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By Ferramentas Blog

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

ALFREDO THOMÉ DE BRITTO
FOTO: Disponível em  http://www.sbhm.org.br/index.asp?p=medicos_view&codigo=31

Alfredo Brito nasceu em Salvador, no dia 21 de dezembro de 1863 (3).
Concluiu o curso secundário, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, diplomando-se em 23 de dezembro de 1885, após defender tese sobre “A cremação e a inumação”, o que causou certo constrangimento aos professores, pois o assunto era polêmico, naquela época.
Foram seus colegas de turma: Adriano dos Reis Gordilho,  Ignácio Monteiro de Almeida Gouveia, José Júlio Calazans, Júlio Soares de Pinho. O primeiro, professor e Diretor da Faculdade (1901-1908). Os outros, professores.
Diplomado, seguiu para a Europa, em 1886, exatamente no ano em que Roentgen descobriu os raios X, fato que despertou sua atenção.
O interesse foi de tal ordem que ele adquiriu um aparelho de raios X, trouxe-o para a Bahia e instalou-o no Hospital Santa Izabel.
Em 1888, por concurso, foi nomeado Professor adjunto da Primeira Cadeira de Clínica Médica. Em 1891, Lente substituto da 7ª. Secção e, em 1893,  também por concurso, candidatou-se à cátedra de Clínica Propedêutica.
Como Catedrático de Clínica Propedêutica, permaneceu até 1909.
De 1901 a 1908, foi Diretor da Faculdade de Medicina.
“O Dr. Alfredo Britto revelou-se um professor de raro valor científico; Orador brilhantíssimo administrador que sabia realizar e executar. Somente um espírito superior poderia, numa época de terríveis dificuldades e num curto prazo de existência, realizar grandes obras e tantos benefícios proporcionar aos seus semelhantes. Além de outras glórias, alcançou a de ser o reconstrutor da nossa Faculdade e a de introdutor dos raios X em nosso meio (maio de 1897), tendo empregado, de modo sistemáico, pela primeira vez no mundo, esse recurso admirável, em Cirurgia de Guerra, quando, na Campanha de Canudos, ao lado dos colegas, prestava, nessa capital, relevantíssimos serviços aos feridos na luta fratricida travada nos sertões baianos” (4).
Fato que assinala a vida de Alfredo Brito, é o da reconstrução da Faculdade de Medicina da Bahia, destruída pelo incêndio de 1905.
A Faculdade, como a Fênix da mitologia, ressurgiu das cinzas, graças ao esforço hercúleo de Alfredo Brito -- o qual, “foi uma das personalidades mais cultas e brilhantes da Bahia, em todos os tempos” (1).
No final da sua vida, Alfredo Brito, foi vítima de inqualificável perseguição, da qual resultou sua demissão do cargo de diretor da Faculdade.
O ato de exoneração, datado de 4 de junho de 1908, impediu que Alfredo Brito inaugurasse a fantástica obra de reconstrução que ele dirigiu com entusiasmo, dinamismo, competência e dedicação.
Três meses após o terrível golpe, partiu para a Europa, em companhia de sua esposa, D. Júlia de Almeida Couto Brito, irmã do Prof. Nina Rodrigues.
Seis dias depois da partida, chegava, da cidade de Funchal, um telegrama, comunicando haver falecido D. Júlia, vitimada de sarampo.
Estando longe de qualquer porto, foi o cadáver sepultado em alto mar.
Abalado pela inesperada viuvez, regressou Alfredo Brito para a Bahia, onde faleceu em 13 de maio de 1909,  com 43 anos de idade.
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FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.     Benício dos Santos, Itazil – Itinerário de Idéias e Compromissos. Imprensa Gráfica da Bahia. Bahia, 1987.
2.     Cruz, Thomaz Rodrigues da – Alfredo Brito, o Diretor. Anais da Academia de Medicina da Bahia. Volume 10. Empresa Gráfica da Bahia. Bahia, 1994
3.     Nogueira Brito, Antônio Carlos – A Medicina Baiana nas Brunas do Passado. Empresa Gráfica da Bahia. Bahia, 2002.
4. Sá Oliveira, Eduardo de – Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia. Gráfica Universitária do Centro Editorial de Didático da UFBa. Bahia, 1992.

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APÊNDICE I
O INCÊNDIO DA FACULDADE DE MEDICINA
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“Naquele tempo, no ano de 1905, o carnaval da Bahia já começava na quarta-feira que antecedia o tríduo de Momo (1).
Na quarta-feira, 1º de março de 1905, o clube Inocentes em Progresso realizava brilhante passeata, à luz de fogos cambiantes, partindo os “distinctos passeantes” do Terreiro de Jesus, às nove horas da noite, percorrendo as principais ruas da cidade alta, acompanhados sempre de enorme massa de povo, adepto e entusiasta das festas carnavalescas, que não cessava de aclamar o “sympathizado club.”
Na mesma noite, às 20 horas, acontecia no edifício do Fantoches de Euterpe, à praça da Piedade, o ensaio geral da charanga do clube, composta de 23 figuras da banda do 2º Corpo de Polícia do Estado.
A comissão encarregada do embelezamento da rua das  Portas  do Car Carmo deveria distribuir dois bonitos prêmios, devendo o  primeiro ser oferecido  ao  máscara  que  se apresentasse o mais “phantasiado” e o segundo ao mais espirituoso.

Quinta-feira, 2  de  março  de  1905 — O sempre festejado clube Cruz Vermelha partia do largo do  Corpo Santo, às 19 horas, com destino à cidade alta, tendo à testa do préstito um carro-estandarte  homenage ando  uma  divindade  do  Olimpo, representada  donairosamente  por gentilíssima  senhorinha, filha de um funcionário da Alfândega federal. O belo carro-estandarte era seguido  de quatro carros alegóricos e um de  crítica,  aformoseados  pela  presença  de  gráceis donzelas e pela candidez  de  gárrulas  crianças, vestidas  com  gosto e arte, de cores garridas, assentadas  em  degraus  espelhados,  ovacionadas  com es trépito e regozijo. O cortejo  era animado pelas notas das marchas ca prichosamente  executadas  pela  correta  banda do 1º Corpo de Regi mento Policial, arrastando enorme  multidão até a praça Duque de Ca xias, deslocando-se, em seguida, até a praça Castro Alves, atopetada de povo que aclamava com delírio o pomposo clube.

Às 21 horas e 30 minutos passava de novo o bem organizado préstito pela  referida  praça, já  de volta e com destino à praça 15 de novem bro, onde deveria dissolver-se.
O desfile, composto de grande número de cavalheiros e de carros com sócios, desde o ponto de partida, à cidade baixa, até á praça Duque de Caxias, atravessou por uma grande massa popular, postada nos passeios e calçadas. As janelas das ruas percorridas pelo luzido cortejo estavam cheias de alegres espectadores.
A multidão de foliadores, distribuída confusamente, formiguejava nas vias urbanas, “num dos momentos que procura dissipar, na esturdia alegre das ruas, as sombras crepusculares que lhe toldam a fronte abatida por desenganos, privações e tristezas”.
De repente, por volta das 21 horas e 30 minutos, as cornetas dos quartéis e o toque plangente dos sinos das igrejas badalavam o rebate, anunciando incêndio no distrito da Sé e arrastando a turba para o local.
Magotes de populares que mal dobravam a primeira esquina da “rua do Collegio”, de vozes desencontradas e de brados confusos, avistavam, de longe, o dantesco espetáculo das chamas brotando com ímpeto de um telhado no antigo e lendário Terreiro de Jesus.
Uma algaraviada populaça, respirando acre atmosfera impregnada de fumo, contemplava, desolada, a cena dolorosamente pungitiva das labaredas raivosas que devoravam o majestoso edifício da Faculdade de Medicina da Bahia.
Tredo e ameaçador, o incêndio aumentava e as chamas que começaram nos baixos do pavilhão, atingiam o pavimento superior, destruindo a preciosa e seleta biblioteca da Faculdade, enquanto nas proximidades do elegante palacete da cultura da Bahia, num tumultuar incessante, faziam-se escutar gritos desordenados, vozes de comando, em sua maioria não observadas, e súplicas comovedoras.
Tomando conhecimento do sinistro, os componentes do cortejo do clube Cruz Vermelha, pesarosos, dispersaram-se na “praça do Conselho”.
Os bombeiros municipais, conduzindo uma velha e estragada bomba a vapor, comandados pelo tenente Oliveira Lima, mostravam-se impotentes para o combate ao incêndio, em razão da dolorosa e proverbial deficiência de água e da falta das necessárias instruções respeitantes ao imediato isolamento. A dita bomba a vapor só começou a funcionar depois de 1 hora da madrugada.
Cumpre salientar que aos bombeiros do município, se faltou por completo o auxílio das disciplinas e dos respectivos exercícios, não houve ausência de dedicação pelo trabalho de salvamento, ao qual se entregaram corajosos, mas despidos de todo o recurso profissional.
Por meio de escadas emendadas, na falta de “escadas de assalto” que o Corpo de Bombeiros não tinha, o acadêmico do 3º ano de medicina Oliveira Junior, acompanhado por um grupo de oito homens, entre os quais bombeiros e praças do 9º batalhão de infantaria, subiu nos telhados do salão nobre, em demanda do depósito da água da Faculdade que devia conter cerca de três mil litros de água. Para isso os homens que acompanharam Oliveira Junior levavam baldes, nada podendo fazer, no sentido de aproveitar essa água, pois o dito depósito já havia pendido, derramando o precioso líquido.
Foi de melhor alvitre isolar a parte não incendiada, o que fez o   acadê mico Oliveira  Junior cortar o telhado em cerca de duas braças, (antiga unidade de comprimento equivalente a 2,2m.), e por meio de uma “es cada de assalto”, fornecida a hora adiantada, pelo Regimento Policial, fez subir  uma  mangueira com esguicho, para refrescar o salão nobre, não só o assoalho, como o teto, que já começava a ser atingido  pelas labaredas.
Feito esse trabalho, incontestavelmente de grande valor, mandou o acadêmico Oliveira Junior subir outra mangueira, por meio de cordas, para debelar o fogo, que já passava para uma sala vizinha à da secretaria, conseguindo felizmente limitar o fogo nessa parte.
Circunscrito assim o incêndio por esse lado, tratou o mesmo acadêmico de socorrer aos gabinetes de historia natural e histologia, que ameaçavam arder. Neste sentido usou de escada emendada e de uma mangueira de extensão superior a quinze metros, sendo então, imediatamente, abafado o fogo.
Do lado oposto do edifício da Faculdade, para evitar que o incêndio lavrasse pelas salas da secretaria e outros gabinetes, subiu ao telhado o Sr. Dr. Pedro Rodrigues dos Santos, ativo conselheiro municipal, que se colocou à testa dos trabalhos, limitando-se também aí o incêndio.
Somente mais tarde foi que os bombeiros, auxiliados e orientados por pessoas estranhas à corporação, levaram a efeito a azáfama salvadora de isolamento e combateram as chamas utilizando a água do chafariz existente no parque, aliás tão próximo da Faculdade.
Na sexta-feira, 3 de março, o infatigável diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, Dr. Alfredo Britto, informou à gazeta “Diario de Noticias” que os bombeiros do município não aceitaram utilizar-se de doze mil litros de água existente em um tanque, situado em um pátio, no interior do edifício da Faculdade e bem vizinho ao local onde o incêndio teve começo. O oferecimento dessa grande quantidade de água, feito pelo eletricista do estabelecimento de ensino médico, uma vez utilizado, teria, certamente, sufocado, o fogo incipiente.
Nas circunvizinhanças da Faculdade de Medicina existiam as seguintes “torneiras de salvação” – (atualmente com o nome de hidrantes): 1 na rua do Saldanha, esquina do prédio em que outrora funcionou o “Estado da Bahia”; 1 na rua direita do Colégio, em frente à Farmácia Jutuca; 1 no Cruzeiro de São Francisco; 1 na esquina do beco do Açouguinho; 1 no largo do Pelourinho; 2 no Maciel de Baixo e 1 no Liceu.

Os trabalhos de isolamento somente tiveram início por volta das 23 horas, isto é, depois de mais de duas horas do início do incêndio, que já ameaçava os prédios das Portas do Carmo, que davam para o lado do mar, podendo alastrar-se para a suntuosa Catedral.
Com o assessoramento seguro e com a dedicação, competência e zelo de profissionais  distintos como os Drs. Arlindo Fragoso, Jayme David, Silva  Lima, Olivetto Junior e outros, o serviço de extinção foi-se torna tornando  uma  realidade, ao  ponto de ficar concluído às 2 horas e 30 minutos da madrugada de 3 de março.

Consoante informações de testemunhas, o incêndio manifestou-se por volta das 20 horas e 30 minutos, nos baixos do pavilhão da biblioteca, em   uma  sala destinada ao arquivo das teses, de onde escapava, por uma das janelas, pequena quantidade de fumaça.
A mocidade das três escolas superiores da cidade da Bahia, com espontaneidade, zelo e abnegação louvabilíssimos, prestou os mais relevantes serviços nos salvamentos de ricas alfaias, documentos raros e preciosas relíquias e, coadjuvada por praças do exército, caixeiros, funcionários municipais e populares, salvou os retratos dos provectos e venerados lentes da Faculdade, além de mobílias, pertences de gabinetes, coleções etc.
Do gabinete de farmacologia e arte de formular, de que era lente catedrático o Dr. Antonio Victorio de Araujo Falcão, intendente municipal, foi retirado desse gabinete quase em chamas, com o auxílio do preparador o Dr. Francisco da Luz Carrascosa e também do conservador o Sr. José Antonio de Almeida Araújo, uma porção de “nitro-glycerina”, forte e terrível explosivo, e “etheres” diversos.”

Os gabinetes de anatomia e de higiene nada sofreram. Todavia, com alguns danos, foram salvos os gabinetes de histologia, de história natural, de farmácia, de física, de fisiologia, de odontologia e de terapêutica. Também poucos estragos tiveram a secretaria, o gabinete do diretor, o salão nobre, a sala Abbott e o anfiteatro. Parte da sala dos retratos foi incendiada. O fogo consumiu os gabinetes de anatomia patológica, de bacteriologia e de química, além do almoxarifado e a primorosa capela do padre Antonio Vieira.
Entre os importantes gabinetes destruídos pelo incêndio, destacara-se o de medicina legal, dirigido pelo Dr. Nina Rodrigues, o qual se achava ultimamente enriquecido com modernos aparelhos de psicologia experimental, que não chegaram a funcionar.
Os modelos cerato-plásticos foram todos salvos, além de muitas prepa rações  do gabinete  de história natural. O motor elétrico sofreu peque nas avarias

Grande  foi  o  pânico entre os moradores das Portas do Carmo,notada notadamente os  residentes dos prédios 2, 4, 6, 1 e 3, retirando  os se us seus móveis e dispondo-se para abandonarem os seus penates. Ecoavam gritos  estridulantes  e  senhoras foram  acometidas por aces ssos histéricos e choros convulsivos.
Por uma felicidade rara e graças à ausência do vento, o fogo não se propagou aos prédios 2, 4 e 6, às Portas do Carmo, cujos fundos ficavam na distancia de dois metros apenas do pavilhão incendiado.
Era enorme a multidão de curiosos que enchia todo o largo do Terreiro, em derredor do parque, o largo do Cruzeiro e embocaduras de outras ruas.
Foram muitas as queixas contra o procedimento, por várias vezes dolo rosamente incorreto, com  que  a Força Pública se comportou no incên dio, que carecia de severa reprimenda por parte do secretário de Segu rança Pública.

O súdito alemão Julius von Uslor salvou  a  valiosa galeria dos retratos dos  lentes  falecidos,  sendo  auxiliado pelo Dr. Francisco  Drummond, secretário da intendência e por muitos estudantes.
Em poder do artista Eduardo Visconti, estabelecido à rua de São Pedro, estavam dois belíssimos lustres de cristal, pertencentes à luxuosa instalação que estava sendo montada no salão de honra da Faculdade e que deveriam ter sido instalados no dia 1º de março. Motivos supervenientes, à última hora, determinaram àquele artista a transferência da aplicação dos pomposos candelabros para 3 de março, que destarte escaparam ao pasto das chamas. A importância do dito adorno orçava por cerca de 2:000$.
Estiveram presentes, para as providências necessárias, diversas autoridades, dentre as quais o Sr. Dr.Antonio Victorio de Araujo Falcão, intendente municipal, Dr. Aurelino Leal, chefe de polícia, Dr. Innocencio Cavalcante, diretor da Higiene Municipal, que foram auxiliadas pelo conselheiro Carneiro da Rocha, diretor da Faculdade de Direito, Drs. Braz do Amaral, Aurélio Vianna, Frederico Koch, Julio Calasans e outras personalidades, destacando-se, pelo denodo e zelo, o acadêmico Ernesto Simões Filho, o qual, 46 anos depois, na manhã de 31 de outubro de 1951, na qualidade de ministro da Educação, diligenciava, desolado, a imediata reconstrução do pavilhão da frente do edifício da Faculdade de Medicina, consumido por um incêndio iniciado na noite anterior.
Na sexta-feira, 3 de março, à tarde, o governador do estado da Bahia, Dr. José Marcellino de Souza, foi ao edifício da Escola, percorrendo-o todo, quer na parte arruinada, quer na que ficou intacta.
O Dr. Alfredo Britto, diretor da Faculdade de Medicina, achava-se veraneando em companhia de sua excelentíssima família, em S. Tomé de Paripe, razão pela qual não compareceu ao teatro do sinistro, pelo fato de desconhecer os lutuosos acontecimentos, sendo informado sobre a infausta e dolorossíma notícia da grande tragédia somente às 7 horas e 30 minutos da manhã da sexta-feira, dia 3, quando chegou ao local às 11 horas da manhã, desenvolvendo, sem tardança, a máxima atividade e energia, mostrando-se na altura da horrível situação que a todos assoberbou, compreendendo, com a sua conhecida lucidez de espírito, que o momento não era para lastimar de braços cruzados a desgraça que a todos acabrunhou, mas para agir com prontidão no sentido de restaurar-se, quanto antes, o grande templo da .ciência.
A Faculdade de Medicina estava segurada nas companhias “Alliança” e “Interesse Publico” em 750 contos de reis
Grande parte do seu arquivo, felizmente salvo, foi guardada no edifício da Guarda Nacional, à “rua do Collegio”.
O doutorando Demosthenes Drummond de Magalhães penetrou na sala do “pantheon” e salvou o estandarte da vetusta instituição de ensino médico.
Todo o largo do Terreiro e rua das Portas do Carmo ficaram repletas de móveis, louças, aparelhos etc.
Na casa  nº 9  da rua das Portas do Carmo, na Farmácia Humanitária e em frente à  Farmácia  Jutuca foram  depositados  também vários 0bje objetos  retirados do edifício incendiado, pelo que foram enviadas senti nelas para aqueles pontos.

Receberam ferimentos o quintanista João Baptista Gomes da Luz, medi cado  na  “Pharmacia Humanitaria” e  o cirurgião dentista Augusto Cari Ge,com uma contusão no pé esquerdo, devido à queda de um armário, além de diversas pessoas.
Outros feridos: José Maria, ferido em uma das pernas; Domingos Dias Brandão, Elpídio da Silva, Domingos Beltrão, empregados no comércio, foram feridos nas mãos; Suplício Câmara, ferido na mão esquerda e conduzido para a casa de residência do Dr. Eduardo Carigé, onde foi medicado e João Teixeira dos Santos Filho, ferido levemente no lábio e na região frontal e medicado na Farmácia Humanitária. além dessas, outras 6 pessoas foram feridas sem gravidade.
Da importante biblioteca da Escola não escapou um só volume, sendo incineradas 14 mil obras, em 22 mil volumes, todos preciosos e raros.
O Dr. Alfredo Britto determinou que o Dr. Pedro Rodrigues Guimarães, bibliotecário, Raul Januário Cardoso, sub-bibliotecário, e José Antonio de Britto, amanuense, se encarregassem de montar o importante arquivo da Faculdade de Medicina, enquanto se não reorganizasse a biblioteca daquele estabelecimento.
O apoio material das classes cultas da Bahia para tornar palpitante realidade a idéia de constituir-se uma nova biblioteca para a Faculdade de Medicina, corporificou-se em entusiástica e nobre campanha. Destarte, ofertas de subido valor, quer de obras raras quer de teses ou de revistas e jornais científicos foram doados à Faculdade.
Oferecimentos de livros, folhetos de teses, revistas e jornais científicos foram feitas de imediato, registrando-se como os primeiros doadores, os Drs. Pacheco Mendes e Menandro Meirelles dos Reis Filho, viúva Koch e outros. O sobredito Dr. Pacheco Mendes, catedrático da Faculdade de Medicina, ofertou 97 obras em 127 volumes, e mais 115 folhetos diversos, 70 teses e 335 revistas e jornais; o Dr. Menandro Filho, também lente ilustrado da Escola, doou 14 obras em 21 volumes; a viúva Koch & Filho, 13 obras em 19 volumes; o Sr. Luiz Lopes Ribeiro, 2 obras em 2 volumes; o professor Ignácio de Góes, 7 folhetos de teses.
O ilustrado e distinto Dr. Thomaz Rodrigues da Cruz, de Maruin, na província de Sergipe, amigo dileto e colega de turma do bisavô materno do Autor, Dr. Pedro Ribeiro de Almeida Santos, graduados em 16 de dezembro de 1871, no salão de honra da Faculdade de Medicina da Bahia, no Terreiro de Jesus, doou 5 obras em 8 volumes, 83 teses encadernadas em 6 volumes, 73 teses em brochura, 3 volumes encadernados de revistas médicas e 117 folhetos diversos.
´Na segunda semana de março, após a catástrofe, foram ainda oferecidas à nova biblioteca da Faculdade: 1 obra em 2 volumes, pelo Dr. Edgard Frederico Tourinho; em segunda remessa, 81 obras completas em 103 volumes e 14 incompletas em 20, pelo Dr. Bonifácio Costa; 12 teses pelo sr. Olavo Marques; o “Banco de Camaçary” ofertou 46 teses, 146 folhetos diversos e 41 revistas; a imprensa Econômica, 136 teses; Dr. Rodolpho Theophilo, 1 folheto.
Até o dia 15 do mês de março, o total de obras doadas para a nova biblioteca da Faculdade de Medicina da Bahia perfazia o total de 230 obras em 307 volumes, 433 teses e 981 folhetos diversos.
A capela  dos  Jesuítas,  dedicada  a  São Estanislau Kostka, verdadeira  pré preciosidade histórica e totalmente incinerada, foi construída com o Colégio, provavelmente a partir de 1551.

A  sobredita  capela  estava encravada no complexo de pavilhões da Fa culdade e que, a partir de setembro ou outubro de 1800, serviu ao Hos pital Real Militar da Bahia, criado em 4 de outubro de 1799 por decisão do  governador e capitão-general  da Bahia, D. Fernando José de Portu gal, e instalado no Colégio que fora dos extintos Jesuítas.
O jornalista da gazeta “L’Italia”, Annibale Victorio, tirou diversos retratos dos escombros da Faculdade. O dito jornalista era editor e proprietário da referida folha, órgão da colônia italiana, inaugurado no dia 10 de novembro de 1904, com assinatura especial até 30 de junho de 1905 de 6$000 réis, que aparecia duas vezes por semana, com escritório localizado na rua das Princesas, nº 12, 2º andar.
A força federal, que ficou toda sob o comando do alferes Henrique de Carvalho Santos, foi, às 6 horas e 30 minutos da manhã do dia 3 de março, recolhida a quartéis, ficando apenas na praça 15 de Novembro um pequeno piquete de 50 praças comandado pelo dito alferes Carvalho.
Ao diretor Dr. Alfredo Britto foram oferecidos, para funcionamento provisório das aulas e dos exames, o Instituto Histórico da Bahia, o “Gymnasio”, o “Lyceu de artes-officios”, o Instituto Normal e palácio do Governo, à praça do Conselho. Todavia, o diretor da Faculdade não se utilizou desses oferecimentos.
No dia 4 de março, os peritos Drs. Silva Lima e Theodoro Sampaio procederam ao exame de corpo delito do edifício da Faculdade, estando presentes ao ato o Dr. Madureira de Pinho, comissário de polícia, auxiliado pelo infatigável e ínclito Dr. Alfredo Britto, que cedeu a sala Abbott ao Dr. Cassiano Lopes, para conduzir o inquérito policial, havendo suspeita de se tratar de incêndio delitivo.
Na primeira semana após o sinistro, a diretoria da Faculdade convidou os proprietários dos prédios de números 2 a 16 das Portas do Carmo para conferência sobre a cessão das mesmas à Faculdade. Compareceram os Srs. Gonçalo Luiz de Souza, proprietário do prédio de número 8 e Francisco José Leite Borges, do de número 4, manifestando-se as melhores disposições em ajudar a Faculdade para o trabalho de reconstrução, entrando em acordo nas mais razoáveis condições e com o maior cavalheirismo.
No dia 5 de abril, a companhia Interesse Publico pagou a quantia de 196:023$000, valor do prejuízo causado pelo incêndio na “Academia”.
Em 31 de janeiro de 1909, graças aos esforços dos Drs. Alfredo Britto, Theodoro Sampaio,(2), José Joaquim Seabra, ministro do Interior (3) e Augusto Cezar Vianna, foi reinaugurado o magnificente edifício da Faculdade de Medicina da Bahia, injuriado pelo fogo. Hoje, contemplamos, consternados, as ruínas do outrora esplendoroso sacrário da medicina brasileira, aniquilado pela desídia dos iconoclastas, sobre os quais pesa o anátema eterno.
Qual a lendária fênix dos fabulistas, ave que vivia muitos séculos e depois de incinerada renascia das próprias cinzas, do mesmo modo ressuscitou a Faculdade de Medicina da Bahia, no Terreiro de Jesus. E viverá até a consumação dos séculos, eternamente,e terá fama imorredoura.
FONTES
1 - Jornal A TARDE – 11 DE DEZEMBRO DE 1942 – P. 2.
2 - Britto ACN. Alfredo Britto, o estóico. A Medicina Baiana nas Brumas do Passado. Contexto & Arte Editorial: Salvador, p. 326, 2002.
3 - Relatórios de Dr. Lamartine de Andrade Lima.




APÊNDICE II
QUANDO NASCEU ALFREDO THOMÉ DE BRITO?


“Senhoras e senhores, o que será recitado nesta alocução está consubstanciado em pesquisas por mim levadas a efeito em fontes primárias, em sua grande maioria, constituídas de manuscritos originais, inéditos, raros e preciosos, avelhados pelo cursar inexorável do tempo que passou, os quais estão sob a guarda do Arquivo Público do Estado da Bahia, além do Arquivo da Cúria Arquidiocesana de Salvador e do Arquivo do Memorial da Medicina Brasileira, nesta Faculdade. Pesquisas foram efetuadas em fontes primárias outras, manuscritas e impressas, tais como: Memórias Históricas, teses, atas das reuniões de Congregação e expedientes diversos. Jornais da época foram consultados.  
Nesta noite memorável, serão resgatadas para a história da medicina da Bahia tantíssimas e importantes verdades em torno da biografia de Alfredo Britto. 
Estudos minuciosos e sistemáticos, exaustivos, por mim realizados, além dos executados por outros pesquisadores, não revelaram a existência de fontes primárias, documentos originais, registrando a Fazenda Loreto, na paradisíaca Ilha dos Frades, como o local do nascimento de Alfredo Britto, constante asseveração de renomados memorialistas e ilustrados conferencistas. Documentos primários, por mim perlustrados, indicam a freguesia de Santana, nesta cidade, como o lugar mais verossímil do seu nascimento, conforme veremos adiante. 
Perseguindo o “desideratum” de ser médico, o idealista mancebo não possuía o seu assento de batismo, documento necessário para matricular-se no 1º ano de medicina, em 1880. Aflito, Alfredo Britto recorreu à Câmara Arquiepiscopal, no sábado, 14 de fevereiro, quando redigiu petição, dizendo ser “... filho (...) de D. Joanna Maria da Salvação Vianna, nascido em 21 de dezembro de 1863, precizando que o Revm.º. Vigário da Freguezia de Santa Anna lhe dê por certidão o assentamento de seu baptismo que teve lugar, na dita Freguezia, aos 15 de julho de 1864, servindo de Padrinhos os Señrs. Antonio José de Britto e D. Luiza Maria Ângela de Britto, ambos falecidos”. 
No sábado, 21 de fevereiro, sua avó-materna, D. Joanna Maria da Salvação Silva, compareceu à dita Câmara para justificar o batismo do seu neto, pelo fato de não ter sido encontrado o assento no competente livro, acrescentando que Alfredo fora batizado pelo cônego vigário Joaquim Cajueiro de Campos. 
Finalmente, após denso e prolongado processo, o vigário capitular Manoel dos Santos Pereira, mandou abrir o respectivo assento no Livro dos Justificados, em 2 de março de 1880. 
Não localizei cópia do assento de batismo, anexada aos documentos de matrícula do estudante Alfredo Britto, na Faculdade de Medicina. 
Sua avó-paterna, D. Luiza Maria Ângela de Britto, faleceu, sem testamento, a 14 de julho de 1869, nesta cidade da Bahia. O pai do Dr. Alfredo Thomé de Britto, o padre Domingos José de Britto, faleceu em 12 de dezembro de 1885, com testamento. Presbítero da Ordem de São Pedro, declarou que tinha dois filhos, um de nome Alfredo Thomé de Britto, estudante do sexto ano de medicina e outra de nome Luiza Fortunata de Britto, ambos já maiores e os reconheceu por escritura pública lavrada na nota do tabelião Virgínio José Espínola e, pelo testamento, constituía a ambos seus únicos e universais herdeiros, sendo nomeado seu testamenteiro, em primeiro lugar, o seu filho Alfredo. 
Fica, assim, restabelecida a verdade sobre as divergentes datas do ano de nascimento de Alfredo Britto, asseveradas por insignes professores e conferencistas de prol desta Faculdade. (21 de dezembro de 1865 ou 21 de agosto de 1866), quando o assentamento de batismo de Alfredo Britto registra que ele nasceu a 21 de dezembro de 1863.” 

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APÊNDICE III
 A TRAGÉDIA FINAL: VIUVEZ, INCÊNDIO DA FACULDADE,  RECONSTRUÇÃO E DEMISSÃO
PROF. ANTÔNIO CARLOS DE NOGUEIRA BRITO



“O magnífico paquete inglês “Thames”, de 3.033 toneladas, da “The Royal Mail Steam PacketCompany”, zarpou do cais da cidade da Bahia no início da tarde de sábado, 2 de setembro de 1905, com destino a Europa, levando os viajores Dr. Alfredo Britto e sua digna consorte, D. Júlia de Almeida Couto Britto. Acometido de intenso “spleen”, estava a caminho do Velho Mundo para tratamento de sua saúde, abalada com os últimos acontecimentos, para representar a Bahia em congresso internacional sobre tuberculose, a ser realizado em Paris, no mês de outubro e para visitar os institutos de ensino superior na Europa, com o objetivo de avaliar os laboratórios que seriam implantados na sua Faculdade de Medicina, que estava sendo reconstruída. “A presteza da viagem, imposta pelo meu precário estado de saúde não permitiu despedir-me pessoalmente dos collegas e amigos”, lamentava-se. 
Na segunda-feira, 11 de setembro de 1905, o Dr. Raymundo Nina Rodrigues, recebeu de Alfredo Britto um telegrama da cidade do Funchal, na Ilha da Madeira, transmitindo a infausta e dolorosíssima nova de haver falecido no dia 8 de setembro, D. Júlia de Almeida Couto Britto. Poucos dias depois de ter partido do porto do Recife, foi D. Júlia enfermada pelo sarampo, que a fez sucumbir em pleno oceano Atlântico. Por se achar o “Thames” ainda longe de qualquer porto, dois dias antes de chegar à Ilha de São Vicente, depois de preenchidas as formalidades legais e religiosas de bordo, pelo capitão H.E. Rudge, foi o cadáver da pranteada D. Júlia, na presença da comovida equipagem britânica e perante o desolado e extremoso Alfredo Britto, lançado nas águas escuras e profundas do oceano, onde encontrou a derradeira jazida. Tinha ela 36 anos de idade e deixou na orfandade 4 filhos menores: Alfredo Couto Britto, com 12 anos de idade, Julieta, com 11 anos, Álvaro, com 10 anos e Armando, com 6 anos. Era filha do lente e conselheiro Dr. José Luiz de Almeida Couto e irmã da esposa do Dr. Nina Rodrigues, D. Maria Couto Nina Rodrigues. 
 Da fatídica viagem, dolorosamente ferido no melhor, no mais alto e santo dos seus afetos, com o coração amargurado pela viuvez, retornou Alfredo Britto à Bahia, a bordo do paquete inglês “Danube”, no dia 29 de dezembro de 1905”. 

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Um ano depois, ocorreu o incêndio da Faculdade de Medicina, da qual ele era o Diretor...
“Os trabalhos de reconstrução da Faculdade de Medicina começaram no dia 3 de março de 1906, isto é, no dia seguinte ao incêndio,   graças ao dinamismo do diretor Alfredo Britto. Telegrafando ao ministro do Interior, José Joaquim Seabra, foi por ele liberado um crédito de 600:000$00 para a reconstrução da Faculdade, contando, para tanto, com o apoio do presidente da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves. O notável engenheiro Teodoro Sampaio coordenou os planos para as formidandas obras de reconstrução, seguindo os projetos do arquiteto Victor Dubugras, que contemplavam a Biblioteca, Medicina Legal, Morgue, Ciências Naturais, Pavilhão latrinas, Bacteriologia, Anatomia, Galerias, Anfiteatro, Histologia, Jardim, Higiene, Iluminação e Ventilação. 
Exonerado do cargo de diretor, em 4 de junho de 1908, Alfredo Britto não teve a dita de inaugurar sua fantástica obra de reconstrução, concluída e entregue em 31 de janeiro de 1909 pelo engenheiro João Navarro de Andrade, que havia substituído, nos últimos períodos dos trabalhos, o engenheiro Teodoro Sampaio”. 
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                                  APÊNDIICE IV
 UM PIONEIRO NA LUTRA POR UMA UNIVERSIDADE NA BAHIA
(Extraído de Estácio de Lima - Alfredo Britto. Sinópse Informativa. Universidade Federal da Bahia. Ano II, no II . Salvador, outubro, 1978).

É de todos sabido que desde o século XVI, os jesuítas batalharam no sentido de transformar seu Colégio, no Terreiro de Jesus, em uma Universidade. A luta continuou, sobretudo durante o Império e os primeiros anos da República, sempre no propósito de ser criada uma Universidade na terra-mater do Brasil. O que muitos ignoram é que Alfredo Thomé de Britto foi um desses batalhadores.
Estácio de Lima, em artigo publicado na revista “Sinópse Informativa”, órgão da Diretoria da Faculdade de Medicina da Bahia, edição de Outubro de 1978, torna público dois fatos pouco conhecidos dos estudiosos em aspectos históricos da medicina baiana.
O primeiro deles é que o nome do grande baiano “ao pé da letra, conferido pelos pais, era ALFREDO THIMÉ DE BRITTO. Quando ganhou autonomia, nas batalhas da vida, suprimiu o “Thomé” e a preposição “de”, quer nos documentos oficiais comuns, quer nos trabalhos científicos, sempre bem elaborados e que os publicava, de vez em quando, E se houvesse alcançado a nossa discutida reforma ortográfica ora vigente --- acrescenta Estácio de Lima -- , creio bem ele teria simplificado o próprio Britto”.
O segundo, de acordo com o mesmo autor, é sobre a preocupação de Alfredo Britto ver criada, na Bahia, uma Universidade. A propósito, afirma Estácio de Lima: “os dias e os meses se passavam e Alfredo Britto persistia no ensino e na pesquisa.
Muitos trabalhos escreveu e publicou, ascendendo o prestígio cultural que o levou à Diretoria de nossa Faculdade de Medicina, batendo-se pela criação de uma Universidade na Bahia, discutindo aquelas que o governo da República tencionava criar, simultaneamente, no Rio, São Paulo, Bahia, Recife e Belém.
As idéias de Alfredo Britto, foram, amplamente, posta em relevo e, em verdade, aceitas, mas, infelizmente, levadas a termo.
Não estávamos amadurecidos, no país, para a instalação de tantas Universidades, simultâneamente. As dificuldades econômicas se constituíram nos maiores entraves...”

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto. Alfredo Thomé de Brito é, também, patrono da cadeira n.º 2 da Academia Baiana de Educação. Respinga do texto o sentimento de ingratidão da Bahia a muitos dos seus mais ilustres filhos. Esta pesquisa é um resgate histórico necessário. Parabéns!

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