade. É que o   casal   rende sincera homenagem a   São   Cosme   e São Damião, já que tem duas belíssimas mabaças, devotas que são dos seus divinos protetores.

Mas, se os festejos são profanos, como
  os   famosos carurus, se das igrejas católicas saem procissões dos dois mártires, como a da Lapa à Soledade, nos terreiros   dos candomblés se   realizam durante todo o dia cerimônias   e   as 
 mesmas comidas também são esmeradas para que Ibeji sinta, para sua maior glória, a fé dos seus devotos.

Um
  mês   depois,   no   dia 25 de outubro, as cerimônias se repetem, embora   com   menos   intensidade:   comemora-se  a   festa   de São Crispim e Crispiniano, também mabaças e  confundidos na crendice popular com Cosme e Damião, cujas   imagenzinhas  com sua palma, sua pena e seu livro, estão   em   quase   todos   os  lares da Bahia, de negros ou de brancos, de   pobres ou de ricos, que   tenham   coração para crer, com sua fé inabalável, nos  grandes protetores da saúde da espécie humana.











“Como professor catedrático reformulou o programa da cadeira, atualizando-o de acordo com o novo conceito da especialidade. Apenas, não conseguiu, na ocasião, mudar o nome de Clínica Cirúrgica Infantil e Ortopedia para o de Clínica Ortopédica e Traumatológica. Entretanto, em outubro de 1964, de acordo com o Regimento Interno da Faculdade, aprovado pela Congregação, a cadeira tomou a designação de Clínica ortopédica e Traumatológica.
No exercício da cátedra, criou condições de trabalho, trouxe novos métodos de tratamento e elevou o conceito da especialidade em nosso meio. Assim atraiu vários alunos e seguidores que, de um lado, tiveram a oportunidade de aprender os seus ensinamentos no manuseio da especialidade, e, de outro, foram agraciados com o privilégio de conviver com um homem que, pela sua maneira de proceder nos mais variados momentos da vida, foi um exemplo de dignidade. Exerceu o magistério com dedicação, competência, seriedade e humildade.”

Um comentário:

  1. Peço a correção do nome da mãe do Dr. Benjamim da Rocha Salles que é:
    ELVIRA DA ROCHA SALLES.

    Eu sou sobrinha neta dele meu nome é:
    Elvira Barbosa Salles
    email: elvirabarbosasalles@yahoo.com.br

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