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By Ferramentas Blog

domingo, 16 de janeiro de 2011

ANTÔNIO FERREIRA FRANÇA

ANTÔNIO FERREIRA FRANÇA

Universidade de Coimbra, Portugal


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Nasceu na cidade do Salvador, em 14 de Janeiro de 1771.
Concluídos os estudos de humanidades, seguiu, contra a vontade paterna, para Portugal, onde ingressou na Universidade de Coimbra. Dotado de invulgar inteligência, freqüentou, com excepcional brilho, as aulas de matemática, filosofia e medicina, sendo diplomado em tais disciplinas.
Convidado para exercer o magistério naquela universidade, declinou do honroso convite, e regressou para a sua terra natal.
Na Bahia, foi lente de Higiene, Etiologia, Patologia e Terapêutica da Escola Médico-Cirúrgica, quando revelou ser o pioneiro da homeopatia em nosso país, pois, em 1811 tecia, em suas aulas, comentários sobre a nova conduta terapêutica.
Em 1832, assumiu a cadeira de Patologia Interna.
Jubilado em 1837, passou a ensinar geometria e grego no Liceu Provincial, do qual foi diretor (1841 a 1848).
Após a Independência, dedicou-se à vida política. Foi membro do Conselho Provincial (1822), deputado à Constituinte (1823) e em várias outras legislaturas.
Como deputado, apresentou, na sessão de 16 de junho de 1831, o primeiro projeto de lei visando a abolição da escravatura.
Diz Rodolfo Teixeira: “Á primeira vista, a sua singular figura física não denunciava ao observador, os valores intelectuais de que era dotado. Um seu contemporâneo, o autor de “A Moreninha”, o Dr.Manoel de Macedo, descreveu assim esse cidadão lendário da Bahia: “de baixa estatura e magro, trajava sempre vestes que poderiam servir a homem alto e gordo; a gravata que usava era tão longa que nela escondia, abaixando a cabeça, o queixo até o nariz: ah, sim, a gravata – só uma vez o laço era feito, quando a comprava, depois era só enfiá-la até que os tempos a consumissem” (4).
E completa: “Um dos seus traços mais característicos era a concisão. Não gastava uma  palavra sequer a mais quando se dirigia a alguém. Atingia extremos. E nem sempre se dava bem. Foi o que aconteceu com uma solicitação que fez ao Imperador D. Pedro I. Pretendia ser médico de Sua Majestade, a quem dirigiu um sumário e sumítico requerimento: “Quererá Vossa Majestade me nomear seu médico?” E nada mais. A resposta foi pronta, brevíssima, através de uma única palavra – um Não, dito entre dentes, chiado, agressivo” (Ibidem).
Não obstante esse fato, recebeu de D. Maria I, do Príncipe Regente e do próprio D. Pedro I, justas e elevadas honrarias.
Faleceu em 1848.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

1.     Homeopatia e Você. Disponível em  http://www.homeopatiagoiana.hpg.
ig.com.br/saúde/10/index_int_2html. Acesso em 10 de janeiro de 2009.
2.     Loureiro, Antônio de Souza - Baianos Ilustres. Salvador, 1973.
3.     Sá de Oliveira, Eduardo – Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador, 1992.
4.     Teixeira, Rodolfo – Discurso de Posse. Anais da Academia de Medicina da Bahia. Volume II, junho de 1979.



  
  APÊNDICE I
ESCOLAS E PROFESSORES NO DESCALVADO DO SÉCULO XIX
(Betarello, Antenor Ervêu e Ferreira Betarello, Odenor Pedro Ivo- ESCOLAS E PROFESSORES NO DESCALVADO DO SÉCULO XIX)

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Antônio Ferreira França foi um árduo defensor da educação do povo brasileiro, sobretudo no que se refere ao ensino das primeiras letras.
Seus projetos de lei, suas intervenções na Assembléia da Corte e na vida pública em geral, foram sempre voltados para a educação nacional.
Para termos uma idéia da dimensão do problema da educação no Brasil, sobretudo na primeira metade do século XIX, basta transcrevermos o trabalho de Antenor  Betarello e  Odenor  Betarello, referente a Freguesia do Descalvado:
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“O  ensino de primeiras letras, denominação que recebia o ensino primário por ocasião da fundação do Descalvado, era matéria relegada para plano secundário. É óbvio supor-se de que tudo se tratava e cogitava, menos do ensino de primeiras letras. Em 16 de junho de 1826 um projeto de lei assinado por Januário da Cunha Barbosa, José Cardoso Pereira de Melo e Antônio Ferreira França dividia o ensino em 4 graus: pedagogias,  liceus, ginásios e academias. “As pedagogias ou escolas de primeiro grau, ensinavam a arte de ler  e escrever, princípios e regras de aritmética e conhecimentos morais, físicos e econômicos indispensáveis em todas as circunstâncias e empregos. As meninas eram admitidas nessas escolas; sua instrução era a mesma e simultânea. Em cada povoação havia uma escola e nas grandes vilas e cidades, havia mais de uma” (Afrânio Peixoto- Noções de História da Educação). Ferreira França, em 1830, aventou que, em cada distrito de 100 fogos, houvesse uma escola de primeiras letras. Para ter-se uma idéia do atraso da época, basta dizer-se que uma estatística de 1872 acusava, para o Brasil, uma população de 9.930.438 habitantes, sendo que 8.365.997 eram analfabetos, ou 842 em 1.000 brasileiros não sabiam ler e escrever. Até 1875, os mestres escolas eram improvisados. Quem quisesse podia propor ensinar. Pode-se bem avaliar por estes informes como andavam as escolas da época. Azevedo Marques, em Apontamentos da Província de São Paulo, escrevia: “A Instrução Pública Primária, ramo do Serviço Público, é dirigida por uma repartição central, criada por lei provincial do ano de 1852 e estabelecida na Capital com o titulo de Inspetoria Geral de Instrução Pública”. Na Província de São Paulo, em 1870, existiam 346 cadeiras de primeiras letras para o sexo masculino; 208 cadeiras de primeiras letras para o sexo feminino; existiam ainda 59 escolas particulares para ambos os sexos e 25 colégios de instrução secundária”. Ainda Azevedo Marques nos informa a respeito do Descalvado: “A população do Descalvado, em 1876, era de 5.709 habitantes, sendo 1.339 escravos. Havia 175 fogos, 14 eleitores e 2 escolas de primeiras letras para ambos os sexos.
Não se pode com certeza afirmar em que data anterior a 1862, surgiu a primeira escola de ensino primário na Capela Curada e depois Freguesia do Descalvado. É de acreditar-se que, embora precário, houvesse sido administrado o ensino de primeiras letras em um ou outro distrito, custeando os moradores da povoação um professor primário particular leigo. Até 1862 são omissas as informações...”



                                                  APÊNDICE II
ANTÔNIO FERREIRA FRANÇA,  UM REPUBLICANO PRECOCE.
 (ABREU E LIMA, JOSÉ INÁCIO – Cadernos do Centro de Pesquisas Literárias. Volume 5, n.2, agosto de 1999)



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Em 1835, na fase de minoridade do Imperador Pedro II, o Deputado Antônio Ferreira França, eleito pela Bahia, apresentou uma proposta de revogação do regime monárquico, em sessão da Câmara Legislativa de 16 de maio desse ano. Três parágrafos decretavam o fim da monarquia, a suspensão dos direitos de seus herdeiros e a forma como a nação escolheria seus dirigentes: pelo primeiro, o governo do Brasil cessaria de ser patrimônio de uma família;pelo segundo, o Imperador e suas irmãs cederiam seus privilégios e receberiam um subsídio para sua educação; pelo terceiro, a nação seria governada por um chefe, eleito de dois em dois anos, no dia 7 de setembro.
A petição do deputado mereceu o repúdio do General José Inácio de Abreu e Lima, monarquista ferrenho, que veio a público denunciar ao povo brasileiro “o maior atentado que, nas atuais circunstâncias, poderia cometer um seu representante” e para “provocar um juízo nacional” em virtude da ofensa dirigida não só ao Imperador, mas à nação inteira”.
Resolvido a expor suas teses favoráveis ao regime e argumentar contra o pensamento do seu rival, o General lançou, pela Tipografia Niteroi, de Rego e Companhia, o Bosquejo histórico, político e literário do Brasil, sub-intitulado “Análise crítica do projeto do Dr. Antônio Ferreira França, oferecido em sessão de 16 de maio último à Câmara dos Deputados, reduzindo o sistema monárquico constitucional, que felizmente nos rege, a uma república democrática”.
O livro apresenta a proposta do Deputado Ferreira França, transcreve a Constituição do Império do Brasil e formaliza a denúncia do General contara o representante da Câmara, acusando-o de perjúrio, aleivosia e traição à pessoa do Imperador e das Augustas Princesas da Família Imperial. No entanto, excedendo aos propósitos iniciais, a obra constitui-se uma exposição das idéias do autor relativamente às repúblicas americanas, especialmente aos Estados Unidos, México e Colômbia, o que permite uma comparação entre a situação política e cultural desses Estados e o Brasil. Para Abreu e Lima o Brasil vivencia uma situação peculiar, em virtude do elevado número de escravos que compõe a população do país. A presença de elementos de cor, no contingente populacional, provoca uma divisão binária – de um lado, estão as pessoas livres, de outro, os escravos – o que impede o reconhecimento do caráter homogêneo do povo e, por conseqüência, impossibilita a implantação de um governo baseado em princípios igualitários, como pretende o Dr. França. Além desse elemento diferenciador, os brasileiros desenvolveram uma condição de superioridade sobre todos os povos de mundo pela vantagem de possuírem uma privilegiada situação física e geográfica, o que os levou a se isolarem, inclusive de seus progenitores, “aqueles mesmos que nos tinham legado todos os seus vícios sem nenhuma das suas virtudes”.
Nesse ponto, o autor do Bosquejo passa a traçar um “Paralelo entre o nosso estado moral e o dos nossos visinhos e conterrâneos” para ressaltar abaixa capacidade intelectual dos brasileiros em relação aos povos norte-americanos, em função das condições propiciadas pelos colonizadores portugueses. Enquanto que os espanhóis dispuseram da imprensa, disseminaram escolas, possuíam uma vasta literatura, destacaram-se em arte, matemáticas e ciências, implantaram universidades nas colônias do Novo Mundo, os portugueses, ao contrário, não manifestaram interesse pela condição intelectual de seus colonizados. Voltados à navegação e às conquistas, os lusitanos foram hábeis soldados, marinheiros e navegadores, mas não se destacaram nas artes e não fomentaram a vida cultural. Os brasileiros, quando desejavam estudar, tinham de se dirigir à metrópole, onde as condições continuavam adversas: contra os mais inteligentes, armavam-se sancadilhas  que, não raras vezes, os obrigava a voltar à colônia.”

                       

                                                

                                                                                       



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